O Vasco está nas oitavas de final da Copa Libertadores e na semifinal da Taça Rio. Se o ano vai bem dentro das quatro linhas, o ambiente está longe de ser dos mais serenos nos bastidores de São Januário. Em constante efervescência política, um impasse financeiro envolvendo o programa de sócios “O Vasco é meu”, administrado pela empresa Torcedor-Afinidade - hoje Jeff Sports - pode acarretar na reprovação das contas da gestão Roberto Dinamite referentes ao exercício 2011.
Além de o programa de relacionamento com o torcedor não atender ao que se esperava quando o acordo foi celebrado em maio de 2009, o Conselho Fiscal detectou falhas no contrato e evidências de prejuízos financeiros. As principais queixas estão ligadas ao fato de o clube não ter acesso à conta corrente do programa e muito menos aos extratos mensais. Além disso, a empresa retém porcentagem excedente pela prestação do serviço.
Embora os valores sejam mantidos em sigilo, a reportagem do UOL Esporte apurou que o Vasco repassa algo em torno de 23% do captado mensalmente, mais do que os 15% acordados em contrato. A diretoria afirma que a arrecadação mensal com o programa de sócios é de R$ 330 mil. No entanto, as contas apontam que o montante não supera R$ 220 mil. Um buraco que, aliado a outras despesas do clube, não “fecha a conta” para o Conselho Fiscal.
Tanto que o Conselho Deliberativo, presidido por Abílio Borges, foi comunicado oficialmente para a necessidade de esclarecimentos da administração sobre o complicado contrato. Em 15 de fevereiro, o Conselho Fiscal enviou relatório detalhado sobre as irregularidades para Borges. A questão gera desconforto para Roberto Dinamite, que convive diariamente com as cobranças. A reportagem teve acesso a uma carta da oposição (veja parte acima), protocolada em 27 de março, pedindo a convocação urgente de uma reunião extraordinária para apreciar o assunto, mesmo desejo de membros participantes da gestão atual e que contestam o contrato.
Entretanto, passados mais de 60 dias da entrega do relatório do Conselho Fiscal ao presidente do Conselho Deliberativo, nada foi feito. Em razão disso, as contas de 2011 correm o risco de não serem aprovadas. Roberto Dinamite e seus pares ainda possuem tempo para solucionar o impasse, já que está previsto apenas para o fim do mês a publicação do balanço financeiro do ano passado, enquanto a reunião para apreciação das contas ainda não foi marcada.
Abílio Borges foi procurado para falar sobre a demora em resolver o problema. Segundo o dirigente, a diretoria tem até a semana que vem para explicar o contrato envolvendo o programa. “A situação foi analisada através de estudos e nos foi apresentado um relatório. Cobrei da diretoria uma posição e aguardo até a semana que vem os esclarecimentos. Se as explicações não chegarem vamos ver quais medidas tomar. Mas acredito que tudo vai se resolver de acordo com sinalizações que recebi para uma solução”, explicou.