Eduardo Machado fala sobre o trabalho à frente do Marketing do Vasco

Domingo, 15/04/2012 - 10:48

Foi oficializado durante a semana o nome de Eduardo Machado como novo Vice-Presidente de Marketing do Vasco. O administrador chega para substituir Fabio Fernandes, que deixou o cargo por falta de tempo para exercer sua função no clube.

Eduardo chega com indicação do empresário vascaíno Olavo Monteiro de Carvalho e muita bagagem nas costas. Em entrevista exclusiva ao Blog da Colina, o novo dirigente cruzmaltino fala sobre trajetória profissional, planos para o Vasco e muitos outros detalhes que são de interesse do torcedor.

Confira abaixo a primeira entrevista de muitas que o Blog pretende trazer aos leitores.


Em primeiro lugar, apresente-se ao torcedor do Vasco. Conte sobre sua formação e sua trajetória na carreira.

- Comecei a trabalhar com 18 anos numa pequena empresa de serviços de reparo em telecomunicações. Esse primeiro emprego foi fundamental em minha formação. Fiquei dois anos e pude fazer tudo que uma empresa necessita (comprar, vender, orçar, controlar estoque, auditar, entre outras inúmeras atividades). Vi também como é difícil crescer e construir uma marca forte e respeitada. Utilizo isso até hoje como base em tudo que estou envolvido. Em paralelo, por influência do meu pai, ingressei no associativismo voluntário, através da rede de associações comerciais, mais precisamente em um convênio da Associação Comercial e da Industrial de Jacarepaguá com o Sebrae/RJ. No decorrer dos anos, virei empresário, mas sempre fiquei ligado ao que chamo de “associativismo puro”, sempre não remunerado. Em 1999, cheguei à Associação Comercial do Rio de Janeiro. Hoje continuo ligado à mesma e também à FACERJ, que é a Federação do Estado, à CACB, que é Confederação das Associações Comerciais do Brasil, e è CONAJE. A minha trajetória é dentro do mundo empresarial, nele que projeto e supero os desafios impostos em nosso país. Tenho participação em duas empresas, uma de call/contact center e outra de consultoria em gestão empresarial e projetos especiais.

O último VP de Marketing, Fabio Fernandes, deixou o cargo por morar em São Paulo e não ter tempo para se dedicar integralmente à função. Você vai poder dar uma atenção maior ao clube?

- O Vasco vai ser prioridade, já é uma prioridade na minha vida. E agora na nova função de VP de Marketing, a responsabilidade e o comprometimento com o clube só aumentam. Meu envolvimento vai ser direto e presencial, além do uso de todos os meios possíveis de comunicação.

O Vasco possui grande base de torcedores fora do estado do Rio de Janeiro. De que maneira o marketing pode atuar para não apenas aproximar esse torcedor do nosso clube como também fazer de todo esse potencial uma melhor fonte de receita?

- Temos que entender que essa questão da expansão do clube, principalmente falando em outros estados ou outras cidades fora do nosso centro, é custosa. É como se a gente fosse viajar pra outra cidade, outro estado ou outro país. Quanto mais longe você for, teoricamente, o custo direto ou indireto é maior. Temos que compreender a restrição financeira que ainda tem um peso muito grande no clube. O que vamos tentar fazer dentro das funções do marketing, por exemplo, é a expansão da marca Vasco da Gama através da Gigante da Colina. Então se a gente já tem a estrutura de uma loja e pode aumentar o tráfego dela, porque não envolver o programa de incremento de sócios dentro dessas localidades? Acho que isso já seria um primeiro passo bem importante, é factível. Vamos tentar operacionalizar essa ação, entre outras que serão desenvolvidas. Mas eu queria pontuar e ser bem preciso sobre esse exemplo que podemos desenvolver em relação a isso.

O Vasco voltou a ter grande visibilidade por estar na disputa da Libertadores. Entretanto, o clube continua com espaços vazios na camisa. É um caso isolado ou o mercado de patrocínios está temeroso? Já existe um projeto de captação de novos patrocínios em prática?

- Essa é realmente uma das grandes preocupações, ocupar esse espaço nobre na principal vitrine do Vasco, que é o futebol profissional. A gente espera, em curto prazo, já ter uma notícia importante de uma multinacional do setor privado, para diminuir essa dependência das certidões, que também são um desafio muito grande por esse passado acumulado que todos os clubes vivem. Em relação ao mercado, não é o momento ideal, já que muitas empresas de grande porte já fecharam seus orçamentos para o ano de 2012. Abrir exceções dessa dimensão é sempre complicado, mas vamos trabalhar com afinco em busca disso. O Vasco não é raro, o Vasco é único. Só existe um Vasco da Gama no mundo, com todo seu peso.

