Convidado nesta segunda-feira do programa Bem, Amigos!, Mano Menezes deu declarações importantes sobre tudo que envolve o seu trabalho na seleção. Falou a respeito dos atletas que vem sendo convocados, evolução do futebol deles e sobre possíveis variações táticas no time brasileiro. Parece que o companheiro de zaga de Thiago Silva na seleção está se definindo.
Confira alguns dos principais temas abordados por Mano no programa do SporTV:
David Luiz x Dedé
Muita gente defende que Dedé, atleta do Vasco, seja o companheiro de Thiago Silva na zaga brasileira, não só para a Copa de 2014, mas também nas Olimpíadas. Porém, David Luiz, zagueiro do Chelsea, finalista da Liga dos Campeões da Europa, tem sido o preferido de Mano. É quem tem jogado como titular na maioria dos jogos da seleção. Portanto, em teoria, leva vantagem em relação ao vascaíno, apesar do apelo popular e até da crítica.
Ambos disputam a vaga como convocado acima dos 23 anos para Londres e, no programa do SporTV, esse favoritismo ficou ainda mais evidente. David Luiz segue à frente de Dedé na cabeça do treinador. Mano disse isso com todas as letras. "David foi a opção inicial. O Dedé veio se afirmando um pouco depois das escolhas iniciais. O David Luiz está na frente porque jogou mais vezes na seleção e você tem mais parâmetro. Quando o Dedé tiver as oportunidades, você pode desmanchar e mudar essa situação", declarou, dando a entender que, embora não descartado totalmente, o zagueiro vascaíno não é hoje o seu preferido.
Seleção sem centroavante
No Bem, Amigos!, Mano Menezes também falou sobre formas de armar a seleção para jogar. Fã do esquema 4-2-3-1, que adota desde os tempos de Corinthians (em entrevista a mim para a Revista Placar, em 2008, ele negou que jogasse assim com o Grêmio), o treinador citou o Barcelona e deu a entender que pode promover variações táticas, com direito a jogar sem um centroavante de ofício, aquele homem mais enfiado dentro da área. Segundo ele, essa é uma prática que vem sendo adotada por algumas seleções.
"Às vezes, o Barcelona joga com um atacante só e já jogou com nenhum. Joga muito com dois jogadores abertos de flanco, quatro jogadores no meio-campo e Messi com a liberdade de chegar como homem de aproximação por dentro. Então, na minha avaliação joga mais 4-4-2. Já jogou de todas as maneiras, porque aquele grupo propicia jogar de todas as maneiras. Sempre é possível ter variações, sem jogar com uma referência [centroavante, homem de área], que é o que tem feito algumas seleções porque você tira essa referência, dá mais mobilidade e aproveita melhor a movimentação. É mais difícil jogar assim, porque exige entrosamento, mas com bastante talento e capacidade de leitura que esses jogadores têm, também pode propor", avaliou.
Perguntado se poderia jogar com Neymar, Oscar, Ganso e Lucas, sem um centroavante, Mano preferiu não abrir o jogo totalmente sobre suas ideias: "vamos ver, vamos ver".
Resposta a Ganso
No Bem, Amigos! da semana passada, Ganso reclamou de falta de liberdade para que ele e Neymar pudessem render mais com a camisa da seleção. Questionado nesta segunda no programa, Mano inicialmente minimizou a declaração, considerando muito mais um erro de avaliação do meia. "A expressão em si do Ganso não saiu exatamente talvez como ele gostaria de dizer. É um pouco subjetiva entrar nesta questão de mais ou menos liberdade. O Neymar já tem muito mais jogos pela seleção brasileira do que o Ganso. Ganso jogou sete jogos. Então, em sete jogos não dá para usar como argumento que tenha faltado liberdade em determinados momentos ou sobrado em outros".
Mas depois o técnico deixou claro o que pensa sobre a situação levantada por Ganso. Para tanto, usou Ronaldinho Gaúcho dos tempos de Barcelona como exemplo. "Cabe ao técnico estabelecer liberdades maiores quando o benefício é muito grande. É uma questão de custo-benefício. Recentemente, li um livro que abordava a questão da liberdade e do custo que se pagava para Ronaldinho Gaúcho no Barcelona. Os jogadores não se incomodavam de forma alguma até um determinado momento. Quando o benefício parou de acontecer lá na frente na mesma proporção, a liberdade que se dava a ele diminuiu, porque é assim que funciona no futebol. Não se pode confundir liberdade com falta de responsabilidade".
Evolução de Neymar e diferença entre jogar aqui e fora do país
Mano também falou no programa com relação à maior dificuldade enfrentada por Neymar na Copa América em relação ao que vem ocorrendo jogando no Brasil. "Do que está enfrentando como regra, por exemplo, dentro do Campeonato Paulista, [o nível técnico é mais baixo] sim. Você exclui os clássicos contra os grandes", disse, para depois se aprofundar no assunto.
"Entra também um pouquinho de diferença do padrão do jeito de jogar. O que se viu como dificuldade muitas vezes nos jogos da Copa América? As seleções jogavam com linhas muito mais apertadas e quando a bola chegava no Neymar, no flanco do campo, e ele ainda tava de costas para o ataque e tentou dominar a bola e fazer o que sempre faz nas características do nosso futebol, sempre encontrou um meia chegando rápido [na marcação] para fazer dois contra um e até três contra um. Então, você tem mais dificuldade de driblar", relatou.
E complementou: "a habilidade do Neymar diminuiu por isso? Claro que não, mas quando você começa a conviver com esse tipo de realidade, você descobre que as coisas que faz precisam ser feitas em menos tempo e mais rápido ainda. Isso é mudança de padrão. Por isso que a gente falava que ainda tem uma diferença do exterior para as principais maneiras de se montar equipes na América do Sul. Certamente, [jogando na Europa, o futebol do Neymar] evoluiria. Não que aqui não evoluiria, como está evoluindo, mas lá você passa a conviver com o padrão que vai ser o da Copa".
Fonte: TV Esporte Blog - Yahoo