À medida que seu futebol cresce, o resto vai ficando pequeno para Dedé. Da casa de Volta Redonda, onde deixou a família e a namorada, ao quarto e sala alugado na Barra da Tijuca. Por força das circunstâncias, o zagueiro vai se adequando aos poucos para caber no sucesso profissional. E vê seu futuro se expandindo para fora do Brasil. O Vasco é preferência, sempre, até 2014 pelo menos. Mas as tentadoras propostas europeias podem ser irresistíveis para os dois lados, já admite.
Neste sábado, no entanto, São Januário tem o tamanho suficiente para aplicar sua técnica, considerada imprescindível pelos companheiros. A humildade o impede de concordar com isso, mas os atacantes do Cruzeiro, adversário das 18h30m, têm motivos para temer o melhor zagueiro das duas últimas edições do Brasileiro. Mesmo que Dedé ainda esteja recuperando a forma física após dois meses parado.
— Eles me conhecem, todo mundo se conhece no futebol. Mas atacante não respeita zagueiro não — contesta.
Fama e dinheiro não balançam o grandalhão de 1,93m. A estrutura familiar é sólida. Em três anos de Rio de Janeiro, o maior luxo foi a compra de um carro importado. Economizou para realizar o sonho de dar conforto à mãe e aos irmãos. A casa nova em Volta Redonda está em obras, quase pronta. Em breve, também deixará o pequeno apartamento de frente para a Praia da Barra para um maior em um condomínio no mesmo bairro. Independentemente do tamanho, o local servirá para poucas coisas. Como dormir à tarde após os treinos e curtir pagode ou hip hop.
— Sempre quis ter um carro legal e comprei um. Não sou de gastar com coisas caras. Comprei um apartamento, mas o que moro é bem aconchegante. É de frente pra praia, minha família vem para cá e aproveita — afirma Dedé cuja simplicidade se espalha por toda a família, como a irmã Mariana de 14 anos, que não tira onda por ter irmão famoso. — Ela não me pede nem dinheiro para comprar geladinho que custa 0,50 centavos.
Propostas do exterior
Mas os negócios do futebol muitas vezes são irrecusáveis, ainda que os altos valores especulados não lhe encham os olhos. Por isso, se mantém o desejo de ficar no Vasco por muitos anos e ficar perto da família e dos amigos, Dedé não se engana de que o momento de ir embora pode estar perto. O Vasco já recusou proposta do Manchester City recentemente e outras continuam chegando.
— Ficaria aqui o máximo de tempo possível para poder ficar perto da minha família — diz.
Tanto apego à família e aos amigos está gravado no corpo, que já leva quatro tatuagens como homenagens. Exceto a tribal exclusiva no braço esquerdo. Mais algumas estão a caminho, provavelmente na perna. Um lugar, no entanto, não receberá tão cedo qualquer marca: o peito está guardado aos filhos. Projeto bem para o futuro. Mesmo com o namoro firme de anos com Patricia. Com apenas 23 anos, vai na contramão da maioria dos jogadores que formam família cedo.
— Somos muito novos, é muito cedo até para falar em noivar — diz.
Antes do casamento e dos filhos, os sonhos profissionais tomam mais espaço na vida de Dedé. Hiperativo, como se define, o zagueiro não para nunca. Seleção brasileira, enfrentar os grandes craques mundiais e ser ídolo do Vasco. É, o zagueiro chamado de mito pela torcida não se sente como tal.
— Sempre disse que só me sentiria ídolo quando levantasse um troféu. Levantei e ainda não me sinto. Precisa de muito tempo, tem que se aposentar no clube. E hoje é difícil um jogador ficar tanto tempo — reconhece o zagueiro, que nunca enfrentou os principais atacantes do mundo. — Estou preparado para marcar os europeus. Seria melhor sendo pelo Vasco...
Na seleção, teve a primeira frustração ao saber que não irá às Olimpíadas. Porém, o caminho está aberto desde que subiu à mesa na concentração para o discurso de batismo dos novatos. Agora, espera as convocações de setembro:
— Ainda estou bem abaixo do meu nível. Para ter outra oportunidade, tenho que manter a conduta dentro e fora de campo.