Como você analisa a parceria com a Eletrobrás?

- A parceira com a Eletrobrás foi fundamental, foi um marco para o Vasco da Gama. A luta para conseguir essa verba, esse contrato que é quase de 15 milhões/ano, é algo que deve ser louvado dentro do clube sempre. As dificuldades de recebimento são oriundas de certidões negativas que são impossíveis de serem mantidas em ordens na situação atual. Trabalha-se muito. O Vice-Presidente Jurídico, Dr. Rouxinol, o Vice-Presidente de Finanças, Dr. Nelson Rocha, e o presidente Roberto Dinamite são pessoas que luta incansavelmente para que isso seja resolvido. Em curto prazo, essa solução é uma missão quase impossível. Agora, o contrato com a Eletrobrás foi fundamental e vai continuar sendo em 2012 para a questão da manutenção da folha salarial do clube. Então nós temos que valorizar muito a Eletrobrás, valorizar muito esse contrato, porque a luta para conseguir isso foi muito grande. E os problemas de recebimento não pertencem à Eletrobrás, estão inerentes a um processo que, infelizmente, está presente em vários clubes brasileiros.

Como pretende lidar com a grande quantidade de produtos piratas?

- A minha opinião é que produto pirata é caso de polícia, caso de segurança pública. Aí tem que tratar isso com as esferas pertinentes. Claro que dentro da linha de licenciamentos e autorizados não há problema. Agora, tudo que for pego não autorizado vai ser objeto de denúncia, vai ser objeto encaminhado para o Departamento Jurídico, que vai tomar todas as medidas com o apoio do Marketing. A gente vai trabalhar sempre para quem está certo. Para quem está errado, tomaremos as medidas cabíveis. Nós não vamos trabalhar pela exceção, vamos trabalhar pela regra.

Qual o peso que tem o retorno/reencontro de velhos ídolos (Juninho, Felipe, Edmundo*) e novos ídolos vascaínos na busca de patrocínios?

- Os ídolos para o Vasco são fundamentais. A gente vai sempre buscar novas fórmulas de relacionamento diretas e indiretas com o torcedor. O que eu chamo de direta? Relação direta com os grupos de interesse: torcida, poderes do clube, imprensa e por aí vai. E indireta através dos patrocinadores que queiram fazer o que a gente chama de ativação nos seus processos de marketing. Então, os ídolos têm o seu peso e eles podem, sim, ajudar na busca por novos patrocínios. Talvez, patrocínios mais pulverizados, patrocínios mais pontuais em um primeiro momento. Mas, certamente, eles podem fazer parte de uma campanha, de uma ferramenta de marketing desses patrocinadores. A gente vai poder desenvolver isso caso a caso.

Quais são os passos que você pretende implementar para que o Vasco tenha uma equipe de marketing compatível à dimensão do clube e de sua torcida?

- Quinta-feira eu tive a primeira reunião completa com a equipe de marketing do clube, até já conhecia algumas pessoas. O que eu posso garantir, apesar de já ter essa ciência, é que são pessoas de bem, são pessoas comprometidas, que passam por cima de muitas dificuldades, até mesmo pelo tamanho da equipe, para desenvolver um trabalho extraordinário dentro do clube. O que a gente não vai perder de vista, e vocês podem ter como comprometimento, é a evolução contínua dessa equipe, seja em tamanho ou, principalmente, em qualidade. Então, se a gente tiver que abrir mão, a gente vai procurar selecionar as coisas e fazer as coisas certas e com precisão. Muitas vezes, a equipe quer abraçar o mundo e fazer dez coisas, mas o tamanho dela só permite fazer cinco, então vamos fazer essas cinco bem feitas, vamos entender que as outras cinco ficarão para outro momento ou, infelizmente, não poderão ser realizadas. A gente vai sempre trabalhar, fazer mais que o possível, mas sem perder o conceito do bom senso e da realidade do clube, seja ela financeira, seja ela estrutural ou qualquer outra. O trabalho da equipe é fazer mercado, marketing é fazer mercado de maneira sólida por longo prazo. Esse é o comprometimento que vocês podem esperar.

O Vasco almeja vender os ingressos apenas pela internet, ou pelo menos a grande maioria deles, como fazem os grandes clubes do Brasil e do mundo?

