Pedro da Silva, Edson Modesto e Celso Palmeira podem se considerar sortudos. Dirigem carros de R$ 600 mil, vivem no meio de gente famosa e ainda trabalham com o que gostam. Motoristas dos luxuosos ônibus dos times de futebol do Rio, eles são os responsáveis pelo transporte dos jogadores e da comissão técnica de Flamengo, Vasco e Fluminense, respectivamente, para treinos, concentração e jogos.
Da convivência quase que diária com os boleiros, pedro, Edson e Celso guardam amizades, histórias engraçadas e lembranças ao volante. Há oito anos na direção do ônibus do Vasco, Edson, mais conhecido como Pretinho, conta como é a sua relação com o elenco:
— Brinco com todos eles da mesma maneira. Chamo todo mundo de Pretinho (risos) — diz Edson, explicando que costuma se referir às pessoas com seu apelido.
Intercâmbio musical
Celso Palmeira também conseguiu conquistar a amizade dos jogadores em um ano e quatro meses de trabalho para o Fluminense.
— Comprei o CD do grupo Bom Gosto e deixei no ônibus para eu ouvir. Outro dia, voltando de Volta Redonda, o Fred perguntou se o CD estava comigo. Quando eu emprestei, ele ficou: "Tu é o cara, tu é fera mesmo" — lembra Celso, que também compartilhou momentos de glória com os tricolores: — Quando o time voltou da Argentina classificado para a segunda fase da Libertadores, ano passado, tinha mais de mil pessoas no aeroporto esperando. Fred, Tartá e Berna entraram no ônibus e ficaram na cabine comigo. Foi um alvoroço danado. Acabei saindo também na foto do jornal do dia seguinte. Tenho a matéria até hoje em casa. Plastifiquei e tudo.
Apaixonado pela profissão, Pedro da Silva trocou a aposentadoria para ser motorista do Flamengo, em 2009. Para ele, o emprego é um "sonho que virou realidade".
— Quando fomos hexacampeões, o Bruno (goleiro) fez uma festa. Ele era um companheirão. Fico triste porque ele está lá (preso), mas tenho certeza de que vai voltar — diz. — Ele sempre ia sentado ali conversando comigo nas viagens para Macaé — conta Pedro, apontando para o assento da cabine ao lado do do motorista.
Botafogo negocia ônibus próprio
Dos quatro grandes do Rio, o Botafogo é o único time que ainda não dispõe de um ônibus próprio e personalizado. O transporte dos jogadores e da comissão é feito em um ônibus alugado e, por isso, não há um motorista contratado pelo clube, já que quem conduz o veículo é um empregado da empresa contratada.
Segundo a assessoria de imprensa do clube, a diretoria executiva está prestes a fechar um acordo com uma montadora para ter seu próprio ônibus. No entanto, ainda não há previsão de data para anúncio da parceria.
Fonte: Extra online
COLECIONADOR DE HISTÓRIAS CURIOSAS
Edson revela hábitos dos craques
Oito anos depois de sua contratação pelo Vasco, Edson Modesto dirige atualmente seu terceiro ônibus no clube. Nesse meio tempo, o motorista se tornou um colecionador de histórias. Simpático, o “piloto” boa praça não faz cerimônia ao entregar um pouquinho da intimidade dos jogadores.
Enquanto se ocupa da direção, os jogadores relaxam em assentos acolchoados, podendo desfrutar do sistema de som e TV com direito a uma espécie de locadora de bordo. É que Pretinho leva em sua cabine uma coleção de CDs e DVDs, que os jogadores pegam emprestado nas viagens.
— Quer ver um que eles adoram? Esse aqui — diz o motorista, mostrando uma coletânea de pegadinhas de Silvio Santos. — Eles riem muito, mas acho que já está perdendo a graça de tanto que assistem.
Apesar de preferir ouvir charme e pagode, Pretinho tem CDs de todos os estilos para agradar o gosto dos jogadores.
— Nesse aqui o Eder Luis se amarra — revela, aos risos, mostrando o CD da dupla Zé Henrique e Gabriel.
Quando os jogadores querem fazer o próprio som, os instrumentos estão sempre a mão. Pretinho guarda no ônibus o tantan e o pandeiro de Dedé, que comanda o pagode com Diego Souza, segundo o motorista.
Mas ao mesmo tempo em que a profissão lhe dá a chance de festejar títulos ao lado dos jogadores, nem tudo são flores quando se está no volante.
— Às vezes, minha tensão é maior que a deles. Porque eu passo por carros de torcedores adversários, eles xingam, mostram coisas para tacar... Dou uma diminuída e nem ligo. Acabo escutando muito “vice”, mas fazer o quê? — conta.
Fonte: Extra