Há cerca de 15 anos que Diego Souza e Fellype Gabriel aguardam pelo desempate de uma disputa pessoal. Quem vai gritar "é campeão" de novo? O duelo começou nos tempos de criança, com um título para cada. Agora, a competição saiu da pequena quadra do Colégio Lemos Cunha, na Ilha do Governador, e ganhou status e dimensões muito maiores: o gramado do Engenhão, palco da final da Taça Rio entre Vasco e Botafogo.
Fellype e Diego se conheceram aos 6 anos. Estudaram juntos de 1991 a 2000. Bons de bola desde sempre, eram os principais destaques nos campeonatos do colégio.
– Estudamos juntos, é um grande amigo. O Diego ganhou um campeonato desses de turma contra turma e eu ganhei outro. Ele já tinha muita habilidade na época, era difícil de enfrentá-lo – lembrou o botafoguense.
Parece coisa de criança, mas a dupla, hoje já consagrada e defendendo dois dos maiores clubes do Brasil, jamais esqueceu da rixa que se formou nos tempos de colégio. Será que algum dia imaginaram que o desempate aconteceria em uma grande decisão, com casa lotada?
– É um adversário de velha data (risos). O Fellype é meu amigo e torço muito por ele, mas não domingo. A rixa é antiga – disse Diego Souza.
O LANCENET! visitou o palco das primeiras disputas entre Diego e Fellype. Quem recepcionou nossa equipe de reportagem foi a professora Márcia Gonçalves Cataldo, que ensinou a ambos. Ela reforça que, na quadra, a igualdade sempre prevaleceu. Já na sala de aula...
– O Diego tinha 8 anos e só pensava em bola, aquela agitação. Era um aluno regular, mais bagunceiro. Já o Fellype era certinho, estudioso, caderno impecável. Sempre com nota 10. Mas são bons meninos, orgulhos do colégio – contou a professora.
Nos tempos de colégio, as competições resultaram em meses e meses de zoação ao perdedor. Aquela famosa "pilha" entre amigos. Neste domingo, vale a taça do segundo turno do Estadual. E aí, quem vai sair de campo com uma nota 10?
Professora à espera de nova safra
– As pessoas brincam comigo, me perguntam se eu formo jogadores. Fico orgulhosa disso tudo.
Professora de língua portuguesa da dupla em 1993, na antiga segunda série, atual terceiro ano do ensino fundamental, Márcia Cataldo hoje é coordenadora no Colégio Lemos Cunha. Aos 45 anos, ela planeja a formação de novos “Fellypes” e “Diegos”.
– Recentemente, fiz a formatura de uma turma de pré e perguntei para as crianças o que elas queriam ser quando crescessem. A maioria disse jogador de futebol. Logo vão aparecer novos atletas por aqui – comentou Márcia Cataldo, que recorda ter dado asas para o sonho de Fellype Gabriel e Diego Souza na medida certa.
– Eles me pediam a bola no recreio antes mesmo de lanchar. Eu ficava de olho, perguntando se eles já estavam alimentados. Mas não tinha como segurá-los – disse Márcia, dividida para a decisão:
– Sou Flamengo, minha filha é vascaína e meu sobrinho é fanático pelo Botafogo. Vou torcer pelos dois, em especial pelo sucesso do Fellype Gabriel e do Diego Souza.
Fonte: Lancenet