Um time escalado não só pelo desempenho em campo, mas pela dramaticidade e importância na história do Vasco da Gama faz parte do livro "Contos da Colina - 11 histórias do Vasco e sua torcida bem feliz", que será lançado no Rio de Janeiro na próxima segunda-feira, dia 19, às 19h, na livraria Saraiva, do Shopping Rio Sul. O sociólogo Maurício Murad veio ao "Redação SporTV" nesta sexta-feira representando o trio de autores, completado pelo poeta Luis Maffei e o escritor e compositor Nei Lopes.
Ademir Menezes, Alfredo Segundo, Barbosa, Bellini, Danilo Alvim, Edmundo, Eli do Amparo, Ipojucan, Juninho Pernambucano, Roberto Dinamite e Sabará, além da "torcida bem feliz", têm suas histórias contadas de maneira ficcional. Outro convidado do programa, Renato Maurício Prado perguntou se o atacante Cocada não havia sido relacionado, e sentiu falta de outro ídolo vascaíno:
- Romário não? O deputado vai criar caso com vocês - brincou.
Maurício Murad não descartou a publicação de um segundo volume da obra. Explicou que a escolha foi feita de maneira aleatória e que a inclusão dos nomes também dependia das entrevistas coletadas. Um dos grandes exemplos foi o de Alfredo Segundo, jogador polivalente que fez parte do Expresso da Vitória das décadas de 40 e 50 e considerado pelo sociólogo o mais vascaíno dos jogadores.
- Era apaixonado pelo Vasco. Em 1949, o Vasco não quis renovar o seu contrato e o Flamengo fez um contrato de risco. Ele arrebentou nos amistosos e o Flamengo ofereceu um bom contrato. Só que na hora de assinar o contrato, ele chorou tanto que molhou o papel. O presidente do Flamengo generosamente ligou para o do Vasco e falou: "olha, não dá para ele jogar aqui. Porque vocês não fazem um contrato com ele?". E o Vasco atendeu - disse Murad.
Em "Contos da Colina", Luis Maffei procurou mostrar que o goleiro Barbosa foi maior do que a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950. Roberto Dinamite seguiu o pioneirismo que marca o Vasco se tornando o primeiro jogador a sair diretamente das quatro linhas para se presidente do clube. Ademir Menezes foi lembrado pela relação com os músicos, como Nelson Cavaquinho, e pelo triste fim de vida, acometido do Mal de Alzheimer. O capitão da Copa de 1958, Bellini teve a sua beleza destacada através dos tempos. Suas fãs viraram mães e avós.
- Já tem bisavó fã dele - brincou Renato Maurício Prado.
No livro, ídolos mais contemporâneos Edmundo e Juninho Pernambucano tiveram suas diferenças ressaltadas na obra, de acordo com Maurício Murad:
- São ídolos bem diferentes e celebrados permanentemetne pelo torcedor. E com caminhos bem distintos, não só no futebol como também na vida fora do furebol. O Juninho fora tantos anos e a torcida cantava o tempo todo "Juninho é o nosso rei". E o Edmundo também, afastado do clube, voltou agora (para o amistoso de despedida contra o Barcelona do Equador), fez as pazes com o Roberto Dinamite e foi muito aplaudido por todo mundo.
Em uma literatura futebolística recheada de obras de contos, poesias e crônicas, a escassez de romances produzidos no Brasil foi uma questão levantada por Renato Maurício Prado:
- Falta à literatura esportiva o grande romance no futebol. Uma história de ficção que aproveite o futebol como pano de fundo. Há uma tese de que ninguém faz um filme ou escreve um romance porque o futebol já é um grande romance. Seria impossível criar uma coisa mais surpreendente.