Com uma média de menos de 2 mil torcedores por partida em 2012, o Estadual do Rio de Janeiro pede mudanças. Inchado com 16 clubes, jogos em sua maioria deficitários, horários loucos e ingressos caros, e cada vez menos valorizado pelos clubes grandes, o que é considerado o campeonato mais charmoso do Brasil agoniza. Pouco mais de 26 mil torcedores compareceram ao Engenhão na final entre Fluminense e Botafogo.
O Terra conversou com o presidente da Federação do Rio, Rubens Lopes, antes da festa de premiação do campeonato. Rubinho admitiu que a entidade está fazendo um estudo para tentar melhorar algumas coisas na competição. Mas, em princípio, não admite mexer no número de clubes participantes e diz, claramente, que não está preocupado com a quantidade de público que vai ao estádio.
Para Rubens Lopes, o Estadual tem público sim, mas este está em casa, vendo o campeonato pela TV. E é a TV quem pode dar as cartas nas mudanças. No vídeo exibido durante a festa, uma entrevista em que participaram Rubens Lopes e o diretor executivo da Rede Globo, Marcelo de Campos Pinto, foi este quem anunciou as possibilidades de mudança.
Marcelo de Campos Pinto disse que o calendário vai ficar apertado para os clubes em 2013 e 2014 pelas paradas para Copa das Confederações e Copa do Mundo e que os Estaduais vão precisar se adequar. Rubens Lopes ouviu com atenção e depois até admitiu que a redução do número de clubes será inevitável.
Se a TV determinar, é claro.
Terra – Qual a sua avaliação do campeonato de 2012?
Rubens Lopes - Acho que foi um bom campeonato. O grande ponto destoante foi a ausência de público nos jogos do interior. Precisamos estudar quais foram os motivos que levaram o público a não comparecer nos estádios. Existem uma série de fatores, e vamos trabalhar para corrigi-los. Mas é preciso desmistificar o fato que alguns dizem que o campeonato não tem público. Pelo contrário, o público não está no estádio, está na televisão. O Ibope apresenta um resultado de que mais de 12 milhões de pessoas viram o Campeonato Carioca. O público existe. Se ele não vai ao estádio é porque existem outros fatores.
Terra – Que fatores seriam esses?
Rubens Lopes - Não te digo o principal. Encomendamos uma pesquisa e estamos estudando qual é o principal problema. Eu diria que, pessoalmente, acho que alguns horários não são adequados. O preço do ingresso, na minha concepção, é caro para jogos quarta e domingo, o que acaba saindo caro.
Terra – A quantidade de clubes também seria um problema?
Rubens Lopes - A quantidade de clubes é irrelevante. Só se fala nisso. Quando o campeonato Brasileiro tinha 40 clubes a bilheteria era maior do que quando passou a ter 20. Você há de convir que jogar às 22h em um lugar de difícil acesso, com ingresso caro e quando um clube manda o time reserva e não o principal, isso não tem nada a ver com quantidade de clubes
Terra – E a fórmula da competição?
Rubens Lopes - Acho que a fórmula está consagrada. Não há porque mudar uma formula que está consagrada e copiada pelo Brasil inteiro. Só esse ano tivemos oito decisões (contando-se os “torneios de consolação”). Uma coisa vocês podem ter certeza: nós não somos impermeáveis às mudanças. Elas devem acontecer, senão estaríamos estagnados. Mas essas mudanças precisam ser feitar com critérios e aumentar a propabilidade de não dar certo.
Fonte: Terra