Convivência com salários atrasados do elenco, dificuldade financeira para contratações, pressão, cobrança e vida social restringida a raríssimos momentos. Esta tem sido a rotina de Daniel Freitas nos últimos seis meses, desde quando assumiu o cargo de diretor de futebol do Vasco. Com a responsabilidade de ocupar a lacuna deixada por Rodrigo Caetano, hoje no Fluminense, ele garante que todo o estresse e as dificuldades valem à pena.
Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, o dirigente falou sobre os problemas salariais do clube, todos as barreiras com que tem de conviver e admite que o momento é difícil, mas garante que o período nebuloso vai passar:
– (O grupo) chegou bem perto do limite, mas nunca perdeu o foco. Realmente confio que vai melhorar. É isso que eu venho recebendo da diretoria e confio fielmente que vai melhorar.
Assumir este cargo mesmo com os problemas que o Vasco atravessa vale à pena?
Sim, certamente. Sempre desejei isso. Sabia que não seria fácil e que os desafios eram grandes. Talvez não na dimensão que estão acontecendo, mas me prepararei para um cenário de dificuldades, de estar sendo criticado. Até porque agora virei vidraça e sendo comparado com quem estava aqui no meu lugar (Rodrigo Caetano). Sabia que seria difícil, mas com certeza vale a pena.
Você sempre sonhou com o cargo, mas pela situação financeira delicada do clube não acha muito arriscado se lançar na carreira de gestor deste modo?
Para as oportunidades da vida você não escolhe o momento. Ela apareceu, me ofereceram e eu aceitei. Venho de origem humilde. Sempre ralei muito para conquistar meu espaço. Sabia que aqui seria assim. O importante é não se desesperar, contar com as pessoas próximas para te dar suporte. Estou tendo isso. Acho que essa chance, num momento tão difícil, lá na frente vai render frutos.
Não teme que esse momento crítico o “queime” por você, indiretamente, estar no mesmo barco?
Não tenho esse medo. Procuro sempre tentar fazer melhor do que no dia anterior. A situação adversa pôde mostrar que o Vasco, apesar das dificuldades, não saiu do trilho e continuou disputando as competições. Não tivemos um caso de indisciplina ou de problema com algum atleta. Acho que o trabalho pode ser analisado por esse ponto de vista. Hoje o Vasco começa o Campeonato Brasileiro como não começava há muitos anos, como um dos favoritos ao título.
Você se sentiu desprestigiado quando o Vasco contratou Franck Assunção para ser diretor-executivo do clube?
Não posso dizer que me senti desprestigiado, mas um pouco desconfortável. Mas naquele momento, as minhas funções operacionais iam ser mantidas, e foi nelas que eu me agarrei. Tinha que manter o meu foco e continuar fazendo o que fazia no dia a dia. Eu me concentrei naquilo para me manter na minha função.
Você está sempre tendo que dar satisfações ao grupo em nome da diretoria. Confia, sinceramente, que a situação financeira do Vasco vai melhorar?
Confio. Realmente confio que vai melhorar. É isso que eu venho recebendo da diretoria e confio fielmente que vai melhorar. Na verdade estamos muito próximos de ter essa virada e essa tranquilidade.
Até quarta o Vasco irá quitar os dois meses de salários atrasados?
Estamos acreditando muito nisso e confiantes de que teremos uma solução.
Com relação a Eder Luis, Fellipe Bastos e Renato Silva. Eles ficam?
Estamos muito esperançosos com um desfecho feliz para o Vasco, para estes jogadores e para a torcida.
Você está diante do maior desafio de sua carreira?
Sem sombra de dúvida este é o maior desafio da minha vida profissional. Até agora.
Os ‘pepinos’
Salários atrasados
Daniel vem tendo que lidar com a insatisfação do grupo por conta dos dois meses de salários atrasados, e direitos de imagem para alguns, além do não depósito de FGTS.
Contratos
O diretor vem tentando achar soluções para manter Eder Luis, Fellipe Bastos, Renato Silva, Juninho e Fagner, que estão com seus contratos se encerrando.
Contratações
Por conta da grave crise financeira do clube, Daniel Freitas suspendeu contratações de grande porte devido à inviabilidade de recursos. Ontem foi apresentado o desconhecido volante Abuda, que veio do Cruzeiro (RS).
Fonte: Lancenet