O azul do uniforme foi a única cor destoante da festa preto e branca do Vasco, nesta quarta-feira. Depois do episódio de racismo envolvendo Dedé e Renato Silva em Assunção, no jogo entre Vasco e Libertad-PAR na semana passada, os torcedores cruz-maltinos prepararam várias ações contra o preconceito para a partida entre as duas equipes, agora em São Januário. Além de pintarem as cores metade de cada cor, a camisa lançada no ano passado que comemora a luta do clube contra o racismo deu o tom nas arquibancadas. Os jogadores também entraram com ela em campo e as jogaram para a torcida. Mas o protesto vascaíno poderia ter ficado meio sem graça sem a vitória, que só veio no segundo tempo quando Juninho e Allan entraram. O Reizinho abriu o placar com um golaço. Alecsandro completou o placar de 2 a 0.
Com o resultado, o Vasco tem sete pontos somados até agora e se igualou ao Libertad na liderança do Grupo 5, mas leva desvantagem no critério de desempate. Os dois times têm o mesmo saldo de gols, o mesmo número de gols marcados, mas o time paraguaio marcou um tento a mais fora de casa (o Vasco tem um, contra dois do rival). Nacional-URU e Alianza Lima-PER, que completam o grupo, têm três pontos, mas um jogo a menos, que será disputado na próxima terça. Um empate é o melhor resultado para a equipe carioca, que ficaria com três pontos de vantagem sobre ambos faltando apenas duas rodadas.
Vasco e Libertad voltam a jogar pela Libertadores apenas daqui a duas semanas. O Gigante da Colina enfrenta o Alianza-PER, em Lima, no dia 3 de abril. Já o time paraguaio encara o Nacional-URU no dia seguinte, em Assunção. O time cruz-maltino se dedicará durante esse tempo ao Carioca. No domingo, a equipe enfrenta o Resende, em São Januário.
O JOGO
O Vasco entrou em campo com uma formação diferente, com três atacantes, para tentar surpreender o Libertad. Barbio ficava mais na esquerda e Eder caia pela direita, com Felipe no meio e Juninho no banco. Mas se a tentativa de Cristóvão Borges era surpreender o time paraguaio, o tiro saiu pela culatra. Quem parecia surpreso era o próprio time cruz-maltino que tinha dificuldade em se encontrar, já que não treinou nesse esquema nas últimas semanas. O meio-campo foi facilmente anulado pela marcação adversária e as jogadas laterais esbarravam nos erros e no fato do time rival jogar bem fechado. Com isso, até os 30 minutos, o Vasco deu apenas um chute a gol, em cobrança de falta de Eder Luis, que desviou na barreira e foi para fora.
O Libertad, por sua vez, parecia satisfeito em ver o tempo passar. Bastante recuado, o time paraguaio se preocupava apenas em marcar e só ameaçava nos contra-ataques. A eficiente marcação paraguaia ficava clara quando se percebia que Dedé e Renato Silva eram quem mais ficavam com a bola, sem conseguir encontrar opções para quem passar. O time paraguaio conseguiu, apenas nos primeiros 45 minutos de jogo, roubar 13 bolas. E quando não dava na bola, dava na perna. No mesmo tempo, fez 14 faltas.
Nesse cenário de marcação forte paraguaia e de total falta de criação do Vasco, o primeiro tempo foi um verdadeiro marasmo. O Gigante da Colina terminou a etapa com 70% de posse de bola, mas com apenas três finalizações. Mesmo número conseguido pela equipe visitante, que teve a única chance digna de registro, em um dos raros contra-ataques que conseguiu encaixar. Cinelli fez boa jogada individual, saiu na cara de Fernando Prass e bateu cruzado. A bola foi para fora.
Percebendo que sua estratégia não tinha dado certo, Cristóvão modificou o time para o segundo tempo. Juninho e Allan entraram nos lugares de Eder Luis e Eduardo Costa. A ideia era dar mais movimentação e qualidade de passe ao meio-campo. E deu certo. Com apenas três minutos, o Vasco conseguiu o que não fizera em todo o primeiro tempo. Em troca de passes, a bola foi de Juninho para Felipe, que tocou para Allan deixar Fagner livre na direita. O lateral cruzou com precisão para Alecsandro, que cabeceou no canto. A bola tirou tinta da trave e fez até alguns torcedores comemorarem, achando que a bola tinha entrado. O mesmo Alecsandro recebeu de Allan na entrada da área, minutos depois, e chutou forte. O goleiro defendeu.
