A bola vai rolar! E para rolar bem, é preciso que o gramado esteja um verdadeiro tapete. A maioria dos 19 estádios que têm jogos marcados para o Brasileirão 2012, que começa neste sábado, está em boas condições para receber os 380 jogos da competição. Mas a maratona, as competições paralelas e as intempéries das mudanças de clima podem e devem influenciar no comportamentos dos principais pisos do futebol brasileiro.
Se existe um palco considerado principal nesta disputa, este é o do Estádio Olímpico João Havelange, popularmente conhecido como Engenhão, no Rio de Janeiro. Das partidas da Série A, 60 estão marcadas para o local, mas 58 devem ser realizadas lá, já que na penúltima e última rodadas, todos os jogos devem ser simultâneos. Tudo isso pelo fato de, além dos clássicos cariocas, Botafogo, Flamengo e Fluminense mandarem todos os seus jogos lá – fato rotineiro desde o fechamento do Maracanã para as obras da Copa do Mundo de 2014. São sete partidas a mais do que no Brasileirão do ano passado.
Engenhão: um jogo a cada três dias e meio
O uso do Engenhão será tão constante no Brasileirão que a cada seis jogos, um será lá (cerca de 15,2% da tabela). Se levarmos em conta o período em que a competição é disputada, a bola vai rolar por 90 minutos em Engenho de Dentro a cada três dias e meio. Isso sem levar em conta as campanhas do Flu na Libertadores e do Botafogo na Copa Sul-Americana, no segundo semestre.
A maratona de jogos já seria suficientemente preocupante em relação ao estado do gramado para o Brasileiro. Porém, este não é o único fator. O Engenhão – que já teve 35 partidas realizadas este ano – ainda corre sempre o risco de contar com outras programações no local. Este ano, o estádio já recebeu um festival de música e um show do ex-Pink Floyd Roger Waters. Mas por enquanto, nenhum outro megashow está programado para 2012.
Há opções para dar folgas ao Engenhão no Brasileiro. Estarão à disposição o Raulino de Oliveira (em Volta Redonda) e o Cláudio Moacyr (em Macaé). O primeiro teve o gramado trocado no fim do ano passado e está em melhores condições que o segundo, que apresentou desgaste na reta final do Carioca, sofreu prejuízo por causa de uma praga e ainda vai receber os jogos do Macaé na Série C. O estádio do Vasco, São Januário, que na última quarta sofreu com a drenagem devido a forte chuva durante o empate sem gols com o Corinthians, pela Libertadores, também é uma alternativa.
Independência reformado: mineiros em casa
Com 27 jogos a menos que o Engenhão, vem o Pacaembu, em São Paulo. Mas se o Cruzeiro confirmar a troca dos 16 duelos marcados para a Arena do Jacaré (Sete Lagoas) pelo reformadíssimo Independência, a novidade mineira da temporada poderá receber até 36 jogos da Série A, o que somados aos 19 do América-MG na Segundona, faria o estádio chegar perto do Engenhão em número de partidas programadas para o restante do ano, mais uma consequência das obras para a Copa - o Mineirão está fechado desde junho de 2010. O trato deve acontecer em breve.
O fato de o clube celeste ainda não ter entrado em acordo para mandar os jogos no local gerou farpas por parte dos atleticanos, que desde as obras do Mineirão, não se sentiam tão em casa.
- O Atlético-MG é hoje um time com casa. Eu quis compartilhar o Independência com o Cruzeiro, mas todos os outros membros da diretoria bateram o pé e não aceitaram – disse o presidente do Galo, Alexandre Kalil, pouco depois do acordo para usar o estádio.
Iluminação, vestiários e gramado foram aprovados por quem já teve a oportunidade de jogar no reformado estádio. O único problema que ainda existe, mas que o consórcio Arena Independência promete resolver, é a questão de visibilidade de seis mil cadeiras, localizadas em pontos cegos.
Gramados pernambucanos em recuperação
Há outra novidade este ano: a volta dos estádios pernambucanos Aflitos e Ilha do Retiro, palcos de Náutico e Sport, respectivamente, que subiram no ano passado. Os dois gramados têm problemas, o que pode dificultar a vida dos clubes visitantes. No estádio alvirrubro, o piso é considerado alto, pesado e irregular. O Timbu alega que está investindo para melhorar.
