Do zero. Ou quase. A Seleção Brasileira enfrenta neste sábado, a partir das 10h30 (de Brasília), a Dinamarca em um amistoso em Hamburgo, na Alemanha, no que seria a fase final de preparação para os Jogos Olímpicos e em uma partida de alto risco para todos. Mas, ao contrário de tudo o que Mano Menezes planejava, terá de colocar em campo uma formação inédita, mais uma vez. Pressionado e com seu cargo ameaçado, o próprio técnico responde à pressão da nova direção da CBF culpando a incapacidade de implementar seu plano. Pior, tendo treinado uma só vez nesta sexta-feira por pouco mais de 30 minutos.
"Como é que vai mostrar evolução de seleção se tem alteração em todos os setores do campo e com novos jogadores que vão jogar pela primeira vez?", questionou Mano Menezes. "Lógico que vai apresentar dificuldades", disse, admitindo que será um "jogo de risco".
A partida deste sábado terá oito jogadores em campo com idade olímpica e é a primeira de uma sequência que vai ainda incluir México e Estados Unidos, diante de suas torcidas, e a Argentina, com Lionel Messi. Todos admitem: o momento é de definição, inclusive de Mano Menezes. Há quem estipule na seleção que ele terá o "direito" de perder um dos quatro jogos. Qualquer outro resultado representará uma ameaça à sua permanência. "Não se vem para a seleção não pensando que não seremos cobrados", disse.
Mano Menezes, porém, pede que a avaliação dos quatro jogos seja feita não ao final da sequência. Mas sim a partir do desempenho da seleção nos Jogos Olímpicos. "Vai se notar como bom ou ruim (essa evolução) nas Olimpíadas", indicou.
A Seleção Brasileira vem de uma sequência de seis jogos de invencibilidade. Mas evitou adversários mais fortes. Agora, enfrenta quatro potenciais problemas. "Os jogos abrem uma possibilidade de um risco maior, mas justamente para ganhar algo maior, que é a medalha de ouro", indicou. Mas ele mesmo admite: "não acho que todos vão ter essa compreensão".
Nos últimos dias, o novo presidente da CBF, José Maria Marin, tem dito que a avaliação da comissão técnica dependerá de resultados, em insinuações de que não há como ficar mais tempo esperando. Marin é claro: seu objetivo é ganhar a Copa do Mundo de 2014 e não apenas organizá-la. "Essas questões de resultado, disso ou daquilo, o que vem sendo dito, não muda nada minha linha. Não vai me deixar mais ou menos tranquilo desde que eu assumi", disse Mano Menezes. "A série boa de vitória é sinal de que estamos no caminho. Não estamos satisfeitos. Mas estamos conscientes do que precisa ser feito", afirmou.
CORTES
O obstáculo é que Mano Menezes terá de colocar em campo mais uma vez uma seleção que jamais jogou junta. O zagueiro David Luiz não tem condições de atuar em nenhum dos jogos por conta de sua contusão. Mas será mantido no grupo, já pensando em sua preparação para Londres. Alexandre Pato não joga neste sábado, também por ainda estar sentindo dores.
Vários jogadores voltam de longas recuperações, outros estão esgotados pelo final dos campeonatos europeus, pela viagem do Brasil e dos jogos decisivos na Libertadores. Paulo Henrique Ganso foi cortado, assim como o lateral-direito Daniel Alves. Neymar foi poupado por conta do jogo dos Santos neste meio de semana e Ronaldinho Gaúcho foi vetado por Marin.
Na zaga, Mano Menezes será obrigado a estrear Juan, que está na reserva da Internazionale e com pouco ritmo de jogo. A seu lado, Thiago Siva, que ainda se recupera. Na lateral direita, o também novato Danilo. A vaga de Paulo Henrique Ganso fica com Oscar. Sem Neymar e nem Alexandre Pato, o ataque vai de Lucas, Hulk e Leandro Damião. "Tivemos mudanças em todas as áreas", admitiu Mano Menezes. Para proteger os novatos na zaga e o Oscar no meio, o técnico escalou dois volantes: Sandro e Romulo.
Se não bastassem os problemas, Mano Menezes teve pouco mais de 30 minutos com os jogadores treinando com bola. Lucas chegou a Hamburgo depois de uma viagem de mais de 20 horas e quase foi direto ao treino. O técnico admite: terá mais de conversar que treinar. "Os jogadores estão cansados. Não sei como será o treino", questionou Oscar.
Já a Dinamarca, apesar de teoricamente ser a equipe com menor tradição entre as quatro, vem de ótimos resultados, de uma classificação em primeiro lugar no seu grupo para a Eurocopa e entra em campo com força total no último amistoso antes do torneio europeu. "Eles vem com força máxima, ambiente contrário e entrosamento bom", admitiu Mano Menezes.
A grande aposta para a Eurocopa é o Christian Eriksen, meia do Ajax, de apenas 20 anos, e já na mira de Manchester United e Barcelona. Assim como Neymar, Eriksen tem contrato com seu time até 2014 e diz não ter pressa em passar a um time grande. "Sinto-me em casa e tenho muito a aprender", disse, em um discurso muito parecido ao de Neymar. Para completar, joga "em casa". Hamburgo fica a poucos quilômetros da fronteira da Alemanha com a Dinamarca e caravanas de 35 mil torcedores invadirão a cidade neste sábado.
Diante de todas as adversidades, a esperança é de que o entrosamento em campo venha do fato de que muitos dos jogadores atuaram juntos e foram campeões pela seleção sub-20. Oito tem idade olímpica. "Já conheço quase todos. Sabe o que querem fora e dentro de campo", disse Lucas. Leandro Damião também deixou claro a sua esperança, ainda que para isso será necessário um plano. "Espero voltar a ser a seleção que todos respeitavam e que era a primeira do ranking".
FICHA TÉCNICA
BRASIL X DINAMARCA
BRASIL
Jefferson; Danilo, Thiago Silva, Juan e Marcelo; Sandro, Rômulo, Oscar e Lucas; Hulk e Leandro Damião. Técnico: Mano Menezes.
DINAMARCA
Sorensen; Wass, Kjaer, Agger e Simon Poulsen; Christian Poulsen, Zimling e Eriksen; Schöne, Bendtner e Kahlenberg. Técnico: Morten Olsen.
ÁRBITRO - Felix Brych (Fifa/Alemanha).
HORÁRIO - 10h30 (de Brasília).
LOCAL - Imtech Arena, em Hamburgo (Alemanha).
Fonte: Superesportes
Nota da NETVASCO: TV Globo e Sportv transmitem ao vivo.