Na Rússia e no Brasil, Alex e Rodolfo são adversários desde 2009. Nesta quarta-feira, eles estarão novamente em lados opostos no duelo entre Corinthians e Vasco, pelas quartas de final da Libertadores. Mas seja em Moscou, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, a rivalidade está somente fora de campo. O meia do Timão ou o zagueiro cruz-maltino deixará o Pacaembu com o sorriso no rosto. Mas, por enquanto, a certeza é de que a amizade construída no meio da neve resiste e rende histórias.
Alex e Rodolfo moravam no mesmo condomínio em Moscou. Por isso, logo se aproximaram, e a amizade se estendeu às suas esposas e filhos. No campo, o zagueiro defendia o Lokomotiv Moscou e o meia vestia a camisa 12 do Spartak Moscou. Mas fora dele, coube a Rodolfo o papel de professor do amigo.
- Como cheguei à Ucrânia em 2004, já sabia falar russo fluentemente. Por isso, disse ao Alex que era fundamental que ele aprendesse a língua o quanto antes se quisesse se adaptar à Rússia e à cultural local. Assim, recomendei que ele decorasse três palavras por dia e logo ele conseguiria formar frases - lembrou o zagueiro.
Motorista era a diversão de Алекс e Родолфо em Moscou
No dia a dia, Rodolfo procurava apresentar a Alex algumas das palavras básicas do russo. Algumas das primeiras foram Привет (olá) e Pорошо (bom). O meia corintiano seguiu as orientações do amigo e se firmou no Spartak, o qual defendeu em duas temporadas. O jogador não esquece a importância do zagueiro em sua carreira.
- Rodolfo foi um porto seguro para nós brasileiros que chegamos depois dele na Rússia. Ele me ajudou demais. Se eu precisava de alguma coisa para minha casa, uma indicação de um médico, era sempre com ele. Quando íamos a um restaurante, era ele quem pedia as coisas. Criamos uma amizade enorme. Sempre serei grato por tudo o que o Rodolfo fez por mim e pela minha família na Rússia - disse.
Nos restaurantes, aliás, Alex e Rodolfo não deixavam de notar olhares estranhos de alguns torcedores. Afinal, estavam juntos dois jogadores de dois times rivais de Moscou. O zagueiro admite que percebia o mal-estar em alguns momentos, mas garante que nunca houve qualquer tipo de repreensão.
- Percebíamos que as pessoas estranhavam. Mas nunca houve qualquer tipo de hostilidade - recordou.
Em dois anos vivendo em Moscou, Alex confessa que aprendeu apenas a escrever seu nome em russo: Алекс. O meia dava autógrafos no idioma local e conseguia se expressar bem na língua russa. Entretanto, nem tudo era facilidade. Sergey, seu motorista, era um capítulo à parte, que virou uma fonte de risadas para Rodolfo, que na Rússia é Родолфо.
- O motorista era aquele típico russo mesmo. Não sabia uma palavra em português, em inglês e nem fazia questão nenhuma de saber mesmo. Quando eu precisava falar com ele, era o Rodolfo quem ajudava. Então, eles tinham a relação deles lá. Rodolfo brinca com ele mas acho que os dois se entendiam bem (risos).
- Eu morria de rir vendo o Alex e o motorista tentando se entender - diverte-se Rodolfo.
Apesar da amizade construída nos dois anos em que conviveram na Rússia, Alex e Rodolfo se acostumaram à rivalidade quando o assunto é trabalho. Por isso, garantem lidar com a situação de forma tranquila, sem deixar a relação pessoal entrar em campo e nem o fato de defenderem clubes opostos prevalecer no dia a dia.