- Estamos fazendo alguns ajustes para tirar as irregularidades. Então, acredito que receberemos bem os clubes que vamos enfrentar. O nosso vestiário foi reformulado, e vamos oferecer boas condições para nossos adversários – disse o técnico Alexandre Gallo, sobre os Aflitos.
A arena rubro-negra teve todo o gramado trocado, mas a queixa ainda é a quantidade de areia no piso. No ano passado, chegou-se a pintar a grama de verde para melhorar o aspecto. Para esta temporada, o Sport alega ter investido cerca de R$ 300 mil, o que facilitou o toque de bola, embora ainda haja reclamação por parte de quem joga na Ilha.
- É um gramado duro, está em tratamento. Posso classificar como razoável. Marcelinho Paraíba disse que a bola desliza, mas isso acontece com qualquer grama molhada – analisa o goleiro Magrão, do Sport.
Outro estádio que volta ao cenário da Série A é o Moisés Lucarelli, o "Majestoso", em Campinas. Em situações normais, o palco da Ponte Preta apresenta boas condições de jogo, sem buracos. O cenário, no entanto, muda quando chove. Recentemente, o jogo da Macaca contra São Paulo, pela Copa do Brasil, precisou ser adiado por conta de um temporal.
Morumbi: a 'Madonna' dos boleiros
Se o Engenhão é o campeão em número de jogos, o Morumbi foi eleito o melhor para se atuar pelos jogadores das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, em pesquisa feita pelo GLOBOESPORTE.COM em parceria com a revista "Monet". O gramado do estádio do São Paulo é elogiado, mas também costuma sofrer com os frequentes megashows realizados lá. Este ano, por enquanto, só está marcada a apresentação da popstar Madonna para dezembro, depois da última rodada. Pacaembu (Corinthians), Vila Belmiro (Santos), Canindé (Portuguesa) e Arena Barueri (onde o Palmeiras mandará seis jogos) têm mantidos seus pisos em bom níveis de qualidade.
Outro gramado que recebe elogios dos boleiros é o de Pituaçu, palco do Bahia desde 2009. Em 2010, foi eleito pela CBF o melhor da Série B.
- O gramado é excelente. Quando o estádio está lotado, nós nos sentimos cada vez mais incentivados por nossa torcida. Amigos meus de outros clubes sempre elogiam - diz o atacante Lulinha, do Tricolor baiano.
Os estádios da Região Sul continuam mantendo a fama de bons. Os gaúchos Beira-Rio (Inter) e Olímpico (Grêmio) costumam sofrer mais um pouco no inverno, quando é possível perceber grama queimada e pequenas falhas. O mesmo em relação ao catarinense Orlando Scarpelli (Figueirense).
O meia do Coritiba Everton Ribeiro elogia o gramado do Couto Pereira, segundo ele, um dos mais bonitos do Brasil.
- Quando cheguei aqui, gostei da dimensão do campo, tem um gramado muito bom. Isso só ajuda a fazer um bom trabalho - disse o jogador alviverde.
Serra Dourada tenta retomar a boa fama
Por volta dos anos 80, era bastante comum ouvir que o estadio Serra Dourada era um dos melhores do Brasil. Após um período de decadência, o gramado do maior palco do futebol goiano - que tem as maiores medidas permitidas pela Fifa, de 110 x 75 - passou por retoques no início do ano e tem recebido elogios pelos jogadores que atuam no local.
- O gramado e a estrutura do Serra Dourada realmente não deixam a desejar. Está entre os melhores - relatou o capitão e camisa 1 do Atlético-GO, Márcio.
Para receber Brasil x Holanda em junho do ano passado, o palco do Dragão na Série A passou por reformas emergenciais. Local de um novo jogo da Seleção em 2012 – o Superclássico das Américas contra a Argentina –, o estádio passará por novas reformas para a partida, que será em setembro, mas não será interditado durante este tempo. As intervenções devem começar em 40 dias.
Fonte: GloboEsporte.com