A alta quantidade de pênaltis perdidos por Alecsandro e Loco Abreu virou uma veradeira tormenta para Vasco e Botafogo, que se veem à deriva em um tipo de situação que pode decidir os campeonatos que participam - Carioca, Copa do Brasil e Libertadores, todos com sistema de mata-mata. Mas há diferença tanto na influência dos erros como no comportamento dos dois atacantes.
Alecsandro desperdiçou três cobranças em dois jogos no ano, mas não saiu com tanto peso por conta dos resultados finais das partidas, um empate com o Resende pela Taça Rio e uma vitória sobre o Alianza Lima-PER pela competição continental.
Mesmo assim, preferiu a humildade e o reconhecimento de que, no momento, não é o melhor homem para as penalidades no Vasco. "Não fiquei abatido dentro de campo, tanto que depois marquei um gol. Mas, por ter perdido três pênaltis consecutivos, vou rever meus conceitos e passar a treinar mais. Se tiver uma cobrança no próximo jogo, vou passar a bola para outro."
Ele disse a frase acima logo após o 1 a 1 com o Resende, dia 25 de março. Ainda não houve outra penalidade a favor do Vasco desde então, e o atacante, que já fez 14 gols em 20 jogos em 2012, segue nas graças da torcida por conta de seu faro de gol - foram dele os dois na vitória por 3 a 1 sobre o Nova Iguaçu no último domingo que classificou o time para a semifinal da Taça Rio. A única conversão de pênalti do uruguaio foi na goleada por 4 a 1 sobre o Bonsucesso no dia 11 de fevereiro.
A situação está longe de ser a mesma no Botafogo. Loco Abreu desperdiçou cinco das últimas seis cobranças de pênaltis, o último deles no 1 a 1 com o Boavista no domingo passado, e parece achar pouco. Não bastasse a insistência, conseguiu sair de campo insinuando que tem tido poucas chances durante as partidas porque a bola não tem chegado.
"Bem, podem falar que o Loco Abreu não está como em 2011, mas o que vale é uma análise do time. Ainda precisamos de outro atacante de área. Hoje tive só a oportunidade no pênalti. Óbvio, o que fiz é muito pouco para mim, um jogador de nível de seleção", disse, com uma soberba que não cabe a um centroavante que tem errado tanto o chute da linha dos 11 metros apenas com o goleiro à sua frente.
Além do comportamento, Loco Abreu também difere de Alecsandro no que diz respeito à influência das penalidades perdidas nos resultados. Contra o Boavista, o erro aconteceu quando o Botafogo vencia por 1 a 0; na Copa do Brasil, ele desperdiçou a última cobrança, e não fosse o jogador do Treze-PB imitar o próprio uruguaio ao tentar uma cavadinha, as coisas poderiam ter se complicado.
Erro que virou eliminação na Taça Guanabara, quando o atacante bateu sua penalidade nas mãos de Diego Cavalieri, e o Fluminense classificou-se para depois bater o Vasco na decisão e levantar a taça. O primeiro da série de desperdícios foi ainda em 2011, em novembro, quando o time pedia para o Atlético-MG por 2 a 0. Perdeu e viu a derota virar goleada mineira por 4 a 0.
Quando questionado direto sobre a faha no último jogo, tentou minmizar. "Foi uma ótima defesa do goleiro. O lance não tem muita análise", respondeu. Fosse algo isolado, não, mas uma série de pênaltis perdidos como essa precisa ser revista. à noite, diante do Guarani, na volta da segunda fase da Copa do Brasil, outra vez a decisão pode parar na linha dos 11 metros. E Loco Abreu deve, novamente, ir para a cobrança.