No início dos anos 2000, época em que Flamengo e Fluminense dominavam as categorias de base do futebol carioca, uma geração foi formada por jovens amigos que ainda sonhavam ser promovidos aos profissionais. Entre eles Diego Souza, Antônio Carlos, Rodolfo, Carlos Alberto, Fellype Gabriel, Andrezinho... Jogadores que, mais tarde, ganhariam destaque no cenário nacional. Desde então, mudaram-se os clubes, mas a amizade ficou. E neste domingo, às 16h (de Brasília), no Engenhão, a final da Taça Rio entre Botafogo e Vasco reúne novamente essa safra de atletas, agora mais maduros, em lados opostos do campo.
Um dos laços mais estreitos é o formado entre Antônio Carlos e Diego Souza. Em seu perfil no site oficial do Botafogo, o zagueiro diz que o meia vascaíno é o seu melhor amigo no futebol. Eles se conheceram nas categorias de base do Flu, quando o zagueiro, dois anos mais velho do que Diego, estava nos juniores, e o atual cruz-maltino, no juvenil.
- Quando ele foi para o Benfica-POR, eu estava na França (no Ajaccio), e não éramos tão aproveitados, havia muito rodízio. Então, nos dávamos força via MSN, telefone, sempre procuramos saber o que estava acontecendo um com o outro. É uma amizade que tenho orgulho de levar para a vida toda, independentemente da distância. Sempre marcamos algo no fim do ano, um churrasco, uma pelada, porque a rotina de jogos e viagens impede que a gente esteja junto - recordou o defensor, que, na base, atuava na mesma posição de Diego: volante.
- Ele era marcador, cara, pegava mesmo (risos). Depois, eu virei zagueiro, junto com o Rodolfo, outro parceiro nosso, que vivia na minha casa porque a família dele é de fora, e o Diego virou atacante. É até curioso, o caminho normalmente é ao contrário, mas ele sempre teve muita habilidade e é forte.
O camisa 10 cruz-maltino confirma que sempre tenta estar com o colega alvinegro, mas que nas últimas semanas o contato vêm sendo raro. Tudo para se preservarem até a final da Taça Rio.
- Nós nos enfrentamos várias vezes e estamos sempre juntos. Mas, quando chega perto de um jogo decisivo como o de domingo, a gente procura nem se falar, porque a rivalidade é muito grande. Quando você joga contra um amigo, não quer perder de jeito nenhum - ressaltou o vascaíno.
Antes da partida, Antônio Carlos se prepara para marcar mais uma vez o meia, como o fez na vitória por 3 a 1, em março, e revela que o antigo retrospecto contra o rival o perturbava.
- Espero que o Botafogo saia vencedor, porque na época dele de Palmeiras eu estava perdendo muito e estava me incomodando (risos). Agora já equilibrou - brincou.
Destes jogadores, fundamentais no esquema de Oswaldo de Oliveira e Cristóvão Borges, apenas Fellype e Andrezinho foram criados na Gávea. Campeão carioca em 2005 pelo Tricolor, o zagueiro do Glorioso ressalta que o trabalho feito em Xerém foi marcante.
- Aquela geração de Xerém era muito boa, todos mundo que subiu conseguiu se firmar. A gente sempre foi unido, porque passou por dificuldades - comentou Antônio, que citou o técnico da época, Gilson Gênio, como o responsável por ajudar na cabeça e na técnica de cada um.