Após assumir o cargo “no susto” e comandar o time do Vasco durante todo o segundo turno do Brasileiro do ano passado , o técnico Cristovão Borges terá, neste domingo, a oportunidade de iniciar a competição e buscar a missão de levar o penta para São Januário. E quis o destino que esse novo desafio na carreira fosse justamente contra o Grêmio, clube no qual viveu um de seus melhores dias como jogador, chegando, inclusive, a ser considerado a estrela do time logo após a transferência, em 1987.
O curioso é que a vida como treinador em São Januário se assemelha ao começo como jogador no Tricolor. Apesar de chegar ao Olímpico com status de quem atuou pela Seleção, também teve de batalhar para conquistar a torcida.
– Aquela época foi muito boa. Estava chegando do Corinthians depois de fazer uma grande temporada. Sempre joguei como volante, mas no Grêmio, por ser um estilo diferente, mais agressivo, sempre com a ligação direta para os atacantes, acabei perdendo um pouco de espaço no primeiro ano. Tanto que fui um criticado pela torcida.
Porém, assim como no Vasco, na temporada seguinte teve a oportunidade de mostrar seu trabalho e acabou fazendo parte de um time vitorioso – algo que também espera repetir para conquistar seu primeiro título à frente do “Trem-Bala“:
– Chegou o Otacílio Neto para 88, e ele já tinha sido meu treinador. Sabia do meu potencial e me bancou. Falou que com ele eu iria jogar bem e foi isso que aconteceu. Tive uma grande temporada em 88 – lembra.
Neste domingo, Cristovão terá á sua frente a equipe que, talvez, o tenha ensinado a conviver com as críticas. Mas espera sair da Colina debaixo de festas e aplausos.
Time inovador e experiências como treinador
Ao recordar dos tempo de Grêmio, Cristovão ressalta que aquela equipe – que conquistou o tricampeonato gaúcho em 1987, 1988 e 1989 – jogava de uma forma diferente dos outros times do Brasil.
– Aquele time era especial. Jogávamos de uma forma diferente para a época. Tínhamos um meio de campo com jogadores de qualidade técnica muito boa: eu, Cuca e Bonamigo. Jogávamos com um meio de campo sem volante. Algo inovador para aquela época – exalta o treinador vascaíno.
O comandante garante que procura colocar em prática, agora como técnico, o que aprendeu no Grêmio quando o assunto é esquema e formação tática. Ele lembra que já tentou colocar a equipe cruz-maltina com mais toque de bola e apenas um volante.
Com a palavra
Cuca - Técnico do Atlético-MG e que jogou com Cristovão Borges no Grêmio
Tínhamos um grande entrosamento
"Era um time muito bom aquele do Grêmio. Foi uma época muito boa. Falta o Bonamigo aí (completando informação citada pelo repórter). Ele corria lá atrás para marcar para nós. O Bonamigo ficava aqui (apontando para um setor mais recuado do meio de campo) e jogava o Cristovão e eu no meio. Tínhamos o Valdo, o Paulo Egídio ou Jorge Veras. Então, como jogamos quatro anos juntos, já nos conhecíamos dentro de campo e sabíamos como a bola viria. Se fosse com o Paulo seria assim, com o Jorge era de outro jeito... Tínhamos um grande entrosamento em campo. O tempo fez com que o time ficasse tão bom."
Fonte: Lancenet