"Alô, aqui é o Rodrigo Santoro, tudo bem?" Ao ouvir essa saudação ao telefone, Marcelo Alves de Mendonça, como bom mineiro, desconfiou. Pensou em responder dizendo que era o Brad Pitt, mas resistiu. Ainda bem. Horas mais tarde, Marcelo recebeu o ator que interpreta Heleno, filho mais famoso de São João Nepomuceno-MG. A visita à cidade foi no dia 20 de março de 2010, quando Rodrigo fazia laboratório de pesquisas sobre o polêmico personagem.
Durante pouco mais de uma hora, "Foguete", apelido do botafoguense, mostrou ao galã fotos, áudios e lembranças que coleciona desde os 17 anos sobre a vida do craque. Ao oferecer reportagem de 1969, dos 10 anos da morte do atacante no antigo "Jornal dos Sports", Rodrigo Santoro, gentilmente, recusou o presente:
— Isso é uma relíquia e deve ser muito bem guardada. Não há guardião melhor, mais dedicado à memória do Heleno do que você mesmo — disse Marcelo, descrevendo as palavras de Rodrigo Santoro. — Foi muito marcante para minha família e para a cidade a passagem dele por aqui. Ele foi muito solícito, muito atencioso — completou Marcelo, que é diretor de unidade prisional.
Na cidade, Rodrigo Santoro passou como um furacão. Segundo moradores, de cada 100 que se aproximavam do artista, 95 eram de animadas mulheres. Houve uma verdadeira perseguição a Rodrigo, que teve que se refugiar no campo do Operário, time local, num ponto alto da cidade.
— Quando ele me ligou, disse: "Me tira daqui". Eu estava voltando de Juiz de Fora e pedi para ele esperar. Perguntei se tinha problema de ele ir lá para casa, e o Rodrigo falou que iria para qualquer lugar — lembrou Marcelo.
Em um dia, Rodrigo visitou alguns pontos da São João Nepomuceno em que Heleno viveu por 13 anos, antes da mudança para o Rio de Janeiro. Coincidentemente, o avô de Marcelo comprou o terreno onde Heleno nasceu. A casa em que morou até se mudar para o Rio, ironicamente, virou sede da Unimed, patrocinadora do Fluminense.
Na casa de Marcelo, Rodrigo Santoro tomou café, um suco preparado pela família e ouviu histórias de futebol. Ao saber que o ator era vascaíno, Marcelo lembrou que, após a experiência de viver Heleno e de colocar a camisa alvinegra, ele iria levar a Estrela Solitária no coração para sempre.
— Ele respondeu: "Nada contra o Botafogo, o que eu não gosto é daquele outro time" — lembrou Marcelo, quando o ator se referia ao Flamengo.
De Rodrigo ouviu um pedido:
— Pelo Amor de Deus, vê se não vão perder para eles amanhã — disse o ator, na véspera de um Botafogo e Flamengo pelo Carioca.
No fim do Campeonato, o louco da vez era o Abreu, que encerrou a série de vices contra o rival.
Fonte: Extra Online