Fagner e Vasco têm trajetórias de recomeço que se confundem

Quando Fagner compara sua relação com o Vasco a um casamento, tem motivos de sobra para isso. Na saúde e na doença, ambos entrelaçaram suas histórias recentes e reconstruíram seus caminhos. Como frutos desta união, vêm colhendo vitórias, decisões, título e premiações pessoais.

Cria da base do Corinthians, o lateral-direito saiu com apenas 17 anos para o PSV (HOL). As coisas não deram muito certo por lá e em 2009 coube ao Vasco lhe dar uma oportunidade de recomeçar.

O momento era difícil. Na Série B, o clube buscava resgatar sua dignidade, enquanto Fagner tentava dar seu cartão de visitas.

– Na pré-temporada, o Fernando (Campbell) fisioterapeuta me perguntou: “Por qual motivo você veio para cá?”. Muitas pessoas não sabiam quem era o Fagner. Então, quando surgiu a oportunidade, vi uma chance de crescer junto ao clube. Casou bem a ocasião, fui tentando mostrar meu trabalho e agora estamos juntos num auge.

De fato, o crescimento foi mútuo. Volta à Série A, campeão da Copa do Brasil, além da disputa por títulos em todas as competições recentes que disputou. Até no momento do pequeno declínio, em 2010, caminharam juntos, quando o Vasco não teve brilho e Fagner conviveu com lesões.

Desde o ano passado, porém, o camisa 23 mantém uma regularidade que o credenciou a estar na lista de pré-convocados da Seleção para a Olimpíada. Sincero, admite não ter esperado tantos fatores positivos desde que decidiu defender o Gigante da Colina.

– Não esperava, mas dentro de campo sempre procurei fazer o meu melhor. As coisas aconteceram de uma forma tão natural que fiquei até surpreso. Foi uma coisa muito gostosa de ter acontecido.

Reconhecido atualmente, Fagner celebra o final feliz.

– O Vasco abriu as portas para mim, deu apoio para estar onde estou hoje. Só tenho a agradecer. Sinto um carinho enorme e criei vínculos. Foi um casamento legal.

RENOVAÇÃO JÁ EM PAUTA

Ao fim do ano, terminará o contrato de Fagner com o Vasco. O lateral-direito, porém, prefere ficar afastado do assunto, mas informou que já há conversas entre o representante dele e o clube.

– Meu empresário é quem resolve, sabe como eu penso. Ele me tranquiliza, quer que eu fique focado no futebol. Já está resolvendo a situação com o clube e é entre eles que se tem que resolver.

Apesar do tempo, se faz necessária uma certa agilidade do Vasco, já que, seis meses antes do término do vínculo, o atleta pode assinar um pré-contrato.

BATE-BOLA - Fagner

Em visita ao L!

‘Vai demorar 20, 30 anos para ter um grupo igual’

LANCE!: Você chegou a temer pelo futuro na carreira quando retornou ao Brasil?

FAGNER: Em alguns momentos de 2009, quando tive alguns problemas. Questionava muito o que estava fazendo de errado. Ao mesmo tempo, acreditava que estava passando por uma provação para colher coisas boas na frente. Pude aprender bastante nos momentos ruins. Minha família ajudou muito e se vivo esse momento hoje é graças a eles.

L!: Por tudo que já viveu com apenas 22 anos, acredita ter atingido um grau de maturidade cedo?

FAGNER: Isso tudo fez com que eu amadurecesse mais rápido, começasse a enxergar coisas que eu não enxergava. Me cuidar, ir para a academia, chegar mais cedo no clube... Estou sempre me cuidando e fazendo algo diferente para aquela fase ruim não voltar nunca mais.

L!: Antes do amistoso da Seleção contra a Bósnia criou-se uma expectativa grande por sua convocação e ela não saiu. Isso foi frustrante?

FAGNER: Não me frustrou. Sempre digo que o principal é o Vasco. Tenho de estar bem no meu clube para ser chamado. Se eu ficar pensando muito, vou acabar me frustrando.

L!: Já dá para dizer que o atual elenco já fez história no Vasco?

FAGNER: Já. Sem dúvida. O grupo que temos hoje vai demorar uns 20, 30 anos para se conseguir um igual. Não existe vaidade, não existe essa de um querer aparecer mais que o outro. Isso que faz o grupo do Vasco ser tão forte e vencedor.