Foi de forma repentina que Cristóvão Borges fez a transição de auxiliar a técnico principal do Vasco. E desde que Ricardo Gomes sofreu um Acidente Vascular Cerebral, em 28 de agosto do ano passado, ele sofre a mesma cobrança de um profissional há muito tempo no ramo. A personalidade serena e a maneira tranquila de trabalhar o ajudam a lidar com os altos e baixos do cargo. No entanto, foi com ele no comando que a equipe cruz-maltina conseguiu, no mesmo ano, vencer o rival Flamengo por duas vezes em jogos decisivos.
Para chegar até a vitória por 3 a 2, no último domingo, Cristóvão Borges precisou passar pela turbulência de três derrotas consecutivas em clássicos - para Fluminense, na decisão da Taça Guanabara, Botafogo e Flamengo. Mas a mesma serenidade usada comandar a nau vascaína quando a maré estava alta é vista no momento de nortear o grupo às vésperas de uma nova decisão - contra o Botafogo, neste domingo, na final da Taça Rio.
Você e o Vasco receberam muitas críticas pelas derrotas em três clássicos seguidos. Mas, pela segunda vez no ano, o Vasco venceu o Flamengo num duelo decisivo. Como é conviver com essa pressão? Esse tipo de vitória também significa uma resposta?´
Pressão é algo que a gente vive. Tem pressão de todo jeito o tempo todo. A gente se acostuma a isso. Nesses momentos em que a equipe está indo bem, com regularidade de atuação, desde o ano passado, ela tem ficado mais confiante. Em clássicos tem que ter confiança. A equipe tem demonstrado isso, jogado com muita vontade e com muita coragem. Por isso a gente tem conseguido vitórias nos clássicos. Não estamos preocupados em dar resposta. Estamos preocupados em chegar o mais longe possível. Ganhamos a Copa do Brasil no ano passado e temos o interesse muito grande de conquistar de novo esse ano. Toda as competições que a gente disputa é assim, a gente está disputando para ganhar título de novo.
Pela segunda vez na carreira você chega a uma decisão como técnico principal. Acha que a conquista de um título pode consolidar a sua carreira solo?
O que na verdade confirma são títulos e vitórias. Já é a segunda decisão. No primeiro turno fomos também. Eu falo para os jogadores que precisamos estar frequentando decisões, por que assim, uma hora, nós vamos ganhar. Espero que seja já nesse próximo jogo.
É definitiva a sua decisão de não voltar a ser auxiliar, mesmo quando Ricardo Gomes voltar?
Eu trabalhava de assistente e todo mundo que é assistente quer ser treinador. Isso ocorre em qualquer profissão. Mas ainda vivo aprendendo e estava procurando somar experiências e continuar aprendendo. Aconteceu aquilo como Ricardo, inesperadamente, mas eu já me sentia preparado para poder trabalhar. Só não esperava que fosse daquela forma, mas aconteceu. Como já havia um trabalho começado por ele, era uma coisa já feita, eu pude dar seguimento. Mas isso tudo se deve ao grupo de jogadores que nós temos, experiente e muito bom, que facilitou tudo isso. Mas teve também o suporte de toda a comissão técnica e da direção, além do apoio da torcida também.
Como anda sua relação com Ricardo Gomes? Que planos faz para seu futuro profissional?
Tenho contato com o Ricardo o tempo inteiro, nos falamos todos os dias, somos amigos independentemente do futebol. Eu continuo fazendo o mesmo desde que entrei. Eu sei que o importante é fazer com que o trabalho seja bom e que tenha resultado. Tendo bons resultados, não tenho preocupação nenhuma em relação ao que vai acontecer no futuro. Minha preocupação é com que aconteçam coisas boas, que a gente ganhe. Daqui para a frente, ganhando títulos, fazendo boas campanhas, tudo o que acontecer com a minha profissão vai ser coisa boa.
Sua carreira como treinador é curta. Como faz para não perder o comando de um elenco no qual jogadores como Juninho, Felipe e Carlos Alberto ficam com frequência no banco de reservas?
Para essas coisas, vale muito a experiência vivida como jogador. Porque você sabe a maneira de lidar com os jogadores quando se é jogador. Nesse momento isso vale bastante. Além do tratamento direto, verdadeiro, sem meias palavras. É dessa forma que o jogador gosta de ser tratado, e eu sei disso por ter sido jogador. Isso tem me ajudado, é dessa forma que eu lido. Eu procuro ser justo e mostrar no trabalho que tudo é feito em benefício do Vasco. A gente procura fazer tudo para beneficiar o bem comum. Todos os jogadores estão ali para o Vasco ganhar, crescer, e nós estamos conseguindo por causa disso, com todo mundo pensando na mesma direção.
Fonte: Sportv.com