Na semana final do prazo para o Vasco explicar o impasse financeiro envolvendo o programa de sócios “O Vasco é meu”, administrado pela empresa Torcedor-Afinidade - hoje Jeff Sports -, a atual administração pediu mais 40 dias para formatar relatório definitivo sobre a questão. Pressionado pela situação, o Conselho Deliberativo acatou a solicitação. Com isso, o presidente Roberto Dinamite e seus pares ainda possuem tempo para evitar que as contas de 2011 sejam reprovadas pelo Conselho Fiscal.
Como o balanço do ano passado ainda será publicado e a assembleia para análise das contas nem sequer foi agendada, a reportagem do UOL Esporte apurou que Antônio Peralta, vice-presidente geral, pediu em reunião realizada na última terça-feira a extensão do prazo sobre a polêmica do programa de sócios, o que corresponde ao terceiro adiamento para a solução do problema.
Primeiro, 60 dias passaram-se após a entrega do relatório confeccionado pelo Conselho Fiscal contendo denúncias e erros no programa ao Conselho Deliberativo. Na sequência, a explicação da administração no Deliberativo foi retardada até o presidente Abílio Borges sofrer pressão interna. Procurado pela reportagem, o dirigente confirmou a informação, mas não garantiu que um novo prazo não possa ser concedido caso a diretoria não chegue a um denominador comum sobre “O Vasco é meu”.
“A presidência já está tomando providências e pediu um prazo máximo de 40 dias para solucionar as questões. Autorizei e tenho a informação de que tudo será resolvido. Mesmo assim, não posso confirmar que a administração não terá mais tempo caso considerem necessário e façam nova solicitação. Nada na vida é pela última vez, não podemos dizer isso”, afirmou Borges.
Incomodada com a demora na apuração do caso, que balança os cofres do Vasco na análise dos conselheiros, a oposição do clube estuda pedir a renúncia do presidente do Conselho Deliberativo se o impasse não for esclarecido dentro de 40 dias. Os opositores consideram que os inúmeros prazos favorecem a situação e ferem o estatuto do clube.
ENTENDA O CASO
Além de o programa de relacionamento com o torcedor não atender ao que se esperava quando o acordo foi celebrado em maio de 2009, o Conselho Fiscal detectou falhas no contrato e evidências de prejuízos financeiros durante série de investigações realizadas. As principais queixas estão ligadas ao fato de o clube não ter acesso à conta corrente do programa e muito menos aos extratos mensais. Além disso, a empresa retém porcentagem excedente pela prestação do serviço.
Embora os valores sejam mantidos em sigilo, a reportagem apurou que o Vasco repassa algo em torno de 23% do captado mensalmente, mais do que os 15% acordados em contrato. A diretoria afirma que a arrecadação mensal com o programa de sócios é de R$ 330 mil. No entanto, as contas apontam que o montante não supera R$ 220 mil. Com isso, o prejuízo é superior a R$ 1,3 milhão por ano. Um buraco que, aliado a outras despesas do clube, não “fecha a conta” para o Conselho Fiscal.
Fonte: UOL