A derrota do Brasil para a Argentina por 4 a 3, no dia 9 de junho, marcou a 25ª partida da Seleção Brasileira sob o comando de Mano Menezes. Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Londres e a pouco menos de dois anos para a Copa do Mundo, o técnico, com 50 anos completados dois dias depois do último amistoso, analisou o seu trabalho em entrevista exclusiva para o Esporte Espetacular, dizendo que o pior já passou.
- Fizemos essa primeira parte mais trabalhosa, que aparece menos e as pessoas entendem menos porque é assim mesmo. E agora as coisas começam a entrar mais nos eixos. Começamos a direcionar mais para essa última parte do trabalho que está se iniciando – disse.
Em relação aos seus antecessores no cargo, levando em conta o mesmo período dos 25 primeiros jogos, Mano Menezes tem um aproveitamento superior ao de Parreira, 66% contra 58%, mas perde para Dunga, que atingiu 76%. Também está atrás em relação aos gols marcados: 30, contra 53 da equipe treinada pelo capitão do tetra e 41 do comandante da Copa de 2006. No número de jogadores testados, usou mais atletas: 69, enquanto Dunga convocou 45, e Parreira, 52.
- Isso também tem a ver um pouco com os problemas do nosso calendário. Por exemplo, em determinados momentos, a gente teve que abrir mão da convocação de jogadores que certamente fariam parte em alguns jogos. E você tem que apresentar outros nomes – falou.
O número de derrotas é outro ponto negativo de Mano. Sob seu comando, a Seleção perdeu cinco das 25 partidas nesse período inicial de trabalho, enquanto Dunga só foi derrotado duas vezes, e Parreira, três. Outro fator contra o atual técnico é a falta de conquistas. Na Copa América, título alcançado tanto por Dunga quanto por Parreira, foi eliminado nas quartas pelo Paraguai, na disputa de pênaltis.
- Você não passa por esse período de renovação tão grande sem pagar um preço por isso. A oscilação ainda dentro do jogo é um pouco maior. O último com a Argentina pode provar isso na prática – disse Mano Menezes.
Na excursão que a Seleção fez à Alemanha e Estados Unidos, Mano contou com um time bem mais jovem, de olho nos Jogos Olímpicos de Londres. Em campo, o que se viu foi uma equipe com um perfil diferente, marcando e sofrendo mais gols. Fez dez e levou oito. O Brasil venceu Dinamarca e os americanos. Perdeu para México e Argentina.
- A Olimpíada pode dar o status necessário para aqueles jogadores que ainda não tem todo esse currículo no futebol internacional – definiu.
Neymar em alta e Ronaldinho Gaúcho em baixa
Neste time mais jovem, Neymar é o destaque, sendo apontado como o principal jogador do futebol brasileiro na atualidade. Para Mano Menezes, o craque vem ganhando maturidade com a amarelinha.
- Você não joga bem sempre, daquele jeito de pegar a bola, driblar dois ou três e resolver o jogo. Então, você passa a trabalhar mais para os seus companheiros. Você encontra alternativas. Você faz uma assistência bem feita, quase tão bonita como um gol. O que ele fez, por exemplo, no gol do Marcelo contra os Estados Unidos. E isso, a maturidade vai dando a cada jogador, assim como para o Neymar – disse.
Em fevereiro deste ano, Ronaldinho Gaúcho era o camisa 10 e o capitão da Seleção Brasileira. Mas, em junho, teve uma saída polêmica do Flamengo, entrando na Justiça contra o clube. Incluído na lista inicial para os Jogos de Londres, foi excluído no segundo corte, feito durante a excursão.
- É normal você falar de projetos que tenham final feliz e de projetos que não tenham finais tão felizes. Acho que seria uma burrice muito grande você ficar insistindo em algo que você está vendo que não está percorrendo o caminho que você imaginava quando traçou os planos de um planejamento – revelou o técnico da Seleção Brasileira.
Indiferença para as opiniões nas redes sociais
Desde que assumiu a Seleção, Mano teve que aprender a conviver com as críticas da imprensa e da torcida, principalmente na internet. Mas ele assegurou que essas tendências não influenciam suas decisões.
- Acho que as opiniões são muito volúveis nas redes sociais para serem parâmetro para um técnico da Seleção Brasileira – disparou.
Com relação aos colegas de profissão, Mano Menezes se queixou.
- Tradicionalmente, nós, técnicos brasileiros, de um modo geral, nunca fomos uma classe muito unida – afirmou.