Em pouco mais de dois anos no Internacional, Andrezinho e Alecsandro conquistaram juntos o Campeonato Gaúcho e a Copa Suruga, em 2009, e a Libertadores de 2010. Mas além dos títulos, a amizade reservou os melhores momentos da dupla no Colorado. De jantar em restaurante japonês à criação de grupo de pagode, os dois sempre se deram bem em campo e nas ruas de Porto Alegre. Porém, o destino os levou de companheiros no Sul a rivais no Rio de Janeiro. E pela primeira vez desde que ambos deixaram o Beira-Rio, o meia, atualmente no Botafogo, e o atacante, agora no Vasco, se enfrentam neste domingo, às 16h (de Brasília), no Engenhão, pela final da Taça Rio – segundo turno do Campeonato Carioca.
Andrezinho recorda com carinho dos tempos no Inter, conta que incentivou o atacante a vir para o Rio, em março de 2011, mas garantiu que a amizade fica de lado na decisão.
- Sempre nos demos bem em campo, isso contribuía. Virou uma coisa de família mesmo. Em Porto Alegre, sempre andávamos juntos, com o Kleber também e alguns outros. É difícil ter esse tipo de ligação verdadeira no futebol. Quando ele recebeu a proposta do Vasco, conversamos e eu fui um dos que o incentivou a aceitar. Falei muito do Rio: "Vai que você vai gostar". Torço muito por ele, que tenha sucesso, faça caretas e até ganhe a Libertadores de novo. Mas estamos em lados opostos no domingo, e cada um vai defender o seu clube com unhas e dentes - afirmou o meia, que deu uma “provocada” no amigo em tom de descontração.
- A maioria dos gols dele, pode perguntar lá, foram em passes meus ou rebotes das faltas (risos). É um artilheiro nato, mas ajudei muito.
Alecsandro admitiu a contribuição do meia como garçom, mas não deixou de responder à “provocação” ao lembrar de uma das armas do Colorado na época: a bola parada.
- Acho que eu sofri mais faltas para ele bater. Mas ele de fato me deixou muitas vezes na cara do gol. Não existia uma estratégia especifica do Inter para forçar faltas próximas da área, até porque o ponto forte da nossa equipe era as laterais. Mas sabíamos que o Andrezinho tinha uma bola parada mortal. Foi assim, por exemplo, que eliminamos o Flamengo na Copa do Brasil de 2009 - explicou o camisa 9 vascaíno, que também vai deixar a amizade de lado na hora de passar as informações do rival para o técnico Cristóvão Borges.
Ano passado, quando ainda defendia o Inter, Andrezinho chegou a jogar contra Alecsandro, que já estava no Vasco. Na ocasião, o meia levou a melhor com a vitória colorada por 3 a 0, no Beira-Rio, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas ele lembra as qualidades do atacante, artilheiro do Carioca com 12 gols – ao lado de Somália, do Boavista –, como preocupação para a final.
- A frieza e a qualidade das conclusões dele impressionam. É curioso porque sempre foi visto com desconfiança por onde passou, até aqui no Vasco, mas nunca deixou de ser artilheiro, como neste ano. Contra fatos não há argumentos. Se não tomarmos muito cuidado, ele pode dar o título para o Vasco - destacou.
Jogadores quase se arriscam na carreira musical
Amigos, amigos, negócios conjuntos. No Inter, Andrezinho e Alecsandro estiveram perto de dar um pontapé na carreira musical e montar um grupo de pagode, junto com outros companheiros de clube da época. Ao lado do atacante Taison (atualmente no Metalist, da Ucrânia), do lateral esquerdo Kleber e do meia Tinga (ambos ainda no Colorado), a ideia quase foi para a frente, não fosse um pequeno detalhe.
- Gostamos de pagode e estávamos para formar um grupo, chamado ‘Os Pretinhos’. Cada um tinha sua função, só faltava o vocalista mesmo. Só isso, né, o mais importante (risos) - brincou Andrezinho, que tocava tan tan, enquanto Alecsandro fazia o som no pandeiro.