Muita gente acha balanço uma coisa tão estranha, complicada, que até parece ser tudo escrito em sânscrito. Hummmmm… E alguns são mesmo escritos em algum tipo de “sânscrito” que tradutor nenhum consegue decifrar. Felizmente, porém, isso hoje está mais para o folclore que para a realidade, embora a maior parte dos balanços de nossos clubes ainda deixe muito a desejar em termos de clareza e detalhamento das contas, tanto de receitas como de despesas.
Muita gente acha a leitura dos balanços uma coisa chata. Eu mesmo fiz parte dessa turma durante muito tempo. Hoje, porém, pegar um balanço de um clube de futebol é algo que me fascina. Porque o balanço revela muito do passado e do presente do clube. E dá as melhores pistas sobre seu futuro.
Sei que muitos dirigentes mandam fazer o balanço apenas porque há a obrigação legal. Péssimos dirigentes, sem dúvida. Quanto melhor o balanço, melhor será a administração do clube, sobretudo se o balanço for visto e aceito como ferramenta de gestão, capaz de indicar com extrema propriedade os pontos fracos e fortes, onde melhorar, onde investir, onde cortar ou otimizar despesas.
Temos, finalmente, a safra de balanços 2011 no “ar”. Alguns já foram vistos, tanto em análise rápida desse OCE como em highlights das análises da Pluri Consultoria. Alguns outros ainda serão postados, de forma a termos todos, ou quase todos os clubes da Série A com seus balanços analisados aqui no OCE. . E, acredite, leitor-torcedor amigo, durante a temporada você voltará a esses posts algumas vezes, seja por curiosidade, seja em busca de respostas que, muito provavelmente, não encontrará de maneira plena e satisfatória. Mas estamos no caminho…
Nesse post vamos conhecer e ver alguns detalhes dos 13 clubes de maior faturamento do Brasil. Não são os 13 mais ricos. Riqueza (patrimônio) é uma coisa e faturamento é outra. Às vezes coincidem, às vezes não. Aproveito para lembrar ou esclarecer, também, que riqueza patrimonial e receita grande não significam, necessariamente, marca mais valiosa. Na maioria das vezes coincidem, mas o valor de uma marca é ditado por um conjunto de circunstâncias e parâmetros que mudam ano a ano.
Por fim, o número 13 nada tem a ver com o Clube dos 13, e sim com o fato de serem 13 os clubes brasileiros que ultrapassaram a marca de 50 milhões de reais em receita anual. Como esses clubes e suas receitas estarão em uma tabela meio “grandinha” e com muitas informações diferentes, temos antes um texto explicando-a e explicando e explicando seu principal componente, a receita operacional.
Aproveito para dizer que esse OCE mostra em primeira mão a divisão de receitas operacionais do Coritiba Football Club, o mais novo integrante do grupo dos “50 milhões”.
Para ler a tabela
Cada um dos clubes tem a sua receita de 2011 dividida, inicialmente, em três grandes grupos que os leitores desse OCE já conhecem sobejamente:
- Broadcasting, que vem a ser o conjunto dos direitos de transmissão para as diferentes mídias eletrônicas, negociados com emissoras e federações (em algumas tabelas, por questão de espaço, será usado o termo TV);
- Marketing, que engloba os patrocínios, propaganda em estádio próprio e o licenciamento da marca nos mais diversos produtos, além de eventuais ações promocionais (ainda raras);
- Bilheteria, Estádio e Sócios-Torcedores, que compreende as receitas geradas pelos jogos diretamente, as participações nas vendas diversas dentro do estádio, em dias de jogos ou não e, por fim, a receita com os sócios-torcedores, ressalvando que há hoje clubes que têm a totalidade de seus associados na categoria “torcedores”.
O conjunto dessas três receitas compõe a Receita Operacional do Futebol. Essa é, a rigor, a receita com que um clube ou um departamento de futebol deve contar. É a receita diretamente atrelada à finalidade da instituição ou departamento: jogar futebol. Operando dentro de sua realidade operacional, conhecendo, respeitando e melhorando sua capacidade de gerar receitas, um clube terá maiores e melhores condições de manter-se sustentável.
Há anos esse OCE destaca esses valores, seguindo o mesmo modelo adotado na análise dos clubes europeus. Eles não incluem as receitas obtidas com as negociações de direitos federativos, seja por venda, seja por empréstimo, por entender que essa receita foge à finalidade básica de um clube de futebol, que é formar e manter um time para jogar bola. Outro ponto importante é que as receitas operacionais são planejáveis, ao passo que as receitas de transferências são sujeitas ao acaso, muito mais que aos altos e baixos do mercado. Hoje, para minha satisfação, muitos clubes brasileiros já destacam suas receitas com a exclusão dessa conta, que, embora seja baluarte da sobrevivência de nossos clubes, não deve, ou não deveria servir para tal finalidade.
Essas receitas obtidas pelos clubes com as transferências de atletas ou transferência de direito federativo, em troca do qual o clube recebe um valor determinado, aparecem na coluna seguinte à totalização das receitas que compõem a receita operacional.
Na coluna que vem em seguida, temos a somatória das receitas geradas pelo futebol, agora com as negociações de atletas inclusas. Por fim, a última coluna acrescenta outras receitas dos clubes, como as mensalidades de sócios patrimoniais, receitas de esportes amadores, alugueis de imóveis, etc, fechando o elenco de receitas de um clube de futebol no Brasil.
Dito tudo isso, vamos à tabela, que posiciona os clubes de acordo com o valor de sua Receita Operacional do Futebol e não pela receita total da entidade: