O dia do adeus de Edmundo foi marcado por doses elevadas de emoção e ansiedade. O ex-jogador se encontrou - como previsto - às 16h, no hotel que serve de concentração para o Vasco. Bateu um papo rápido com o grupo e com Pedrinho, que o esperava, para logo se juntar aos demais companheiros na frente da televisão. Antes de encarar o Barcelona de Guaiaquil, o Animal quis ver o Barcelona espanhol, que jogava contra o Milan pelas quartas de final da Liga dos Campeões. Por sorte, o a falta de gols e o empate por 0 a 0 do time de Messi e companhia não contagiou o time cruz-maltino, que se impôs e venceu por 9 a 1 o rival da última quarta-feira.
- Houve preleção, fizemos um lanche. Experimentei novamente tudo aquilo que vivi durante 20 anos. Achava chato, mas hoje fiz tudo amarradão, como se fosse um menino - contou.
Antes mesmo de o jogo acabar, o ônibus com a delegação deixou o hotel, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. No trajeto, o Animal ficou isolado do resto do elenco, muito concentrado. Enquanto os outros jogavam cartas e davam risadas, ele pensava apenas no que iria encontrar em São Januário. Às 18h12m, teve a resposta. A equipe chegou ao estádio e foi recebida por centenas de torcedores que aguardavam no portão para receber seu ídolo. E foi no meio da rua que os primeiros gritos de “Ah, é Edmundo” foram ouvidos. Encantado, o ex-atacante não conseguia tirar os olhos dos fãs.
Ao entrar no vestiário, Edmundo foi recebido por Odvan, Geovani, Pedrinho, Jorge Luiz e alguns amigos de fora do mundo do futebol. Depois de assistir ao vídeo que foi feito para ele, se emocionou e pediu a palavra na roda de preleção. Agradeceu muito ao time atual pela recepção de braços abertos e pela ajuda em sua despedida. A partir de então, vieram os os momentos de maior emoção para o ex-jogador.
Como o Vasco preparou uma grande festa antes de sua entrada, Edmundo teve que esperar o Barcelona ir a campo, seus colegas entrarem no gramado, para só depois o túnel em forma de trem-bala ser aberto para que ele aparecesse. Foi difícil segurar o Animal. Chorando bastante enquanto ouvia a torcida, queria entrar logo e pedia para que o deixassem ir com o time para não ter de esperar. Quando finalmente entrou em campo, a emoção era tanta que chegou a se esquecer por momentos do protocolo e quase não foi direto para o centro do campo. Queria festejar com a torcida. A mesma que pediu uma estátua para o ídolo em São Januário e ironizou Romário.
- Au au au estátua para o Animal! Ão ão ão derruba a do anão! - gritaram os vascaínos
Em campo, a festa foi completa com o placar elástico e os dois gols marcados. Mas o apito final não encerrou a noite especial. Edmundo ainda foi escalado para dar sua última entrevista coletiva. Antes de entrar na sala, parou diante de um espelho, ajeitou o cabelo e conferiu os dentes. Não seria legal ter como últimas imagens uma sujeira na boca....O papo com os jornalistas foi emotivo e descontraído. Sorriu ao lembrar da "ajuda" do árbitro Marcelo de Lima Henrique ao marcar um pênalti inexistente. Também chorou ao falar da falta que os os pais faziam naquele momento. Por fim, foi aplaudido pelos jornalistas e agradeceu.
Ao voltar ao vestiário, todos os jogadores já haviam deixado o local. Mas todos levaram uma lembrança: a camisa da partida, onde estava escrito “obrigado, Edmundo”. Nenhum atleta quis trocar de uniforme com os jogadores do Barcelona, como é de praxe ao fim dos jogos.
Ao sair do vestiário, Edmundo viu que a idolatria vascaína realmente é enorme. Mesmo debaixo de muita chuva, cerca de duzentos torcedores ainda o esperavam para pegar um autógrafo ou tirar uma foto. Foram mais 20 minutos até conseguir chegar ao carro. Mas, mesmo dentro do veículo, ainda assinou mais algumas camisas. Às 23h13m, o Animal cruzou o portão do estacionamento e deixou, definitivamente, sua história como jogador no passado. Mesmo que na rua ainda pudesse ouvir os gritos dos fãs que acabavam de ficar para trás: “Ah, é Edmundo”.
Fonte: GloboEsporte.com