A saída de Carlos Alberto do Vasco, em 2011, foi motivada por uma grande briga no vestiário, após a derrota para o Boavista, a terceira seguida no Estadual. Primeiro, o meia se desentendeu com o então diretor executivo Rodrigo Caetano. Depois, o presidente Roberto Dinamite entrou na discussão, disse que estava acostumado a ser vitorioso e que estava chateado com a situação do time. De cabeça quente após o jogo, o meia se irritou com a declaração e rebateu asperamente. Nos dias seguintes, poderia ter contornado a situação, como fez Felipe (o meia tinha deixado o estádio mais cedo, após ser substituído), que ligou para o dirigente. Mas não se manifestou e acabou sendo negociado.
Após deixar São Januário e rumar ao Grêmio, o meia deixou clara sua mágoa com o presidente cruz-maltino ao postar no twitter uma frase que dizia que Dinamite não mandava sequer em si próprio. Um ano depois, os dois tiverem que resolver as divergências pessoais para conseguir dar fim a um problema que vinha atrapalhando o Vasco e a carreira do jogador. Sem clubes interessados, o meia treinava à parte em São Januário desde o início do ano, mas não vinha recebendo salários a que tinha direito. A solução que se apresentou foi reintegrar o jogador para que ele ou renda em campo, ou pelo menos desperte o interesse de outras equipes. Mas, para isso, era necessária uma conversa franca entre os dois.
E ela ocorreu porque Carlos Alberto também estava cansado de treinar sozinho e queria voltar a jogar. No papo, Carlos Alberto pediu desculpas pelo que aconteceu há um ano, e Roberto Dinamite superou orgulho ferido pelas declarações do jogador.
- Eles conversaram a dois por quarenta minutos. Tudo o que tinha que ser conversado, foi conversado e tudo foi aparado. Não há mais problemas. Foi determinante essa conversa com o presidente. O problema tinha sido esse. Ele se mostrou arrependido do que ele fez – garantiu o diretor executivo Daniel Freitas.
Mesmo com a questão resolvida e com as declarações oficiais de que Carlos Alberto não terá atenção especial, o Vasco não o colocou para dar entrevista coletiva e não deve liberar para exclusivas.
- Não tem blindagem, mas não tem necessidade de falar agora. Se ele apresentar algum problema que a gente identifique que ameaça o retorno dele aos bons tempos ou à coletividade, vamos intervir. Ele está consciente que talvez esta seja a última oportunidade dele no Brasil. Nossa intenção é tratar a reintegração dele como qualquer jogador. Ele está apenas retornando ao time e será tratado igual.
Em campo, tudo certo
Resolvida a parte mais difícil da história, no vestiário o clima foi mais leve. Carlos Alberto ainda tem muitos amigos no elenco cruz-maltino e teve o aval dos líderes para sua reintegração. O técnico Cristóvão Borges contou que a volta ao grupo fez bem ao meia.
- Todo mundo ficou feliz com a volta dele. Ele também se mostrou muito contente. Essa relação no vestiário é muito boa. Quando um jogador fica afastado, ou joga em outro clube, fica com saudade. O problema dele foi com a diretoria. Os problemas dos jogadores são aqueles normais, mesmo sem ele. Por isso, não tem nada que o impedisse de ser bem recebido – garante.
Cristóvão disse que ainda vai levar algum tempo para utilizar o jogador e voltou a bater na tecla de que o meia precisa mostrar serviço em campo para ter chances.
- Ele vai precisar de alguns dias para melhorar o condicionamento. A grande chance, a grande responsabilidade do jogador é dentro de campo. Responde-se tudo dentro das quatro linhas. Ele é talentosíssimo. Tem nível para jogar na nossa equipe, já foi diferenciado aqui dentro. Se ele quiser, se estiver a fim, como demonstrou nas conversas, talento tem para isso. É só trabalhar que acontece.
Fonte: GloboEsporte.com