Roberto Dinamite assumiu o Vasco no meio de 2008 após uma longa briga política no clube, e decidiu prontamente acabar com uma homenagem feita a Romário pelo presidente anterior. A camisa 11, aposentada há mais de um ano, voltaria a ser usada pelo time. A decisão teria sido tomada com base até em um pedido do Baixinho, mas acabou não sendo uma grande ideia. Desde que o número voltou a ser visto sobre a faixa preta do uniforme cruz-maltino não tem sido motivo de muitas alegrias. Pelo contrário. Quem carrega o número parece viver sobre a “maldição da camisa 11”. A última vítima foi Carlos Tenorio, que se lesionou gravemente no tornozelo no último fim de semana, contra o Olaria, e ficará seis meses fora dos campos.
A lesão do equatoriano foi um balde de água fria não só em campo, como também no marketing. Personagem cativante, Tenório já ganhava a torcida por seu estilo de jogo de muita disposição e parecia a pessoa ideal para acabar com um vácuo de quatro anos. Desde a saída de Romário, o Vasco deixou de ter em suas lojas a camisa 11 pré-pronta para ser vendida. Hoje, o torcedor encontra os números 10, de Diego Souza, e 8, de Juninho, com facilidade. Para ter o número que o Baixinho usava, só pagando para colocar.
- A venda da camisa deu uma modernizada. Agora, na maioria das vezes, o torcedor escolhe o número e o coloca com seu nome na própria loja. A penalty (fornecedora de material esportivo) manda para o mercado a 10 e a 8 já prontas. A gente não tem histórico recente de camisa 11. Esperávamos retomar isso com o Tenorio, mas vamos ter que aguardar um pouco mais – disse o diretor de marketing Marcos Blanco.
O primeiro a usar a camisa depois dela deixar de estar aposentada foi Leandro Amaral, em 2008. Ex-parceiro do Baixinho e um dos principais jogadores do elenco naquela época, o atacante chamou para si a responsabilidade de vestir o número tão famoso. Mas os resultados foram ruins. Na realidade, péssimos. Leandro levou sete jogos para conseguir fazer um gol – chegou a chutar quatro bolas na trave e perder um pênalti – e, no fim do ano, sofreu com lesões no tornozelo esquerdo. Primeiro, ficou fora do time por seis rodadas do Brasileiro, depois sofreu uma pancada de Odvan no mesmo local durante um treino e parou por mais três semanas. No fim do ano, Leandro amargou o rebaixamento para a Série B com toda a equipe.
Em 2009, o Vasco refez o elenco com vários jogadores pouco conhecidos. A única cara famosa era a de Carlos Alberto, mas o meia gostava de atuar com a 19. Coube então a Rodrigo Pimpão usar a camisa 11. A escolha parecia ter sido acertada. O jogador começou bem, caiu nas graças da torcida e até ganhou uma musica que dizia que ele é melhor que Obina e Fred. Mas uma lesão no joelho esquerdo o fez parar por três semanas. Na volta, não recuperou seu bom futebol e ainda teve uma luxação no braço direito em novembro, que o tirou da reta final da Série B.
Pimpão seguiu no time no início de 2010, mas cedeu a 11 para Rafael Coelho. Artilheiro da Série B do ano anterior, o jogador chegou a São Januário bem cotado e debaixo de muitas expectativas. Depois de dois anos, finalmente alguém vestia o número de Romário e não tinha nenhuma lesão grave. Mas nem por isso os números melhoraram. Em 23 jogos, Coelho só fez três gols e deixou a Colina sem deixar saudades.
Na temporada seguinte, a camisa 11 passou para o meio. Jéferson, que retornava ao Vasco depois de uma boa campanha no Avaí, passou a ser o responsável por carregar o número. Ironicamente, o meia, que já havia sofrido cinco lesões desde 2009 quando chegou ao clube, nada sentiu durante o período em que usou a 11. Mas teve poucas chances no time e acabou emprestado no meio do ano.
Leandro Amaral está sem clube atualmente, depois de uma passagem frustrante pelo Flamengo. Rodrigo Pimpão está na Ponte Preta, Rafael Coelho no Guangzhou R&F (CHI), e Jéferson se recupera de uma grave lesão no joelho no Bahia. Nenhum deles conseguiu se firmar no Vasco depois de passar momentos difíceis na Colina. Em São Januário, entretanto, a expectativa é que o último a sofrer com essa “maldição” consiga superar tudo e dar fim a isso quando se recuperar. Carlos Tenorio, que fez apenas três jogos pelo Vasco, ficará cerca de seis meses longe dos gramados. Porém, o jogador tem todo o respaldo da comissão técnica e da diretoria cruz-maltina que ainda o vêm como uma boa contratação. Os médicos estão otimistas de que ele voltará bem depois de se recuperar da cirurgia do rompimento do tendão.