Eles vestiram grandes camisas do futebol brasileiro, enfretaram estádios lotados e estiveram presentes em partidas importantes. Com muitas histórias e caminhos percorridos, os andarilhos do Carioca se arriscam na Segunda e na Terceira Divisão do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Nesta reportagem, Jean e Júnior contam como esperam voltar aos grandes centros jogando pelo America.
Na série B do Carioca, Jean e Júnior buscam o renascimento da carreira e do America
Adversários na final do Campeonato Carioca de 2004, Jean e Júnior hoje são amigos e estão juntos lutando por seus objetivos. O primeiro é coletivo: levar o America de volta à Primeira Divisão. O segundo, pessoal: voltar a jogar na Série A do Brasileirão. Com passagens por grandes clubes brasileiros, Jean busca belas atuações para jogar na elite do futebol no segundo semestre de 2012.
“Tenho um carinho grande pelo America, quero fazer bem meu trabalho aqui e ser campeão, para colocar o clube onde ele merece. Mas sei que ainda tenho condições de jogar na primeira divisão nacional e espero que as portas se abram para mim”, afirmou o atacante. Com 30 anos, ele não esconde o carinho especial pelo Flamengo, clube que o revelou.
“Passei metade da minha vida no Flamengo. É um clube em que todo mundo gosta de jogar e ser campeão”, diz Jean, que conquistou o Estadual de 2004 e foi o autor dos três gols da segunda partida da final contra o Vasco: “É difícil explicar, poucos foram os jogos em que fiz três gols. Aquela final foi, sem dúvida, um marco na minha vida”.
Do outro lado do campo estava o volante Júnior, com a camisa vascaína: “Sempre gostei dos clássicos, dos grandes jogos. O Maracanã lotado não tem preço”, revelou o jogador de 26 anos, que não perde a oportunidade de agradecer ao Vasco: “Toda minha escolaridade, meu ensino, eu devo ao Vasco. Fiquei lá dos oito aos 22 anos, foi minha escola da vida. O clube onde aprendi a ser homem”, disse.
Campeão mundial pela seleção brasileira sub-17, em 2003, na Finlândia, Júnior fez parceria com Arouca, atualmente no Santos, e venceu a decisão contra a Espanha, de Fábregas, por 1 a 0.
“Foi um jogo muito difícil, olhava para o placar e ele marcava 89 minutos. Virei para o Arouca e disse: ‘Esse placar está maluco, o jogo não vai acabar não?’, e ele me explicou que a partida só acabava aos 90 (risos)”, lembra o volante, que admite erros no início da carreira.
“Aconteceu tudo muito rápido. Não tinha uma base familiar ou um empresário para me ajudar. Acabei me iludindo e errando muito. Hoje, estou casado, sou um pai de família e ainda tenho muito gás para dar. Quero provar que mudei”, afirmou o atleta, que também busca uma nova oportunidade em grandes clubes.
Dificuldades da Segundona incomodam
A vida na Série B do Carioca não é fácil. Com viagens difíceis e campos ruins, os jogadores lutam para se acostumar com a nova realidade: “É muito mais difícil jogar a Segundona do que a Primeira. Os campos são ruins e os times ficam muito fechados contra o America”, destaca Jean, que demonstra gratidão ao clube.
“O America me ajudou em um momento difícil. Tive propostas da Primeira Divisão Carioca, mas o esforço feito pela diretoria fez com que eu ficasse. Estou muito feliz aqui”.
Rússia e Vasco marcaram carreira de Jean
Após sair do Flamengo, Jean foi jogar no Saturn, clube da Rússia. Apesar de ir bem, o atacante preferiu voltar ao Brasil, por causa do rigoroso inverno russo e pela distância da família.
“Me arrependo. Se eu tivesse a experiência que tenho hoje, teria ficado lá. A carreira de jogador é curta e temos que aproveitar as oportunidades”.
Emprestado ao Vasco, o jogador chegou com desconfiança, mas demonstrou bom rendimento no Campeonato Brasileiro de 2006, quando quase levou o clube à Libertadores.
“A torcida do Flamengo não esperava (o acerto com Vasco), mas sou profissional. O início foi difícil. Até quando eu acertava, os vascaínos me vaiavam. Mas depois fui bem e ajudei bastante. Sei que fizemos o trabalho certo e quase conseguimos a classificação para a Libertadores. Tenho um carinho muito grande pela instituição. É difícil fazer história pelo Vasco e pelo Flamengo, mas eu consegui”.
Jean ainda passou pelo Cruzeiro, Corinthians, Santos e Fluminense, mas não conseguiu se firmar em nenhum deles.
Amizade dentro e fora de campo
Juntos em campo pelo America, Jean e Júnior se tornaram amigos e rasgam elogios um ao outro.
“O Jean tem um coração imenso, é um cara família, experiente e vitorioso”, afirma Júnior, que também recebe o carinho do atacante: “Não esperava essa amizade, mas o Júnior é um jogador de grande qualidade. Infelizmente, não conseguiu se firmar em um grande clube, mas é uma boa pessoa e se dedica muito aos treinos”, garante Jean.
Campeão da Série B pelo mesmo America em 2009, Júnior já está acostumado com a competição, mas garante que é difícil se adaptar a uma realidade diferente do que ele vivia no Vasco.
“É difícil, mas hoje estou bem. O America é a minha casa, é um grande clube e tenho vários amigos aqui. Estou feliz”.
Jean segue a opinião do amigo e garante que felicidade não lhe falta, mesmo não jogando na elite do futebol brasileiro.
“Se eu não estivesse feliz, não estaria no America. Tudo é um aprendizado. Quando eu não for mais feliz no futebol, paro de jogar. Enquanto isso não acontece, busco sempre demonstrar minha alegria dentro de campo”, finaliza.
Fonte: O Dia online