Com a pontaria em dia, já sem a ferrugem que corroía pelo longo tempo sem balançar a rede, Nilton prepara seu canhão para o confronto desta noite, no Pacaembu, justamente onde disparou pela primeira vez. Quase quatro anos após explodir pelo Corinthians, agora, é o próprio clube paulista que está mira...
Tudo começou em 2007, durante o Brasileirão. Nilton, recém-promovido da base corintiana, acertou um canhão no ângulo do goleiro santista Fábio Costa, que não tinha conhecimento de tal arma. Nem mesmo a torcida do Timão conhecia. Com a palavra, José Augusto, então técnico do volante.
– Eu já conhecia o canhão do Nilton desde a base. Quando assumi o profissional, o coloquei em campo e mandei ele arriscar o chute na falta. Todos ficaram surpresos – disse José Augusto, técnico de Nilton no Corinthians desde o juvenil.
Pelo Vasco, assim que chegou, em 2009, Nilton fez valer a fama de canhão. Mas, antes de voltar a acertar o chutaço contra o Lanús (ARG) recentemente, pelas oitavas de final, o volante sofria com a falta de pontaria. Não balançava a rede há mais de um ano, mas resolveu passar uma “graxa” na arma justamente às vésperas de enfrentar o clube que o criou.
– Estava enferrujado, tive de colocar um pouco de graxa (risos). Estava sentindo falta, até brincava com os companheiros. O chute de fora da área sempre foi minha principal arma. Agora, se for para acontecer contra o Corinthians também, o canhão está pronto. Tenho carinho pelo clube, mas quero dar alegrias aos torcedores cruz-maltinos – ressaltou o volante Nilton.
De promessa do Timão em 2007 a guerreiro do meio de campo vascaíno. Os anos se passaram. Algumas coisas mudaram. Menos a potência do chute. A se esperar pelo reencontro desta noite.
Nilton lembra: 'Foi um gol que abriu caminhos para mim'
Para Nilton, aquele gol marcado em 2007, contra o Santos, foi fundamental para o início de carreira dele. Por isso, não deixa de agradecer ao ex-técnico José Augusto, que o incentivou a cobrar aquela falta.
– O José Augusto sempre foi um cara muito parceiro. Ele me ajudou muito quando comecei a jogar no time principal do Corinthians e na base, me dando oportunidades. Aquele gol contra o Santos abriu caminhos para mim. Ninguém esperava, eu tinha acabado de sair da base – lembrou o camisa 19.
Como agradecimento pela aposta, Nilton, após o gol, fez questão de ir até o banco de reservas para dar um abraço em José Augusto.
Pelo que viveu de Corinthians, o volante sabe que jogar com um Pacaembu lotado não é nada fácil. Mas lembra que existe uma grande pressão pela conquista da Copa Libertadores, competição que o clube paulista nunca venceu. Esse fator pode ser bem aproveitado pelo Vasco.
– Posso dizer que, pelo tempo que passei lá, vi que essa questão de não ter Libertadores pode ajudar um pouco o Vasco. Eles têm uma pressão tremenda por esse título de Libertadores. Por isso, acho que sempre estão dando prioridade. Vai ser uma guerra, dois times de alta qualidade. Não podemos dar moleza – disse.
COM A PALAVRA
José Augusto (Treinou Nilton durante anos. Hoje é coordenador da base do Timão)
Nilton chegou ao Corinthians aos 16 anos. Logo mostrou que sua grande característica era o chute de longe. Fez muitos gols na base. Sempre foi muito bom pelo alto também. Era mais alto e mais forte do que os garotos da idade dele.
Quando acabei assumindo o profissional, puxei alguns meninos que trabalharam comigo, como o Nilton. No jogo contra o Santos, em 2007, saiu uma falta. Everton Santos, se não em engano, pegou a bola, mas gritei para ele deixar para o Nilton. Soltou a bomba e fez um golaço. Fiquei muito feliz. Eu sempre dizia para ele ter confiança. Vencemos por 2 a 1.
Sempre foi como um filho. Como os familiares dele moravam longe, ele desabafava comigo. Já choramos juntos várias vezes no ônibus. Espero que contra o Corinthians o canhão dele passe raspando. É preciso tomar cuidado, pois o chute dele é muito forte.