Mulher brasileira não abre mão de fazer as unhas, mas após o trabalho sempre é muito difícil conseguir um horário no salão de beleza, menos quando a manicure vai até você. É com manicure a domicílio que sobrevivem as funcionárias do Vasco.
O universo vaidoso das vascaínas funciona sem perda de tempo, graças a Simone, mais conhecida como “fada madrinha ou mãe das unhas”. Simone não trabalha no clube, mas pode se considerar a manicure oficial do Vasco, já que desde 1992, a convite de uma ex-tesoureira, iniciou seu atendimento no estádio para atender as funcionárias, quase todos os dias da semana, seja no horário de almoço, antes, ou depois do expediente da mulherada.
- Todo mundo me chama de mãe das unhas porque sou a solução para muitas funcionárias do clube. Elas trabalham muito, não têm tempo e salvo muitas delas. Atendo vascaínas do departamento médico, tesouraria, administração, contabilidade, secretaria, restaurante, imprensa, social e futebol. Faço tudo com muito amor, principalmente porque sou vascaína. Estar em São Januário todos os dias da semana é gratificante para mim – comemora a manicure que termina e faz bem feito, uma mão em menos de 30 minutos, ao contrário dos salões de beleza, que a cliente gasta cerca de uma hora apenas nas unhas das mãos.
A clientela de Simone no Vasco não se restringe apenas as mulheres. A mãe das unhas também tem clientes homens e inclusive, já fez unha de jogador do elenco profissional.
- Também faço unhas de homens. Há alguns anos, Marcelinho Carioca, o meia-atacante Beto e outros jogadores faziam suas unhas comigo. E o mais engraçado era que eu servia como psicóloga. Eles contavam seus problemas e segredos do meio do futebol para mim. Teve um ex-jogador, que não vou citar o nome, que inventava que estava no departamento médico para não jogar – revela Simone, que sempre trabalhou no clube com autorização dos presidentes e vices-presidentes.
Simone é a salvação das funcionárias e o Vasco é a salvação de Simone. Mãe de três filhos, Matheus de 11 anos, Tayná de 16 e Ricardo de 20 anos, sendo o caçula apadrinhado pela psicóloga do elenco profissional, Maria Helena Rodriguez, a manicure oficial não pode trabalhar longe de sua casa, já que seu filho mais velho tem autismo. Como sempre morou próximo a São Januário, Simone ainda consegue cuidar dos filhos, o que seria impossível se trabalhasse longe do clube.
- Por causa do meu filho autista que agradeço ao Vasco todos os dias. Fazendo as unhas das funcionárias é a única forma que tenho de trabalhar, ficando perto de casa. Quando acontece alguma coisa na minha casa, consigo ir lá para resolver e depois volto a trabalhar em São Januário. São 20 anos aqui dentro. Trabalhei grávida, com eles pequenos e todos os meus filhos cresceram no Vasco. Minha filha chegou até a fazer ginástica rítmica e estudou no Vasco. Sou muito agradecida ao Vasco e São Januário é minha segunda casa – comenta a emocionada mãe das unhas.
Simone larga o esmalte, acetona, alicate e os outros produtos para unhas apenas nos dias de jogos, quando deixa de ser manicure e vira recepcionista da poltrona especial, sempre de bom humor.
- É difícil fazer unha em dia de jogo, mas se surgir algum torcedor ou torcedora querendo fazer unha, estarei aqui – brinca Simone.