Carlos Alberto não chegou a ser notável, mas foi bom goleiro. Ele defendeu a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsínque, capital da Finlândia, e foi campeão carioca no Vasco, uma única vez, em 1956. Participou de 21 dos 22 jogos da campanha, em que o time, sob o comando do mineiro Martin Francisco, ganhou 16, empatou 4 e só perdeu 2, com 58 gols marcados e 17 sofridos.
Na campanha, o time-base tinha sete jogadores da seleção: o lateral-direito Paulinho e o atacante Pinga (1954); o lateral-esquerdo Coronel, o meio-campo Valter – morreu em desastre de carro na Espanha, onde brilhou no Valencia – e o ponta-direita Sabará (1956), e os primeiros campeões mundiais – Bellini, o grande capitão – e Vavá, o artilheiro – (1958).
Carlos Alberto, Paulinho e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Sabará, Livinho, Vavá, Valter e Pinga, o time-base que Martin Francisco montou, dentro do 2-3-5 da época, inspirando-se no técnico Ondino Viera, campeão carioca de 45 e autor da ideia para que a faixa diagonal fosse colocada na camisa do Vasco. Ondino era uruguaio, mas admirava muito o futebol argentino do River Plate.
Profissional com espírito amador, Carlos Alberto Martins Cavalheiro, carioca, morreu ontem aos 80. Fez carreira militar brilhante e chegou a Brigadeiro, honrando muito a Aeronáutica. Simples e educado, inteligente e correto, tinha o Vasco no coração. Era o homem de conciliação quando a política no clube esquentava. Para ele, não havia nomes nem grandes figuras. Só o Vasco, acima de tudo.
O tempo mais longo que convivi com Carlos Alberto, foi em 1978, na Copa do Mundo da Argentina. Ele era o diretor da seleção, a convite do também vascaíno notável, Almirante Heleno de Barros Nunes, outra grande amizade que o futebol me proporcionou. Carlos Alberto facilitava como poucos o trabalho da imprensa, que tinha no querido companheiro Dácio de Almeida, do Jornal do Brasil, seu representante na delegação como jornalista oficial.
Roberto Dinamite, artilheiro da seleção na Copa e hoje presidente -, sabe muito bem da importância do trabalho de Carlos Alberto naquela campanha. O Brasil não foi campeão, porque a Copa estava armada para a Argentina ganhar, como aconteceu, mas voltou invicto com três empates – Suécia (1 a 1), Espanha e Argentina (0 a 0) – e quatro vitórias – 1 a 0 na Áustria, gol de Roberto Dinamite; 3 a 0 no Peru; 3 a 1 na Polônia, dois gols de Roberto Dinamite, e 2 a 1 na Itália -, quando ganhamos o terceiro lugar.
Hoje, antes de Vasco x Ponte Preta, um minuto de silêncio em São Januário. Silêncio que precisa e deve ser bem respeitado. Como a memória de Carlos Alberto, o goleiro campeão carioca de 56, que nasceu e morreu amando o Vasco, merece.
Fonte: Blog do Deni Menezes