Pouco mais de dois meses após a juíza Ivone Ferreira Caetano acatar ação do Ministério Público do Rio de Janeiro contra o Vasco, um acordo entre as partes já é considerado. O órgão abre diálogo para a assinatura de um novo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e encerramento da questão judicial. Apesar de a reforma em São Januário ser avaliada como insuficiente para as categorias de base, o MP se mostra disposto a equacionar o problema junto ao clube. O departamento jurídico do Gigante da Colina, por sua vez, ainda não se movimentou sobre o caso.
Desde o ano passado, a promotora Clisanger Ferreira Gonçalves, da Promotoria da Infância e da Juventude, investiga o clube e o tratamento disponibilizado aos jovens da base. A situação se tornou insustentável com a morte de Wendel Junior Venâncio da Silva, de 14 anos, no centro de treinamento de Itaguaí, em 9 de fevereiro. A partir daí, a observação passou a ser ainda mais rigorosa em torno das instalações de São Januário e do CT em questão.
Inúmeras irregularidades foram encontradas e uma ação com 77 laudos foi protocolada pela promotora. As instalações de São Januário e Itaguaí chegaram a ser interditadas, porém, o Vasco conseguiu uma liminar em 10 de maio liberando a utilização. No último 13 de junho, o clube inaugurou o refeitório reformado para as categorias de base na Colina histórica. A iniciativa foi aprovada pelo Ministério Público. No entanto, os problemas com os alojamentos continuam, conforme explicou a promotora Clisanger ao UOL Esporte.
“Ainda não é o suficiente. O Vasco pede para transferir os meninos para Itaguaí e inaugura o refeitório. É difícil entender alguns planos do clube. É lógico que progredimos na alimentação, mas a condição física dos alojamentos segue inalterada. O banheiro dos jovens está interditado há algum tempo. Tomamos conhecimento de que o Vasco tinha 58 crianças e 15 foram embora. Foi instaurado o procedimento e 30% dos meninos não estão mais lá. O clube conseguiu a liminar para Itaguaí e continuamos sem considerar o local adequado para os adolescentes. É distante de tudo o que eles precisam”, afirmou.
Apesar de ainda permanecer irregular com o Ministério Público, o Vasco tem a possibilidade de assinar um novo TAC e dar fim à ação judicial movida pelo MP. No documento anterior, o clube omitiu a existência do CT de Itaguaí, mas até o momento não se manifestou. Enquanto isso, a ação está transcorrendo até o julgamento. Aníbal Rouxinol, vice-presidente jurídico do Vasco, está com a diretoria na Europa e não foi encontrado para comentar o assunto.
“O Ministério Público continua aguardando o interesse do Vasco em assinar um novo TAC e finalizar a ação. Mas até agora não demonstraram esse interesse. Caso, o termo seja assinado, a fiscalização será feita de outra forma e já vale como sentença. Precisamos ver que o Vasco está disposto a fazer as mudanças. Chegamos a suspender a assinatura em determinado momento, mas a possibilidade está aberta. É importante deixar claro que o Ministério Público não quer prejudicar o Vasco da Gama. Queremos melhorar as condições dos adolescentes com um novo termo de ajustamento de conduta, apenas isso”, encerrou a promotora.
Fonte: UOL