Ao longo da vida Chico Anysio declarou seu amor por vários clubes de futebol, alguns deles, inclusive, rivais, como Vasco e Flamengo e Inter e Grêmio. Em Minas Gerais, o humorista dizia gostar do Cruzeiro e no Ceará, sua terra natal, do Ferroviário. Em seu coração grande, porém, eram mesmo o Palmeiras e o Vasco quem tinham um lugar especial. Tantos times, tantas trocas revelam sua maneira bem particular de se relacionar com os clubes.
Para Chico, uma atitude ruim por parte de uma diretoria ou a amizade com algum jogador eram capazes de fazê-lo trocar, como deixou claro numa entrevista especial dada ao GLOBOESPORTE.COM em maio de 2011, republicada na última sexta-feira, quando faleceu.
Uma das poucas, talvez a única, mudança de time por causa do resultado de uma partida teve um atacante capixaba como protagonista. Em 1982, Chico Anysio torcia pelo América, no Rio de Janeiro. O time precisava empatar para avançar de fase no Campeonato Brasileiro, mas acabou derrotado em casa pelo Náutico por 3 a 0, três gols de Baiano, cria do Rio Branco-ES e que também jogou por Desportiva, Vitória-ES, Fluminense, CSA, Santa Cruz, Sport e no Central-PE.
- Eu tinha falado, antes do jogo: "Se o América perder esse jogo, eu paro de ser América. Vou fazer 50 anos, não posso ter uma velhice preocupada. Aí eu voltei a ser Vasco, que tinha sido o primeiro time pelo qual torci no Rio. Tinha deixado de ser Vasco por causa de uma safadeza que a diretoria fez com o treinador, o Gentil Cardoso. Aí, pensei: vou escolher um outro time. E escolhi o maior adversário do Vasco, o Flamengo, que tinha sido o sétimo colocado no Carioca de 1952 - contou Chico, com exclusividade, na entrevista de quase um ano atrás.
Para Baiano, ter feito Chico Anysio mudar de time não deixa de ser uma honra.
- A gente fica até lisonjeado por isso (ter sido o pivô da troca). Eu já sabia desses comentários que ele tinha feito sobre o motivo de ele ter virado vascaíno. É uma coisa que me deixa muito satisfeito, sim. Por dentro, tenho uma eterna gratidão por ele - diz Baiano, que destaca um entre os inúmeros personagens do humorista. - Eu gostava muito do Coalhada, justamente por ser um personagem que envolvia o jogador de futebol. O Chico Anysio tinha uma maestria excepcional para dar graça a todos os personagens que fez. A gente, com certeza, lamenta a morte dele - completa Baiano.
Nota da NETVASCO: O Flamengo foi 2º, e não 7º colocado no Carioca de 1952. Baiano marcou somente um, e não três gols contra o América.
