Líder! Essa palavra resume muito bem qual foi o papel da meio-campista Ana Clara na Seleção Brasileira feminina sub-17 durante o Sul-Americano realizado na Bolívia. Por ter sido convocada para uma posição diferente da que atua no Vasco, zagueira, a jovem só entrou em campo duas vezes na competição, mas teve um papel fundamental fora de campo. Isso porque ela era uma das poucas pessoas da delegação brasileira que falava fluentemente o Espanhol, idioma falado no local do torneio.
Até mesmo por conta disso, a jovem, que no início do ano passou em primeiro lugar na UERJ e em segundo na URFJ para o curso de Educação Física, ajudou as companheiras a se comunicarem com a imprensa e a população local. Gláucio Carvalho, técnico da equipe sub-17 do Vasco e que convive diariamente com Ana Clara, não ficou nenhum pouco surpreso com a atitude da atleta, mas acredita que ela fará de tudo para conseguir ajudar também dentro de campo:
- Ana Clara se destaca no Vasco pela sua dedicação, qualidade e liderança nata que possui. É uma atleta que nunca se acomoda, um vencedora por natureza e busca sempre a perfeição. Está sempre preoucupada em corrigir com os seus defeitos e sempre pronta para treinar. É um exemplo para as outras atletas do Vasco. Na Seleção, tenho certeza que a reserva a incomoda. Pelo que a conheço, ela deve estar treinando mais do que as outras e não deve estar satisfeita com a situação. Porém, por ser uma atleta diferenciada, fala ingês e espanhol fluente, ela foi muito útil para a comissão técnica e as outras atletas – declarou o comandante.
Outro que rasgou elogios para a meio-campista foi Paulo Neves, preparador físico do cruzmaltino. Para o profissional, Ana Clara é um exemplo para todos aqueles que desejam obter sucesso numa determinada profissão:
- Ana Clara é uma atleta exemplar em todos os sentidos, tanto fora de campo como dentro. Encara o futebol com muita responsabilidade, o que faz com que se torne uma atleta diferenciada. Dá um toque refinado a equipe e possui um porte físico de colocar medo nas adversárias. Tem bastante explosão e finaliza muito bem de média e longa distância – afirmou.
No Vasco desde 2010, Ana Clara superou diversas lesões no início de sua trajetória no cruzmaltino, mas em nenhum momento pensou em largar ou deixar de lado o sonho de ser jogadora. Com muita dor e lágrimas, a jovem se apoiou na música (gosta muito de tocar violão), deu a volta por cima e conquistou a Copa Almirante sub-15 (2010), a Taça Iguaçuana Adulta, na Taça Iguaçuana sub-17 e Campeonato Carioca sub-17 (em 2011). A prova da importância da jovem para o time cruzmaltino é a declaração da lateral Rafaella Bastos:
- Joga com muita raça , voltando e atacando. É uma meio-campista que ninguém fala mal. Se comunica muito bem, fala outras línguas, e sabe ser uma líder. Dentro de campo sabe se impor e se dedica bastante. Faz a bola girar para todos os lados e se dedica nos trabalhos físicos, táticos e técnicos. Nos intervalos ela fala o que achou errado e pede as companheiras mais calma para evitar os erros. Ana Clara joga e faz a bola rolar. É uma jogadora espetacular e que sabe ser amigas em todas as horas, momentos bons e ruins – declarou a jogadora.
É com essa jogadora, com essa líder e com essa grande mulher que o Vasco contará na temporada 2012. Problemas, dificuldades? Chama a Ana Clara, pois ela resolve!
Bate-Papo com Ana Clara
Como você avalia sua participação e a da equipe no Sul-Americano?
“Tenho plena consciência de que, mesmo entrando em somente dois jogos, fui tão importante para a equipe como todas as jogadoras. O Brasil não entra em campo com 11, mas sim com 23. pensamos nas nossas companheiras que deixaram a equipe antes da competição todos os dias, antes dos jogos, depois deles. E esse é um dos principais aspectos de uma equipe campeã. Quanto a equipe, é indiscutível o fato de termos a melhor campanha. Terminamo invictas, tivemos o melhor saldo de gols, a defesa menos vazada e as artilheiras do campeonato pertenceram a nossa Seleção. Tudo isso é fruto de um trabalho árduo e de uma equipe muito unida. Sem esquecer também da comissãotécnica persistente e competente”.
O Gláucio, seu treinador no Vasco, me contou que você foi uma das líderes dessa Seleção pelo fato de você falar espanhol fluentemente. Como foi essa experiência na Bolívia? As meninas te pediram muita ajuda?
“(Risos). Eu ria muito com essas meninas dando entrevista. Essa experiência foi maravilhosa, pois pude praticar o meu espanhol, coisa há tempos não fazia, e ele se tornou bem útil para nossa delegação. Em várias entrevistas, quando se tornava dificil a comunicação com os repórteres, ajudei as minhas companheiras”.
Tem alguma historia engraçada que poderia compartilhar?
“No jogo contra a Colômbia (segunda partida do quadrangular final), após o intervalo, a equipe mudou alguns pontos do posicionamento tático para buscar a virada e, como estávamos todos muito focados no jogo, corremos para o campo, tanto as atletas como a comissão técnica. Por isso, ninguém percebeu que o nosso técnico e nosso preparador de goleiras ainda estavam no vestiario. Quando todos saíram, trancaram a porta e os dois ficaram presos até os sete minutos do 2º tempo (risos)”.
E aonde estava a ‘super’ Ana Clara para salvá-los nesse momento?
“Assistindo o jogo (risos). Também estava me aquecendo, porque na Bolívia faz muito frio e fiz questão de ficar correndo o tempo todo”.
- Acha que garantiu sua vaga no Mundial ?
“A Seleção Brasileira está garantida para o Mundial. O elenco só depende da comissão, do trabalho e do merecimento das 21 atletas que vão”.