Preparador, fisiologista e ex-jogador Júnior falam sobre forma de Juninho

Quarta-feira, 20/06/2012 - 07:48

Já são 270 minutos consecutivos sem sair de campo. Juninho vive, talvez, seu melhor momento fisicamente no Vasco, por ter tempo de se preparar de forma ainda mais adequada para os jogos. A "ajudinha" do calendário, que neste início de Brasileirão só prevê rodadas aos fins de semana – somada à eliminação do clube na Libertadores –, garantiu ao meia uma sequência com três gols e também a certeza de que, nesse ritmo, estender a carreira é o caminho natural.

O trabalho realizado com a comissão técnica é basicamente o mesmo desde que chegou, em junho do ano passado. Ainda assim, o Reizinho evoluiu, contradizendo o status de veterano para o futebol que sua carteira de identidade aponta. Regado a uma boa alimentação, descanso e atividades pessoais fora de São Januário, como massagens e tratamento com medicina ortomolecular, costuma ficar dois dias na semana sem treinar com bola para relaxar e fortalecer os músculos. O resultado é destacado com orgulho pelo preparador físico Vasco Rodrigo Poletto, que não se surpreende com a qualidade exibida aos 37 anos.

- Ele vem jogando assim desde sempre, na verdade. Temos o cuidado de não colocá-lo em uma sequência que envolva jogos com intervalos pequenos e viagens longas. A consciência do Juninho faz a diferença com relação à recuperação necessária para o trabalho diferente dele. Faz até mais do que as recomendações passadas aos atletas. Tem sido cada vez melhor, mais encaixada e integrada essa rotina. A individualização acontece também com Felipe e outros, já que cada idade, cada organismo pede exercícios físicos específicos - explicou.

Perto de concretizar a renovação de seu contrato com o Vasco, Juninho diz ainda sentir-se apto a jogar em alto nível. Quem acompanha o dia a dia do jogador em são Januário confirma e vai além. Seguindo a rotina de uma partida por semana – já que a equipe não disputará outra competição no segundo semestre que não o Brasileiro –, o Reizinho poderá igualar o feito de outros jogadores de meio-campo que disputaram títulos e fizeram a diferença mesmo na fase final de suas carreiras. Os exemplos mais marcantes são os de Júnior (campeão brasileiro pelo Flamengo aos 38 anos), Toninho Cerezo (campeão mundial pelo São Paulo aos 37) e Valdo (maestro da campanha da volta ao Botafogo à Série A aos 39 anos).

- Acredito que ele jogue por mais tempo. Os treinos modernos mudaram muito o futebol. O acompanhamento é mais profissional e completo. O atleta que se cuida tem a tendência de jogar mais. É o caminho daqueles que têm um alto nível, como o Juninho. Trabalhei com o Antônio Carlos (Zago, ex-zagueiro) aos 38 anos, no Juventude, jogando muito bem. Tanto que, depois, ainda foi para o Santos - destacou Rodrigo Poletto.

Júnior vê Juninho como exemplo

Como comentarista da Rede Globo, Júnior acompanha com assiduidade o desempenho de Juninho pelo Vasco. E mesmo como um exemplo de longevidade e qualidade, o ex-meio-campo do Flamengo se mostra entusiasmado com a capacidade de capitão cruz-maltino desempenhar um futebol de alto nível, que o credencia a estender ainda mais sua trajetória.

- Quando o jogador é disciplinado durante toda a carreira, colhe os frutos no fim dela. O Juninho é um grande exemplo para os mais novos que pretendem atuar até mais tarde, porque, diferentemente da maioria dos veteranos, participa do jogo o tempo inteiro - observou Júnior.

Sem jogos nas quartas-feiras, Juninho ganha dois treinos fortes na semana. Quando há partidas no meio da semana, o meia fica restrito a trabalho regenerativo, um treino físico específico e recreativos. De acordo com o fisiologista do Vasco Daniel Gonçalves, essa maior tranquilidade de treinamentos tem reflexo fundamental no desempenho do capitão.

- É perceptível e clara a diferença do Juninho quando há uma semana somente de treinamentos. Assim, ele consegue manter o nível de força e tem uma reposição hormonal ideal, processo que é mais lento quando o jogador tem mais idade - explicou.

Disputando Brasileiro e Copa Sul-Americana em 2011, Juninho atuou em 26 partidas e marcou cinco gols, o que representa média de 0,19. Na atual temporada, o meio-campo entrou em campo 24 vezes em jogos oficiais e marcou nove gols, média de 0,37. O dobro. No Campeonato Brasileiro são três gols (dois de falta) em quatro jogos.

Apelidado de Maestro, capitão e símbolo, mesmo como veterano, do Flamengo campeão brasileiro de 1992, Júnior acredita que Juninho tem tudo para fazer papel semelhante na luta do Vasco pelo quinto título nacional, em 2012.

- Com o Juninho em campo, o Vasco é outro. O jogo do time flui com mais facilidade. E ele ele faz isso sem querer ser o cara.

Fonte: GloboEsporte.com