A partir desta sexta-feira, os fãs do futebol têm um compromisso marcado nas salas de cinema, com a estreia de “Heleno, o Príncipe Maldito”, que retrata a vida de Heleno de Freitas, craque que defendeu o Botafogo, Boca Juniors e Vasco nos anos 40. O ídolo alvinegro teve uma trajetória marcante dentro e fora dos campos. Nascido em uma família tradicional mineira, Heleno se formou como advogado e formou uma das melhores linhas de ataque da história da Seleção Brasileira, com Tesourinha, Zizinho, Ademir Menezes e Jair Rosa Pinto.
Mas teve a carreira não apenas marcada pelos gols (foram 204 em 233 jogos pelo Botafogo, sendo o quarto maior artilheiro da história do clube). As brigas com adversários, companheiros, dirigentes e treinadores foram frequentes. Problemas em sequência que acabaram provocando a sua saída do Botafogo em 1948, antes de ver o seu time do coração comemorar o esperado título carioca naquele ano. Somente teria a alegria de ser campeão no ano seguinte, com a camisa do Vasco. Do qual saiu após brigar com o treinador Flávio Costa. Que também comandava a Seleção Brasileira, o que fechou as portas do selecionado para o atacante.
Coube ao diretor José Henrique Fonseca o desafio de transformar em filme uma vida repleta de elementos cinematográficos: um jogador de classe alta, considerado galã, bon vivant, com muitas conquistas amorosas, vitórias e derrotas nos gramados, brigas e um fim melancólico, doente e longe da fama em um sanatório. Com a morte precoce causada pela sífilis, aos 39 anos de idade.
- Heleno é um personagem cinematográfico. Acho que na história do futebol brasileiro, não existe um jogador que se adeque tão bem a ser retratado em um filme. Cuja vida se parece com um filme. É um personagem fascinante – afirma o diretor, nesta entrevista ao Memória Esporte Clube.
Memória EC – Alguns críticos afirmaram que quem for ao cinema esperando em “Heleno” um filme de futebol, vai se decepcionar. Concorda com a análise que é não um filme sobre futebol?
- Concordo que não é um filme de futebol. É um filme em que o universo do futebol está retratado, que tem cenas de futebol, em que a relação do Heleno com os dirigentes está presente, por exemplo. Mas diria que (o futebol) está em um segundo plano. O filme mostra a vida conturbada do personagem, não apenas do ponto de vista do futebol.
A vida do Heleno realmente se pareceu com um filme?
- Heleno é um personagem cinematográfico. Acho que na história do futebol brasileiro, não existe um jogador que se adeque tão bem a ser retratado em um filme. Cuja vida se parece com um filme. É um personagem fascinante. Ele era um jogador à frente do seu tempo. E era bipolar. Em uma época em que esse problema não conseguia ser diagnosticado de maneira precisa. Na época, quem apresentava um comportamento do tipo era chamado de maluco, diziam que estava com o diabo no corpo…
Heleno atuou nos anos 40 e são raros os registros dele. Isso atrapalhou na produção do filme?
- Tivemos acesso a poucas cenas dele atuando pelo Boca Juniors. Não tivemos acesso à voz do Heleno, por exemplo. Mas acho que não atrapalhou muito. Deu até mais liberdade.
Alguns jornalistas comparam a trajetória de Heleno de Freitas a de Adriano. O que acha?
- Não acho uma comparação cabível. Acho que Heleno se aproximaria mais do Edmundo. Heleno era muito cordato fora de campo e se transformava dentro de campo. O Edmundo é conhecido como Animal. Mas acho que o Heleno não tem muito parâmetro no futebol atual. Ele era um advogado, por exemplo.
Fonte: Blog Memória E.C. - GloboEsporte.com