O Campeonato Estadual está rachado. Revoltados com a intenção do presidente do Fluminense, Peter Siemsen, de encabeçar movimento para reduzir o número de participantes na competição — para 12 ou 10 — , os 12 clubes de menor investimento da Série A do Rio de Janeiro firmaram um pacto, documentado, na noite da última segunda-feira, na sede da Federação de Futebol (Ferj) em que se negam a aceitar qualquer mudança sob risco de uma rebelião. Unidos, assim se dizem, vão para a Assembleia Geral na próxima terça-feira, na sede da Ferj, em que é aguardada a presença de representantes de Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense.
— Não vou passar a mão nas nossas cabeças. Sabemos que tem muito a melhorar nos clubes de menor investimento. Mas não é assim, com o Peter (Siemsen, presidente do Fluminense) falando que vai fazer, nos enfiando goela dentro. Uma pergunta que eu faço: ele toma conta do Fluminense? Não, né. Quem manda é a Unimed. Pois bem... — desabafa o presidente do Nova Iguaçu, Jânio Moraes.
Atualmente, o Campeonato Estadual é disputado por 16 clubes e tem se mostrado deficitário, com pequenos públicos e baixas receitas. A fórmula enfraquece o prestígio da centenária competição, mas fortalece o curral eleitoral do presidente da Ferj, Rubens Lopes, com mandato até 2015. Na sede da entidade, estiveram todos os 12 presidentes, sem exceção, para o movimento liderado pelo presidente do Madureira, Elias Dubba — que não atendeu as ligações do Jogo Extra. O Estatuto prevê que qualquer alteração só ocorra para o Estadual de 2014, mas os pequenos estão marcando posição.
— Eles (grandes) não querem que os pequenos cresçam. Não é interessante que sejamos sombra para eles. Precisam entender que podem colaborar com o nosso crescimento e nós, com o engrandecimento deles — reclama o presidente do Bangu, Jorge Varella.
Juntos na ala da insatisfação, os presidentes dos pequenos combatem a tese de que o fracasso do Estadual-2012 pertence a eles. No argumento da reação, há críticas irônicas — "Fluminense e Flamengo nem podem falar de estádio. Eles têm?" — e outras contundentes.
— Eu sei que disputam a Libertadores, mas aí o clube avisa que vai colocar reservas para jogar. Quem vai? Isso não pode virar culpa nossa — afirma Jânio Moraes.
Presidente do Americano, clube por anos defendido pelo ex-presidente da Ferj, Eduardo Vianna, Cesar Gama reforça o compromisso entre os pequenos e, num momento de batalha ao estilo Sansão e Golias, ressalta a força política de quem está unido.
— Nós somos a maioria. Queremos que permaneça do jeito que está — enfatiza Cesar Gama.
No Rio, grandes e pequenos estão em lados opostos.
Fonte: Extra online