2012 não tem sido nada fácil para o presidente Roberto Dinamite. Se o time vai hoje, às 16h, contra o Madureira, em São Januário, em busca da 11ª vitória em 14 partidas, fora de campo as eleições de 2011 estão sub-júdice, o clube contratou um executivo suspeito e uma bandeira da gestão está sob investigação interna.
O Conselho Fiscal preparou o terceiro relatório consecutivo de análise do contrato com a empresa Torcedor-Afinidade — hoje Jeff Sports, que administra o programa de sócios "O Vasco é meu", assinado em maio de 2009. O novo documento refaz observações sobre o contrato, pede o cancelamento da parceria e o ressarcimento das verbas que o clube deixou de arrecadar. A estimativa é que, somados os três anos, o clube deixou de arrecadar cerca de R$ 5.5 milhões, segundo balanço realizado pelos fiscais do Conselho.
Membro do Conselho antigo e presidente eleito do novo, no pleito que está sub-júdice, Helio Donin, contesta os termos do contrato. Em 2009, o clube teve a receber R$ 2.627.109,91 nos primeiros meses (maio a dezembro de 2009), embora tenha sido arrecadado R$ 4.410.118,20. Os descontos vieram da retenção de impostos (R$ 717.221,15), dos honorários de prestação de serviços (R$ 758.377,14) e até da confecção de carteiras para os associados (R$ 307.410,00).
No segundo ano, a arrecação foi um pouco maior, com 4.870.353,15 e despesas de R$ 1.966.581,83, sobrando R$ 2.903.780,32 - o desconto é de 40,38%.
— O clube deixa de arrecadar quase R$ 2 milhões, o que representa 40%. Onde é que você contrata alguém para te cobrar 40%? Não tem lógica nenhuma — lembra Donin, que estima receita de R$ 4.3 milhões ano passado, com R$ 2.6 milhões entrando nos cofres.
Empresa rejeita críticas internas
Em defesa do "O Vasco é meu", a empresa que administra o projeto lembrou que o clube saltou de 900 sócios para mais de 50 mil inscritos, embora pouco mais de 10 mil sejam adimplentes. Sobre a tributação, que corresponde a cerca de 20% dos descontos nas mensalidades totais do programa, a fornecedora afirmou que desde o início do ano conseguiu evitar esta perda na receita e lembrou também que modernizou, equipou e ainda se prepara para seduzir os inadimplentes do clube.
O vice-presidente jurídico do Vasco, Aníbal Rouxinol, não considerou o contrato lesivo, mas reconhece erros no programa de sócios.
— O programa não tem sido o que o Vasco esperava. Foi mal produzido e mal conduzido, mas o contrato será corrigido e mais vigiado — disse Rouxinol.
A empresa que trabalha no Vasco também esteve no Coritiba por quase dois anos, até o rebaixamento do Coxa. Os associados aumentaram consideravelmente em seguida. Hoje, com gestão própria, o time paranaense tem 25 mil sócios.
Outro exemplo de terceirização vem do Santa Cruz. Em nove meses pulou de 2 mil para mais de 12 mil sócios, em projeto da Traffic. Porém, a comissão de prestação de serviços não passa de 10% das receitas.
— Se fizesse um contrato desses do Vasco, era preso aqui. Jamais assinaria — disse o presidente do clube, Antônio Luiz Neto.