O Vasco continuou em cima e a torcida foi junto. Cantando muito, os vascaínos pareciam dar um gás extra ao time. Allan, mais uma vez, tentou ser garçom. O volante recebeu na área e bateu cruzado para Willian Barbio. A zaga cortou no último instante, mas quase fez gol contra. Juninho correu para bater o escanteio e tentou jogar no primeiro poste, para Alecsandro. A zaga cortou e a bola voltou nos pés do Reizinho. Com categoria, o meia percebeu o goleiro adiantado e, quase sem ângulo, bateu para o fundo do gol. Na comemoração, chamou Dedé, um dos que foi vítima de racismo em Assunção, para ser abraçado.
O gol desconsertou o Libertad que passou a dar mais espaços. Com isso, o Vasco continuou criando. Juninho cruzou para Barbio, que cabeceou com perigo ao gol paraguaio. Allan, em mais uma tentativa de dar uma assistência, fez boa jogada pela direita e tocou para o meio. Dessa vez, o volante conseguiu. A bola passou pelo goleiro e chegou para Alecsandro apenas empurrar para o fundo do gol.
Com o 2 a 0 no placar, Cristóvão resolveu tirar Felipe e colocar Fellipe Bastos para reforçar a marcação. Mas o efeito da substituição quase que se fez sentir no ataque. O volante marcou em cima a zaga rival e conseguiu roubar uma bola na entrada da área, em sua primeira jogada. Sem ninguém na frente, bateu forte e cruzado e tirou tinta da trave. O Libertad, abdicou de ficar apenas marcado e partiu para o ataque. Mesmo desorganizado, quase conseguiu diminuir com Velázquez, que chutou colocado de fora da área. A bola passou ao lado da trave.
Nos acréscimos, Willian Barbio teve a chance de fazer o gol que colocaria o Vasco na liderança. O atacante recebeu na frente, driblou o zagueiro e bateu colocado, tirando o goleiro. A bola, entretanto, foi para fora e impediu a liderança cruz-malina.
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VÍDEO
FICHA TÉCNICA
VASCO 2 X 0 LIBERTAD (PAR)
Local: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
Data/horário: 21/03/2012 - 22h (de Brasília)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Auxiliares: Wilmar Navarro (COL) e Alexander Guzmán (COL)
Público: presente 15.799, pagante 12.776
Renda: R$ 588.725,00
Cartões amarelos: Menéndez, Civelli e Benegas (LIB) Thiago Feltri (VAS)
GOLS: Juninho, 8'/2T (1-0); Alecsandro, 16'/2T (2-0)
VASCO: Fernando Prass, Fagner, Dedé, Renato Silva e Thiago Feltri; Rômulo, Eduardo Costa (Juninho, intervalo), Felipe (Fellipe Bastos, aos 31'/2T), Willian Barbio; Eder Luis (Allan, intervalo) e Alecsandro. Técnico: Cristovão Borges
LIBERTAD: Muñoz; Bonet, Bizera, Benegas e Samudio; Ayala (Melgarejo, aos 31'/2T), Cáceres, Aquino, Civelli (Camacho, aos 31'/2T) e Gamarra (Velázquez, 21'/2T); Menéndez. Técnico: Jorge Burruchaga.
ESTATÍSTICAS
TROFÉU NETVASCO 2012
Col. | Jogador | Média | Col. no ano | Média no ano |
---|---|---|---|---|
1º | Juninho | 9.3473 | 2º | 7.6311 |
2º | Dedé | 8.9335 | 1º | 8.0445 |
3º | Allan | 8.2051 | * | 6.2388 |
4º | Renato Silva | 8.0246 | * | 6.5793 |
5º | Romulo | 7.5852 | * | 6.2201 |
6º | Fernando Prass | 7.5581 | 6º | 6.9230 |
7º | Fagner | 7.5355 | 3º | 7.3632 |
8º | Alecsandro | 7.5054 | 7º | 6.8412 |
9º | William Barbio | 7.5018 | 5º | 7.0150 |
10º | Felipe | 7.4916 | 4º | 7.1092 |
11º | Thiago Feltri | 7.2568 | 8º | 6.5694 |
12º | Fellipe Bastos | 6.4215 | 12º | 5.3065 |
13º | Eder Luis | 5.9350 | * | 6.5597 |
14º | Eduardo Costa | 5.9289 | 11º | 5.6747 |