A preocupação de treinadores, diretores e jogadores de Vasco e Corinthians com o comportamento das equipes durante os 90 minutos de jogo é a mesma de torcedores e policiais cariocas em relação ao que acontecerá antes e depois da partida de amanhã à noite, pelas oitavas da Libertadores.
Tanto que, em atitude rara, líderes de duas torcidas organizadas do Timão se anteciparam, viajaram até o Rio de Janeiro e conversaram com os responsáveis pela segurança. Na última sexta-feira, representantes da Gaviões e da Estopim se encontraram com a PM carioca.
Definições de locais estratégicos no itinerário da viagem, estimativa de torcedores em direção à Cidade Maravilhosa e meta dos horários a serem cumpridos foram alguns dos temas do encontro.
Do lado dos torcedores, a promessa que tudo que foi combinado será executado. Do lado dos policiais, a promessa de que não haverá qualquer tipo de obstáculo a mais para atrapalhar os paulistas que, nos últimos jogos, só puderam entrar em São Januário no intervalo.
– Fomos lá porque temos a intenção de assistir os 90 minutos de jogos. Eles nos atenderam muito bem, agora basta a gente cumprir o que foi combinado – afirmou Rogério Maldonado, o Bambu, presidente da Estopim da Fiel, que foi acompanhado por membros da Gaviões.
– Se tudo foi cumprido por eles, acredito que às 17h30 já terão muitos torcedores do Corinthians sentados nas arquibancadas. Os portões do estádio abrirão às 19h, mas queremos colocá-los bem antes, para que possam ver o time entrar em campo – garantiu o Major Maycon Macedo, em entrevista ao LANCENET!.
Os corintianos deixarão a capital paulista na madrugada de quarta-feira. O objetivo é estar na Serra das Araras, em Piraí, já próximo do Rio de Janeiro às 14h, para que todos os ônibus saiam em comboio.
Episódios recentes causam preocupação
Junho de 2009
Corinthians e Vasco se enfrentariam pela semifinal da Copa do Brasil no Pacaembu. Antes do jogo, uma briga generalizada entre torcedores dos dois clubes, com pedras, rojões, barras de ferro e de madeira na Marginal Tietê resulta na morte do corintiano Clayton Ferreira de Souza, de 27 anos – golpeado na cabeça e no rosto. Cariocas falaram em emboscada, paulistas em erro da PM na escolta do comboio que vinha do Rio. Após o jogo, em retaliação, um dos ônibus vascaínos foi incendiado nos arredores do estádio (foto acima). Houve prisões, dos dois lados, mas todos foram liberados na sequência.
Março de 2012
Antes do dérbi Corinthians x Palmeiras, pelo Paulistão, cerca de 500 torcedores dos dois clubes se encontram na Inajar de Souza, avenida da Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista. Na briga generalizada, dois palmeirenses que pertenciam à facção Mancha Alviverde foram mortos: Guilherme Jovanelli, de 19 anos, e André Alves Lezo, de 21 anos. Um episódio lamentável que não teria influência no jogo de amanhã se não fosse a união entre a facção alviverde e as principais torcidas uniformizadas do Vasco. Possível vingança, apoiada nessa relação de amizade, não é descartada pela polícia militar dos dois estados.
BATE-BOLA
Major Maycon Macedo, responsável pela segurança antes, durante e depois de Vasco x Corinthians
‘Eles terão que cumprir o que foi combinado’
Houve conversas entre vocês e o pessoal do Corinthians. Pensa que será possível uma chegada mais tranquila do que no ano passado?
Sim, tivemos contato e tenho certeza de que o ônibus da delegação do Corinthians terá toda tranquilidade nos arredores de São Januário. Em 2012, fizemos um trabalho na qual todas as equipes que foram lá ficaram satisfeitas. Melhorar era nossa meta depois de um trabalho ruim. E está tudo bem planejado.
Em relação à torcida, pode garantir o mesmo? Será possível, desta vez, os corintianos viajarem ao Rio de Janeiro e assisitirem ao jogo os 90 minutos? Da última vez, em 2011, não foi isso o que ocorreu...
Eu deixei claro para os representantes das torcidas que estiveram aqui no Rio (na sexta): isso vai depender mais deles do que de nós. Bastará cumprirem com o horário combinado. No Rio, damos aos líderes a responsabilidade. Aqui, eles estão acostumados com a cobrança que fazemos em cima do combinado.
Já há uma estimativa de quantos ônibus viajarão ao Rio de Janeiro?
Eles nos passaram que serão, no mínimo, 30 ônibus. Se passar disso, vão nos comunicar. Por isso mesmo, a coordenação e o planejamento deles devem ser bem feito. É preciso ter uma estrutura para cumprir os horários com tantos ônibus. Não dá para vir com essa quantidade sem um mínimo de controle.
COM A PALAVRA
Rogério Maldonado, o ‘Bambu’, presidente da Estopim
‘Fomos ao Rio porque queremos ver o jogo’
"Fomos até o Rio de Janeiro com toda essa antecedência (na última sexta-feira) porque queremos assistir os 90 minutos do jogo, algo que não aconteceu no último jogo, por exemplo. Eu fui com o pessoal da Gaviões e pudemos conversar com o pessoal do comando da Polícia Militar, que nos atendeu muito bem. Foram definidos algumas metas de horários e locais. Acredito que, agora, basta cumprir o que foi estabelecido na reunião. Agora é mais com a gente mesmo em relação à chegada e o horário que foi combinado com a PM. Tenho certeza que estaremos lá cedo e poderemos apoiar o Corinthians nos 90 minutos."
Fonte: Lancenet