Pouco antes das 9h, Edmundo chegou a São Januário para fazer seu primeiro treino visando a despedida oficial que acontecerá dia 28 de março contra o Barcelona (EQU). Tímido feito um menino que chegava pela primeira vez ao clube, adentrou o vestiário. A surpresa foi geral. Envergonhado, acenou para os jogadores.
De minuto a minuto, era abordado por antigos funcionários, que conheceram seu lado doce e também sofreram com as travessuras.
Com a aproximação de Rodolfo e Diego Souza, ex-companheiros de Flu e Palmeiras, passou a se soltar.
Quando foi ao encontro do uniforme de treino, arregalou os olhos. Um armário com sua foto cravava sua presença na Colina.
Surpreso e emocionado, indagou:
– Isso tudo para mim?
Por volta das 9h30, subiu as escadas do túnel que dá acesso ao campo. Abordado pela comissão técnica, bateu papo por cerca de dez minutos. Foi chamado pelo preparador físico Rodrigo Poletto e participou da atividade física com elástico. Dividiu as funções com Fabricio e Max.
Em seguida, surpreendentemente, integrou a atividade técnica com os demais jogadores, esbanjando categoria com toques precisos, apesar da forma não ser mais a mesma.
No fim, ainda matou a saudade da rede no treino de finalizações, onde teve um desempenho satisfatório.
Edmundo pretende fazer mais quatro treinos antes do amistoso. Quando chegou para a entrevista coletiva, parecia estar desacostumado e, sem jeito, resumiu seu dia:
– Passou uma série de sentimentos. O primeiro foi vergonha. Estou num ritmo bem diferente do deles, mas todos me deixaram à vontade.
Bate-Bola
Edmundo - Em entrevista coletiva em São Januário
Qual foi sua análise do primeiro treino com os companheiros?
Todos me deixaram super à vontade. O treinamento correu até de maneira tranquila. Fiquei surpreso pela minha participação com os demais, mas confesso que fiquei bem desgastado.
E como será sua preparação até o dia do jogo de despedida?
Sempre me dediquei bastante a tudo o que eu fiz. Tenho procurado me empenhar. Ainda tenho alguns dias para melhorar as condições físicas e técnicas. Pretendo, na semana que vem, treinar três ou quatro vezes para ganhar um pouco de entrosamento e me despedir de maneira digna.
Como foi o contato com o grupo?
O que me deixou lisonjeado foi a postura dos garotos, que me trataram com o maior carinho e respeito. Me deixaram à vontade e fizeram questão de me cumprimentar.
Dependendo do desempenho, você pode voltar?
Não tem chance de voltar. Não vou voltar mesmo. Se um dia voltar com o Vasco, pode ser numa outra função. Aqui é o lugar que eu amo, mas como jogador, não.
VISÃO DO TREINO
Tem a cara do Vasco
Em sua entrevista, Edmundo falou: “Sempre saí, voltei e agora parece a mesma coisa”. De fato, é verdade. Para quem acompanhou a trajetória do ex-atacante no Vasco, a sensação de vê-lo em campo era como se ele nunca tivesse deixado o clube.
Edmundo é a cara do Vasco. A felicidade estampada em seu rosto era visível. Parecia um menino em início de carreira.
Para quem já parou há três anos, sua pequena barriguinha é até bem aceitável. Está bem fisicamente. A categoria parece estar em dia, já que quase não errou nenhum passe durante o treino técnico.
Por vezes, dava para perceber os meninos Allan, Rômulo e Max observando. Eles cresceram ouvindo que o Animal destruía zagas rivais pelo Gigante da Colina. Mesmo já sendo profissionais, tiveram uma sensação diferente pela proximidade com o ídolo cruz-maltino.
Na entrevista coletiva, mais uma vez ele se emocionou, assim como já havia ficado na primeira, quando anunciou o amistoso.
Edmundo pode sair, voltar, ficar ausente, mas sempre quando pisar na Colina, se sentirá em casa.
Fonte: Lancenet