A ausência do presidente Peter Siemsen no arbitral da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), organizada na última terça-feira, foi justificável – o clube das Laranjeiras votou a aprovação de contas de 2011 -, mas ao mesmo tempo simbólica. O iG apurou que o Fluminense ficou 'isolado' na tentativa de reduzir o número de clubes participantes do Campeonato Carioca.
Os quatro 'grandes' tiveram encontros no início do ano para discutir o tema e a ideia de diminuição de 16 para 12 equipes, que a princípio também agradava Vasco, Flamengo e Botafogo, será defendida, ao menos por enquanto, apenas pelo time das Laranjeiras. A possibilidade de redução nem constou na pauta do dia no arbitral.
A pressão do presidente da Ferj, Rubens Lopes, teria sido determinante na desistência do trio. O mandatário avalia que a redução de clubes poderia abalar seu poder na federação. Na última quarta, em entrevista ao jornal O Globo, Lopes admitiu que a entidade é credora 'de clube grande', mas não revelou quais e nem o valor dos empréstimos.
Os representantes das 12 equipes inclusive levaram um documento ao encontro onde se dizem contra qualquer alteração no número de clubes do estadual. No formato atual, eles têm maioria dos votos em qualquer decisão. Caso o Carioca fosse reduzido para 12 times, dependendo da classificação (é ela que define o peso do voto de cada clube, com base na colocação no estadual do ano anterior), os quatro grandes teriam maioria nas decisões.
Apesar de não enxergar um isolamento, Peter Siemsen admite que os clubes grandes não estão juntos no debate das mudanças do estadual.
“O Fluminense tem a posição dele, estamos sendo pragmáticos, não é uma questão política. Queremos apenas um campeonato mais atrativo, mais rentável. Não vejo um recuo, mas também não há uma união, dizer que 'estamos juntos' por uma mudança. Acho que cada um está avaliando as questões que estão sendo discutidas”, declarou ao iG.
No início de março, após conversas do presidente da Ferj com os quatro clubes grandes, o Vasco publicou nota oficial declarando apoio à entidade nos debates sobre o estadual.
“No caso do Campeonato Carioca, compreendemos que a Ferj deve estar à frente de qualquer grupo de reflexão para melhorias das competições de âmbito estadual. O Club de Regatas Vasco da Gama, através do seu presidente, Roberto Dinamite, apoia a Ferj e o seu presidente Rubens Lopes”, diz a nota no site do clube.
Na saída da arbitral, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, também optou por sair do 'fogo cruzado' contra os times menores.
“Neste momento não sou favorável, não mudaria. Mas isso é algo que nem tem como pensar, não adianta, não tem como mudar agora”, disse, lembrando que qualquer alteração só poderia ser feita para o estadual de 2014, já que o Estatuto do Torcedor proíbe alterações em uma competição de um ano para outro.
No mesmo dia, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, preferiu enfatizar outros pontos da reunião, como novas estratégias para aumentar receitas, e não se opôs ao número de equipes.
“Precisamos de novas receitas, apostar em diferenciais. Pode ser até com 20 clubes. O que importa é fazer um campeonato melhor. Eu até gosto da fórmula atual. Temos é que levar mais público, produzir mais receita. Qualquer fórmula pode ser boa, desde que aumente receita”.
Fonte: IG