- Em relação aos ingressos, a internet tem que ser disseminada a todo vapor, porque é meio mais confortável atualmente para a pessoa adquirir o ingresso. Agora, nós também temos que dar outros meios de acesso, temos que continuar motivando para que o vascaíno possa comprar esse ingresso com a maior antecedência possível. A gente vai tentar implantar o famoso carnê para o ano que vem. Para esse ano fica complicado, apesar de ter sido realizado através do sócio-torcedor em 2012. Se nós conseguirmos trabalhar isso, vamos eliminar um pouco os problemas de logística no encaminhamento e na venda dos ingressos. Mas eu estou mais preocupado, nesse primeiro momento, em tentar evitar que o estádio fique vazio em determinadas ocasiões, em determinados jogos, isso é uma venda que a gente nunca mais recupera. Então, determinadas ações de marketing que possam trabalhar com preços crescentes. Se pudéssemos fazer algo do tipo ‘’quem comprar primeiro, paga menos’’, aí vai subindo o preço com o passar do tempo até chegar o limite. A gente precisa olhar a legislação brasileira, que amarra muito isso. É apenas uma ideia, não sei se podemos colocar em prática. Mas realmente a internet é algo que vamos estimular, porque, além de ser confortável, damos uma condição honesta para o nosso torcedor, que não vai enfrentar sol, chuva, fila, não vai precisar se deslocar, vai economizar tempo e dinheiro. Então, a gente vai procurar encaminhar todos os processos de venda que levem o torcedor a serem mais respeitados e mais tratados com carinho.

O Vasco planeja propor alguma forma de se obter dados de número de torcedores de cada clube no PPV, já que a diferença entre o que os grandes clubes recebem se encontra basicamente nesse número? Você não acha fundamental que não só o Vasco, mas todos os outros clubes tenham acesso à forma como essa medição é feita e seus números reais?

- Essa obtenção de dados, dependendo apenas do Vasco, é por pesquisa. Aí o Vasco precisa contratar uma pesquisa, que vai servir para que? Pode servir para contestar algum número. Mas se o número estiver muito próximo do divulgado, é isso mesmo. O Vasco tem que entender que, na maioria das vezes, as pesquisas são sérias e refletem uma realidade. Tem gente que pode discordar, faz parte. A gente pode, sim, fazer uma pesquisa para verificar de forma aleatória como tentar confrontar isso com os dados divulgados na mídia. Agora, isso custa, temos que ver também a validade disso. Se descobrirmos uma maneira de validar isso que seja benéfica para o clube, vamos encaminhar essa situação. Já no caso do acesso, não depende só do clube. Se quem tem esses dados não for obrigado a cedê-los, dificilmente vai acontecer. Estamos falando de empresas ligadas à Rede Globo e multinacionais. Se você tem um contrato de patrocínio vinculado a um número de vendas e esse número é irreal, isso seria um escândalo sem precedentes na história, passível de um processo judicial. Mas temos que entender, também, que esses números podem representar a realidade. O que a gente vai apurar é esse denúncia de que muitas pessoas não foram perguntadas sobre seu time no momento da assinatura. Vamos tentar chamar atenção e corrigir se necessário, já que isso já faz parte dos processos de medição das empresas.

Como pretende contribuir no programa de sócios ‘’O Vasco é meu’’, que vem sendo duramente criticado? Quais são as medidas que o departamento de marketing pretende adotar para expandir o número de sócios?

- Em relação ao ‘’O Vasco é Meu’’, é muito importante entender e contextualizar. Nós antes tínhamos 900 sócios pagantes, hoje são 14.500. O número atual é 15 vezes maior do que o anterior. O problema é que a meta divulgada foi de 100.000 sócios, estamos em 15% da meta. Então, temos que primeiro analisar se essa meta foi mal projetada e avaliar qual o número factível de crescimento anual que podemos conseguir. Isso está diretamente relacionado a investimento, não tem como captar novos sócios sem investir corretamente. Isso não é barato. E hoje o Vasco tem um desafio financeiro muito grande. Claro que nós vamos estar à disposição da área de Comunicação com o Vice-Presidente, Dr. Peralta. O Marketing vai estar diretamente envolvido nessa questão do plano de sócios, tentando eliminar os problemas que efetivamente existem e transformá-lo num sucesso maior do que vem obtendo. Lembrando que podem acontecer barreiras que dificultem essa evolução no nível que o vascaíno deseja e que o próprio presidente Roberto Dinamite deseja. Todos aqui gostariam de ter 100.000 sócios adimplentes, não é por falta de vontade. Vamos procurar entender os processos e ver como o programa pode ter um desempenho melhor para tentar aumentar bastante esse número. Em nossa opinião, da área de marketing, o número de 14.500 sócios adimplentes, para um clube do tamanho do Vasco, pode aumentar muito.

