Edmundo colecionou amigos e desafetos durante os 16 anos de carreira profissional. Porém, um personagem com potencial para virar inimigo resolveu mudar o rumo da história. Vítima da “dança da bundinha” do Animal, em 1997, o ex-zagueiro alvinegro Gonçalves virou amigo do atual comentarista e ainda elegeu o episódio como fator fundamental para o Vasco perder o título estadual para o Botafogo naquele ano.
Em 1997, o Vasco venceu o Botafogo, time pelo qual Gonçalves atuava. Ao final do jogo, Edmundo gastou tempo parando a bola na lateral e rebolando na frente do então zagueiro. Foi iniciada a confusão e uma improvável relação sadia entre os dois. Nesta quarta-feira, dia da despedida oficial de Edmundo, Gonçalves recorda a jogada e revela a convivência com o seu provocador.
“Só fiquei sabendo [da dança da bundinha] quando cheguei ao vestiário. Estava muito próximo dele e olhando fixamente para a bola. Não percebi em campo. No vestiário todos estavam indignados e só acreditei quando revi o lance pela televisão. Hoje em dia somos muito amigos. Malhamos juntos na mesma academia e frequentamos a praia no mesmo local. A relação é a melhor possível”, afirmou o ex-jogador ao UOL Esporte.
Por incrível que pareça, o feito para desestabilizar o Botafogo acabou surtindo efeito contrário, segundo Gonçalves. Motivados pela provocação, os jogadores firmaram um pacto e conquistaram o Campeonato Carioca com gol de Dimba na outra partida. Na comemoração, reboladas em frente aos torcedores vascaínos presentes ao Maracanã.
“O Edmundo sabia provocar os adversários. Ele desestabilizava os marcadores emocionalmente. Tentou fazer isso no lance da rebolada, mas acabou ajudando o Botafogo. Estávamos em uma descendente e o Vasco subindo de produção. Aquilo nos ajudou a reverter tudo e conquistar o título. Foi o lance da campanha”, disse.
Por fim, Gonçalves elogia o amigo. Segundo o ídolo botafoguense, Edmundo foi um dos mais talentosos atacantes do futebol brasileiro.
“Tivemos vários duelos e na melhor fase da carreira dele. Sem dúvida, o Edmundo foi um dos atacantes mais difíceis que enfrentei, um dos mais fantásticos do Brasil. Tinha muita habilidade e temperamento forte. Suas atitudes eram complicadas de prever. Era realmente um jogador inesperado, não tinha como estudá-lo”, encerrou Gonçalves.