Confira análise tática da semifinal da Taça Rio Urubu 2 x 3 Vasco

Terça-feira, 24/04/2012 - 08:06

Como definir disputa eletrizante, recheada de gols e saturada de chances para os dois lados? Um jogo espetacular ou apenas consequência natural da desorganização das equipes?

Análise difícil e sutil, que sempre corre o risco de desprezar o mérito dos ataques. Depende do contexto, dos times envolvidos e do duelo tático entre os treinadores.

O que foi, então, a vitória vascaína no Engenhão por 3 a 2 que garante vaga na final da Taça Rio e tira do Flamengo qualquer pretensão de título no primeiro semestre? Um jogo com nada menos que 47 conclusões – 27 a 20 para o Vasco e 16 a 13 em chances de gol.

As equipes cometeram erros graves ao longo do jogo. Ambas no 4-3-3, mas com dinâmicas diferentes. No Flamengo, Deivid atuou mais centralizado à frente dos três meio-campistas, dando o primeiro combate a Rômulo, mas voltando só até a intermediária.

Ronaldinho era atacante, mas, como de costume, muito fixo pela esquerda e aparecendo apenas na distribuição dos passes. Na frente, a arma mais perigosa: Vágner Love contra Renato Silva e Rodolfo. No primeiro contragolpe, passe de Kléberson e toque fácil do atacante na saída de Fernando Prass.

Apesar da exposição da zaga, o Vasco era mais organizado sem a bola. Fellipe Bastos abria à esquerda, Eder Luís voltava pela direita e a equipe se defendia com duas linhas de quatro, deixando Alecsandro e Diego Souza na frente. Dominava os rebotes ofensivos e defensivos e encontrava caminho livre pelos flancos: Fágner e Éder Luís à direita e Thiago Feltri, Fellipe Bastos e Diego Souza do lado oposto.

Assim criou chances em profusão até Felipe desequilibrar. Armando pelo centro, o meia veterano que deixou Juninho no banco confundia o jovem Muralha ao recuar em busca da bola e aparecer como elemento surpresa nas conclusões. No primeiro chute, rebote de Felipe e gol de Éder Luís. A virada veio com o arremate que tocou na trave antes de entrar.

Joel Santana tentou corrigir a marcação no meio após a primeira parada técnica invertendo Luiz Antonio e Kléberson, que foi jogar à esquerda. Mas faltava coordenação ao Fla, que vivia de lampejos que não vinham de Ronaldinho Gaúcho. Cristóvão Borges recuou Rômulo para proteger melhor seus zagueiros e, mesmo abrindo o meio-campo, praticamente anulou Love.

Equipes no 4-3-3, mas Eder Luís voltava pela direita no Vasco, configurando uma linha de quatro no meio para proteger o frágil miolo de zaga; No Fla, Deivid voltava apenas até a intermediária com Rômulo expondo volantes e a última linha de defesa.


O gol de Felipe cobrando pênalti – duvidoso, no mínimo – do goleiro Felipe em Alecsandro no início do segundo tempo parecia encaminhar a goleada cruzmaltina. Até porque o Flamengo escancarou ainda mais o meio-campo com Bottinelli substituindo Muralha, que já tinha cartão amarelo e fazia faltas seguidas.

Mesmo atuando como volante mais fixo, Kléberson era o melhor rubro-negro. Marcava, jogava, liderava. Com espaços para aparecer sem a marcação de Felipe, arriscou um chute de fora da área e marcou um golaço que recolocou o Flamengo no jogo.

Bottinelli entrou na vaga de Muralha e fixou Kléberson à frente da zaga; Vasco abriu o meio-campo com o recuo de Rômulo para anular Love, mas ganhou força na frente com Felipe e o trio ofensivo.


Cristóvão trocou Alecsandro por Nilton, que foi jogar à esquerda. Fellipe Bastos abriu pela direita e Eder Luís se juntou a Diego Souza na frente. Felipe cansou e o Vasco recuou. Carlos Alberto entrou bem na vaga do artilheiro e craque do jogo e ficou responsável pelos contragolpes quando Eder Luís, também extenuado, saiu para a entrada de Allan. O camisa 84 quase marcou um belo gol no final.

Depois do gol perdido por Ronaldinho na pequena área, Joel arriscou tudo com Negueba e Renato Abreu. Mas tirou Kléberson, além de Luiz Antonio, e deixou os inócuos Deivid e Ronaldinho em nome de uma ofensividade sem trabalho entre as intermediárias. Numa espécie de 4-2-4, partiu para o “abafa”, na emoção, e garantiu emoção até o final por conta dos espaços generosos cedidos pelo adversário, que sofre sem Dedé na retaguarda.

No final, pressão rubro-negra quase num 4-2-4; Vasco se defendeu no 4-4-2 com Carlos Alberto puxando os contragolpes.


Mas é melhor coletivamente e mereceu o triunfo e a classificação. Também chega como favorito na decisão contra o Botafogo. Ao Fla, resta repensar tudo até o Brasileiro.

Enfim, tivemos uma grande partida ou só uma disputa emocionante pela desordem dos times, no melhor estilo “briga de rua”? A análise do jogo é a resposta do blogueiro. Objetivamente, um pouco dos dois. Mais da segunda opção.

E para você, leitor? Jogaço ou bagunça generalizada?

Fonte: Blog Olho Tático - GloboEsporte.com