Vasco tem 15,7% da torcida do Estado do Rio de Janeiro, afirma pesquisa

Sexta-feira, 20/04/2012 - 18:35

A Pesquisa da Vez: Estado do Rio de Janeiro

Detalhamento da pesquisa:

Localidade: Rio de Janeiro (capital e estado)

Instituto: GPP

Amostra: 2.000 entrevistas, entre 31 de julho e 01 de agosto de 2010;

Margem de erro: 2,2 p.p

Rio de Janeiro. Capital do segundo estado mais rico do país – e o terceiro mais populoso, apesar da limitada extensão territorial. No futebol, única cidade brasileira a sediar quatro grandes clubes. E uma profusão de pequenos, tendo como paralelo apenas a argentina Buenos Aires. Foi no lar de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo que o Instituto GPP desembarcou em 2010. A seguir, uma das mais importantes pesquisas já publicadas no Blog Teoria dos Jogos: Rio de Janeiro, estado e capital.

O peso de cada região se baseou no contingente eleitoral, subdividindo o Rio de Janeiro em cinco regiões, expostas a seguir:



Sendo assim, cidades depois da Ponte (como Niterói, já analisada pelo mesmo instituto, e São Gonçalo) foram desmembradas da Baixada Fluminense. Já regiões importantes do interior foram aglutinadas. Volta Redonda e Resende (Sul Fluminense) entraram com Petrópolis e Teresópolis (Serrana). Campos e Macaé (Norte) se uniram a Cabo Frio e à Região dos Lagos.



Os números do estado como um todo variam pouco com relação a Niterói. O Flamengo é líder disparado, com 47,9% das preferências. Seguem Vasco da Gama (15,7%), Fluminense (12,8%) e Botafogo (9,6%). Não há empate técnico entre nenhum dos envolvidos. Assim, pode-se afirmar que esta é a ordem de grandeza do quarteto carioca.

Já na cidade do Rio de Janeiro o Vasco cresce, reforçando a impressão de ter uma torcida muito superior a tricolores e botafoguenses – o que costuma se refletir nas arquibancadas dos clássicos. O clube de São Januário atinge 19,8% – dobro do que o Botafogo detem (9,7%). A explicação reside na histórica ligação da antiga capital do império português e os lusitanos, fundadores do clube. Trata-se de uma relação que não existe no interior. No mais, o Flu marca 13,5%, enquanto o Fla cai um pouco, para 45,6%.

Na medida em que se interioriza, Vasco, Flu e Bota diminuem e o Flamengo aumenta sua força. Este processo começa na região metropolitana – onde, curiosamente, está o maior percentual “sem clube” (16,4%). Chegando ao interior, o Fla atinge nada menos que 50,5% dos torcedores. É o equivalente à soma dos rivais acrescidos de 40%.

De volta à capital, por regiões da cidade:



A menor supremacia do Flamengo se dá na região litorânea (Zona Sul). Por lá, o rubro-negro crava “apenas” 34,5%, verificando forte aproximação do Fluminense, segundo colocado (24,5%). Ainda que se saia mal em uma das regiões mais ricas da cidade, o clube da Gávea cresce com consistência a partir de então, atingindo o ápice de 60,8% na Zona Oeste – região da emergente Barra da Tijuca. O Flu segue caminho oposto. Na Zona Oeste, míseros 5,4% – bem menos que o Botafogo (8,7%) e Vasco (12,7%). O clube da Estrela Solitária tem seu reduto na região central do Rio (15,8%). Clube de massa, o Vasco tem maior torcida na Periferia Norte (27,7%).

Desmembrando o estado:



Acima, vimos que o Flamengo cresce à medida com que se caminha para o interior. Agora, podemos mensurar um pouco melhor este processo: sua intensidade é ainda maior no Interior II – Norte e Região dos Lagos. Por lá, nada menos que 52,5% das pessoas são flamenguistas – mais até que na Baixada Fluminense (49,2%).

Outra constatação importante: tanto no Norte/Lagos quanto em Niterói/São Gonçalo a torcida do Fluminense é maior que a do Vasco. Tratam-se das torcidas que mais variam, disputando o segundo posto cabeça-a-cabeça. Botafoguenses tem perfil estável, acomodados entre 8% e 10% em todas as regiões.

A famosa blindagem do estado do Rio – onde praticamente não há forasteiros – é diminuída no Interior I, onde se encontra o Sul Fluminense. Esta é a região que faz divisa com São Paulo – além de terra natal do Resende e do Volta Redonda. Por isto, 2,9% dos entrevistados torcem por “outros clubes” – percentual que seria ainda maior caso se desmembrasse o Sul da Serra de Petrópolis.

Por critérios de sexo, faixa etária e grau de instrução:



Por idade, percebe-se que a virada do Vasco sobre o Fluminense se deu na década de 80, com a “geração Roberto Dinamite”. Até então, o Fluminense era a segunda maior torcida do Rio. E esta diferença aumenta entre os mais jovens (16 a 24 anos), onde o Fluminense é a menor torcida do Rio. A explicação reside no terrível período 1996/1999, quando o Tricolor amargou três rebaixamentos e o calvário da Série C.

Ao contrário do que se imagina, o maior número de botafoguenses não reside entre os idosos (mais de 60). A “geração Garrincha” arrebatou foi a geração seguinte – hoje de 45 a 59 anos. Entre eles, 13,2% são Botafogo, mais que o Vasco. Menos que o Fluminense.

Já o Flamengo é um caso à parte. Quase não existem épocas de exceção em seu contínuo processo de crescimento. Detentor de 37,1% na faixa mais velha, o Mengão avança a ponto de conquistar 59,6% dos mais jovens. Por pouco, não totaliza o dobro da soma dos rivais.

Por gênero, todos os clubes crescem entre homens, onde apenas 5,6% não tem time. Em termos de escolaridade, o Fluminense encosta no Flamengo em meio ao nível superior completo – SUPC (24,8% a 35,2%). Há mais flamenguistas com Primário Completo/1º Grau Incompleto – PriC/1GI (51,6%). E por incrível que pareça, entre Analfabetos/Primário Incompleto (AN/PriI), a segunda maior torcida é a do Botafogo, com 14,6%.

Finalmente, a importantíssima mensuração da renda das torcidas:

Percebe-se que o Flamengo mantem boa dianteira desde os mais pobres até os que percebem 10 salários mínimos – hoje equivalente a R$ 7.295,80 no Rio. A partir de então, quem faz jus à alcunha de “time de elite” é o Fluminense. Por muito pouco os tricolores não atingem o posto de torcida mais rica do estado (Fla – 32,7%; Flu – 29,6%). Vasco e Botafogo apresentam estabilidade, evidenciando que a base de tricolores cresce exatamente sobre o Flamengo. A pesquisa ainda traz luz aos vínculos empregatícios verificados entre os torcedores.

Um grande abraço e saudações!

E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com



Fonte: Blog Teoria dos Jogos - GloboEsporte.com