Levar os filhos para brincar na quadra de São Januário era o lazer favorito do vascaíno Jorge Loureiro, há 28 anos. Mal sabia ele que as tardes no Caldeirão seriam mais do que uma simples diversão para seu filho mais novo.
Felipe Loureiro, mais conhecido como maestro, encarou o futsal com seriedade, despontou nas quadras e posteriormente no campo. Atualmente ele é o jogador mais vitorioso da história do clube (sete títulos) e no jogo diante do Corinthians, pela Libertadores, atingiu a marca expressiva de 350 jogos com a camisa do Vasco.
- Comecei na categoria fraldinha e todas as crianças tinham o sonho de chegar ao profissional. Sou muito feliz porque cheguei e completei uma marca importante. Quando paro para pensar, vem um filme na minha cabeça da minha infância. É saboroso reviver esse momento e só tenho a agradecer ao futsal e ao meu pai. Foi na quadra que dei meus primeiros passos, ganhei muita disciplina e técnica apurada. Sou um jogador privilegiado por ter sido criado no Vasco – disse Felipe com exclusividade ao site oficial.
Dono de passes refinados, o maestro considera sua marca de 350 jogos como muito difícil de ser atingida, mas já planeja números maiores.
- Chegar nos 350 jogos em uma única equipe é muito complicado para qualquer jogador. Os atletas começam a se destacarem e logo surgem muitas oportunidades. Fico feliz por ter atingido essa marca e quero mais. Quero chegar nos 500 jogos – frisou.
Quem também é só felicidade pela marca de 350 jogos é o cruz-maltino Jorge. O pai coruja parabenizou seu filho, que quando criança chegou a pensar em desistir de jogar.
- Felipe viveu dias difíceis nas divisões de base porque os treinos aconteciam em Magé e Guapimirim. Ele saia cedo de casa, passava o dia na rua e era difícil até para estudar. Ele queria largar o futebol, mas falei que ele iria vencer. Meu filho venceu e está de parabéns. Não e fácil atingir uma marca de 350 jogos. Sou o pai mais feliz do mundo – garante Jorge.
Admiração pelo futebol de Pedrinho e escolha da lateral
Em entrevista ao programa 61 da VascoTV, Felipe se resumiu como apenas mais um em sua passagem pelo futsal vascaíno. Para o jogador, o grande nome das quadras e das divisões de base era o meia Pedrinho, seu melhor amigo.
- Eu jogava bem, mas o destaque sempre foi o Pedrinho. Ele era menor que todos os outros jogadores, mas sua habilidade e rapidez era incrível. Pedrinho resolvia até nos jogos mais difíceis. Comecei a brilhar na quadra a partir dos 15 anos porque o Pedrinho saiu do futsal e ficou só no campo. Só assim que consegui aparecer – brincou o camisa 6.
Atualmente no meio de campo, mas também deu muitas alegrias aos vascaínos como lateral, posição que iniciou para suprir carência.
- Com 12 anos fui convidado para jogar uma competição no Japão. Na hora da formação do time, o treinador me colocou na lateral porque não tinha ninguém. Acabei ficando na esquerda e me formei como profissional nesta posição – recorda.
Coleção de camisas do pai mais orgulhoso do mundo
Fã número 1 de Felipe, Jorge Loureiro sempre recebe as primeiras camisas do filho e as guarda com muito carinho em sua casa. São mais de 100 peças, desde as divisões de base até o elenco profissional do Vasco e de outros clubes. Mas teve uma camisa que ele abriu mão de colocar na coleção.
- Quando ele esteve no Flamengo foi muito triste para mim. Tive que entender porque ele é profissional e foi bem acolhido. No entanto, não acompanhei futebol naquele momento. Não quis e não tenho essa camisa guardada. Aqui no Rio de Janeiro só quero camisa do Vasco – revelou Jorge.
Lembranças do futebol e paixão pelo Vasco
Campeonatos Brasileiros de 1997 e 2000, Carioca e Libertadores em 98, Torneio Rio São Paulo em 1999, Mercosul de 2000 e Copa do Brasil de 2011. Apesar dos sete títulos que o tornam o jogador mais vitorioso da história do Vasco, um dos jogos mais marcantes de Felipe é a final do Mundial para o Real Madrid de 1998. Na ocasião, o Gigante da Colina perdeu por 2 a 1.
- Futebol de vem em quando é injusto. Da mesma maneira que o Bayern perdeu para o Chelsea, o Vasco perdeu para o Real Madrid. Naquela final do Vasco consegui fazer uma bela jogada que acabou não se concretizando em gol. Gostaria muito de ter dado esse título para o Vasco e ter ficado com aquele carro Toyota, que com certeza seria meu – lamentou o vascaíno fazendo juras de amor ao clube:
- O Vasco representa muito para mim. Aqui é minha vida, minha segunda casa, conheço do porteiro ao presidente e estou aqui na alegria e na tristeza – finalizou um emocionado Felipe.
Felipe levanta a taça no futsal | Felipe abraça Adamor Ribeiro, de 66 anos, seu primeiro treinador no futsal |
Pedrinho fez a entrega da camisa no retorno de Felipe | Pai do Felipe |