É sabido que o Flamengo tem muito mais jogos programados na Rede Globo, e o Vasco tem o mesmo número do Fluminense, que é de um grupo de recebimento inferior. Assim como fez o Palmeiras, você pretende buscar um aumento do número de jogos do Vasco que serão transmitidos em TV aberta?

- Vamos entender como foi feito esse trabalho, essa medição, porque cada jogo tem um tipo de remuneração. Temos que entender também como o mercado está recebendo esses jogos. O que me preocupa é o Vasco ter uma atuação cada vez melhor nos campeonatos, aumentando a atratividade, aumentando o público. E aí, naturalmente, nós vamos atingir patamares maiores. Porque o que interessa, afinal das contas, é a quantidade de patrocinadores que uma TV consegue captar naquela transmissão, o quando de dinheiro que ela faz com aquele jogo. Pode ser o jogo do time A contra o time B, se a TV conseguir vender X milhões de patrocínio para esse jogo, será com certeza o jogo transmitido. Então a realidade hoje é essa: os times que estão com mais jogos são times que estão com mais facilidade de venda e atração de patrocinadores para quem transmite. E a gente tem que aceitar essa realidade, mas trabalhar muito para que esse cenário mude, para que o Vasco tenha cada vez mais jogos.

Sabe-se que Olavo e Fernandão são pessoas muito próximas a você e foram importantes para sua indicação. De que maneira eles vão participar da sua gestão?

- Eu posso dizer o seguinte: o Fernandão vai participar diretamente da área de marketing. Outra pessoa, que é conselheiro, já foi diretor de engenharia, foi um dos responsáveis pela loja do clube, Manoel Santos, também vai participar. Vamos trabalhar em grupo. Não tem um salvador da pátria, não tem uma pessoa que vai fazer o trabalho todo. A equipe de marketing também vai ser muito valorizada, nós temos pessoas lá que já vêm desenvolvendo esse trabalho. Vamos procurar obter resultados melhores. Em relação ao Dr. Olavo Monteiro de Carvalho, é uma pessoa fundamental, presidente de um dos poderes do clube, pessoa com serviços no passado de valor incalculável para o Vasco da Gama e um dos nossos grandes incentivadores. A indicação e o reforço dele só me honram. Eu sou um fã incondicional dessas duas pessoas porque, além de grandes vascaínos, colaboram com seu tempo e, muitas vezes, com investimentos que não aparecem para a torcida e na mídia, mas vão pessoas que vão estar diretamente na gestão, seja com apoio ou participação. O verdadeiro dono do Vasco da Gama é o vascaíno, e não um Vice-Presidente, e não um grupo que esteja liderando qualquer tipo de área aqui dentro.

Existe algum projeto maior para a VascoTV, com possibilidade de transmissão de treinos, bastidores e entrevistas ao vivo?

- Em relação à parte da TV, principalmente Web TV, a gente entende que o vídeo vai evoluir muito nos próximos anos por todos os meios, principalmente na internet. O que a gente puder fazer, tendo recursos para tal, para aumentar essa atratividade, para transformar isso em recursos para o clube, vai ser feito. Se a gente tiver patrocínios para isso, a gente vai procurar acelerar esse processo. Ou seja, todos os canais de comunicação do vascaíno com o seu clube serão valorizados nessa gestão.

Como você vê o lançamento de terceiras camisas com cores e modelos diferentes aos tradicionais do Vasco?

- Sendo bem objetivo em relação à terceira camisa: eu acho que o Vasco teve experiências passadas muito bacanas com terceira camisa, que remeteram ao preto, principalmente aquela camisa toda negra da qual eu sou fã. A gente vai resgatar a participação da torcida na escolha da camisa, isso é fundamental. Em relação à derivação, a gente pode ter terceira camisa que respeite o estatuto do clube, que esteja de acordo com o desejo da torcida, e nós podemos também ter derivações da terceira camisa: um modelo feminino rosa, um modelo de meio ambiente verde, um modelo azul com listras brancas, um modelo com corte diferente, tecido diferente. São derivações de uma terceira camisa oficial. O que o marketing puder ajudar a criar em cima de algo que respeite o estatuto e, mais do que isso, a opinião e a vontade do torcedor vascaíno, vai ser muito bem recebido. Eu não vejo nenhum problema em termos uma camisa multi colorida desde que respeite o estatuto. Lembrando que o estatuto é ultrapassado de 1979, então também temos que entender que não houve uma modernização desse estatuto. Citar o estatuto por citar é muito fácil, mas transformar essa ação em algo positivo é algo difícil. O que a gente vai procurar evitar, então, é que a opinião do vascaíno não seja levada em conta.



Fonte: Blog da Colina