Cristóvão Borges assumiu o Vasco em meio a uma crise emocional. O técnico e amigo Ricardo Gomes sofreu um AVC durante a partida contra o Flamengo, em agosto, e ficou semanas internado. Como auxiliar, Cristóvão seguiu o caminho natural e assumiu interinamente a vaga deixada pelo companheiro. O Vasco não fraquejou e teve bons resultados no segundo turno do Brasileiro, tudo sob o comando do novo treinador. A boa campanha na Sul-Americana - o time foi semifinalista - e o início consistente da equipe nesta temporada fizeram Cristóvão ver que o sonho de tornar-se técnico pode ser real.
Oficialmente, ainda se espera no Vasco o retorno de Ricardo Gomes para comandar a equipe. Mas, como não há previsão para isso, Cristóvão quer aproveitar esse tempo para consolidar seu nome. Ele não sabe o que vai acontecer após a volta do seu amigo, mas quer garantir que o mundo do futebol o veja como um treinador vitorioso para, se necessário, buscar seu espaço fora de São Januário.
- Por estar em um clube como o Vasco e conseguir manter o nível técnico da equipe por todo esse tempo, acabou sendo uma coisa natural pensar em ficar como treinador. Todo auxiliar quer ser técnico um dia e comigo não era diferente. No início, dei sequência ao trabalho do Ricardo e todos os campeonatos que a gente disputou, entrou forte, com chance de ser campeão. Isso me fortalece. Nem precisava de anúncio porque foram as circunstâncias. As coisas foram acontecendo e eu estou aqui por causa dos jogadores que têm se empenhado demais.
E é na confiança em seus jogadores que estão depositadas as esperanças mais fortes de Cristóvão para se firmar em sua nova profissão. O treinador tem fé que o time pode surpreender na Libertadores e conseguir algo que poucos acreditam.
- Meu grande plano é passar o mais longe possível na Libertadores. Acho que esse time vai surpreender. A análise natural é que um time precisa ficar alguns anos disputando a competição para ter chance de ser campeão. O Vasco estava há onze anos longe do torneio, mas eu acredito muito nesses jogadores. Acho que a gente pode ter uma grata surpresa.
Quando Ricardo Gomes voltar, Cristóvão terá o futuro incerto. Mas o treinador torce pela rápida melhora do amigo e faz uma promessa:
- Eu quero entregar o Vasco da melhor maneira possível para o Ricardo. Acho que essa é minha missão. Acredito que ele volta ainda este ano sim, se Deus quiser. Como não tem prazo para isso, até lá podem surgir novas ideias.
Juninho e Felipe, o assunto mais chato
Este ano, Cristóvão tem respondido quase toda a semana sobre a possibilidade de Juninho e Felipe jogarem juntos no time titular. O assunto já virou até brincadeira para o treinador que o classifica como “o mais chato”.
- Não é que eu não goste de falar desse assunto. Quando você fala do Vasco, é normal falar dos grandes ídolos. Mas eu estou dirigindo o clube há seis meses e há cinco eu falo sobre isso. A repetição desse assunto tem gerado até embaraços. Até o Juninho já disse que não aguenta mais falar disso. Vamos continuar fazendo o de sempre. Quando eles puderem, eles jogam. Tem que ver a condição física. Eu já estou até esperando alguém começar a perguntar também do Carlos Alberto...(risos).
Já que falou do assunto mais chato, Cristóvão também revelou sua maior alegria em dirigir o Vasco. Para ele, não há nada mais gratificante do que ver a união das arquibancadas com o time dentro de campo.
- A sintonia entre a torcida e a equipe me emociona muito. Isso que é legal no futebol, você ver essa alegria. Depois de tanto tempo nesse mundo, ainda consigo me emocionar.
O Vasco conta com sua torcida neste sábado, quando enfrenta o Macaé, pela 6ª rodada da Taça Rio. O jogo será disputado na casa do adversário, a partir as 16h (horário de Brasília). Na terça, a equipe encara o Alianza Lima, no Peru, pela Libertadores, em duelo que pode decidir a vaga no Grupo 5. A partida tem início às 21h.