Um olhar mais apurado sobre as quatro linhas revela inesperadas semelhanças entre a dança e o futebol. Saltos, giros e gestos podem transformar, momentaneamente, jogadores em verdadeiros dançarinos no balé do futebol. Comparação que fica ainda mais viva no Dia Internacional da Dança, comemorado hoje especialmente por dois símbolos da dança clássica e popular da arte brasileira: a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a alvinegra Márcia Jaqueline, e a eterna Globeleza, a passista vascaína Valéria Valenssa. Sem esconder a ansiedade pela decisão, as musas esperam celebrar a data em dose dupla.
“É uma coincidência, mas já que hoje é o Dia Internacional da Dança ela podia ser tão valorizada como o futebol é aqui no Brasil”, alfineta Márcia, que vê semelhanças entre o bale é o futebol. “Tem o gestual, alguns movimentos do pulo, da perna e do chute que temos também no balé. O futebol é uma arte que aprendi a apreciar. Gosto de ver bons jogos e bons jogadores como o Neymar. Ele é incrível!”.
Eterna musa do carnaval carioca, Valéria Valenssa conhece bem os segredos da ginga carioca. Como boa vascaína, ela não esquece o dia em que o exatacante Edmundo fez as vezes de dançarino ao rebolar para Gonçalves na decisão do Carioca de 97. Molejo e irreverência que ela espera ver na alma dos vascaínos, esta tarde.
“O gingado pode fazer toda a diferença. Ainda mais no Dia Internacional da Dança. Os dois time merecem, mas o Vasco está em uma fase muito boa. Os jogadores estão centrados e unidos e temos tudo para vencer”, aposta.
Confiança também não faltar à bailarina clássica. Mesmo prevendo um jogo equilibrado, ela acredita no título.
“Vou torcer muito! O meu palpite é 2 a 1, com gol do Herrera e outro do Loco Abreu”.
Perguntada se Loco Abreu deve cobrar pênaltis na decisão, a bailarina nem titubeou.
“Não pode, não! Bota outro para bater. Deixa ele jogando.. (risos). Tomara que ele faça os golzinhos deles, mas sem precisa bater”.
Com ou sem pênaltis, Márcia e Valéria não escondem a expectativa pela decisão de hoje.
“Vou assistir com meus filhos e o Hans Donner, que também é louco por futebol, mas fica mais centrado. Eu não, sambo, pulo e grito o tempo todo”, entrega a Globeleza, filha de pai português e vascaína desde pequenininha.
Para conter o nervosismo, Márcia se apóia na força do grupo alvinegro.“Temos um time muito unido e um técnico em quem confio. Qualquer coisa tem o Jefferson que pega tudo. Podemos vencer”.
Longe do Carnaval, Valéria vai escrever livro
O tempo parece não interferir no corpo escultural da eterna Globeleza, Valé- ria Valenssa. Do alto de um par de sandálias plataforma, salto 12, a mulata quarentona ainda faz suspirar uma legião de fãs, mesmo há sete anos longe do posto de musa do Carnaval carioca. Um passado que pode virar, em breve, um livro.
“Eu tenho projetos de, no futuro, escrever um livro. Foi um período maravilhoso. Vivi o sonho que tive e não tenho palavras para explicar o carinho que até hoje recebo das pessoas”, diz, com os olhos brilhando. “Às vezes, as mães me apontam para filhas pequenas que não me viram na TV e dizem: ‘Aquela ali é a Globeleza’. É a retribuição de um trabalho. É incrível!”, emociona-se.
Apesar do reconhecimento, Valéria diz que a vida de musa ficou no passado. “Hoje, eu não teria paciência. Tudo era muito louco. Fazia show com o corpo todo pintado sexta, sábado e domingo. Às vezes, viajava de roupão porque não dava tempo de tirar a maquiagem.
Tinha dias que dormia pintada e, em outros, que precisava de quase quatro horas na banheira para tirar a tinta do corpo”, relembra a Globeleza, que hoje tem uma vida bem mais tranquila. “Tenho uma família e dois filhos maravilhosos (João, de 9 anos e José, 8). É muito bom vê-los crescer”.
Valéria não se mostrou empolgada com a possibilidade de virar atriz.“Não gosto. Faço algumas participações na televisão, mas não bate. É um outro mundo, outra tribo”.
Fonte: Marca Brasil