Nesta sexta-feira, completa-se um mês da tragédia que aconteceu em um treinamento da equipe sub-15 do Vasco. Em 9 de fevereiro, Wendel faleceu enquanto participava de um teste para ingressar na equipe cruz-maltina. Durante esse tempo, os pais do garoto esperaram em São João Napomuceno (MG) por uma explicação para o que aconteceu com o filho deles. Até agora, nada. A investigação corre lentamente, e sequer foi identificada a causa da morte.
- Não sei nada. Até hoje não falaram nada com a gente. Estamos querendo uma resposta. Estamos esperando ansiosos. Queremos saber o que aconteceu com nosso filho - disse a mãe Rita de Cássia.
- Estamos tristes por não saber o que houve com nosso filho. Você está sabendo alguma coisa? Se estiver, por favor me fala - pediu o pai Antônio Silva.
A ansiedade que fez com que Antônio perguntasse por notícias mostra o sentimento dos pais. Porém, eles terão que ter paciência. O delegado assistente que cuida do caso admite: a investigação está parada.
- Nós entregamos ofícios aos órgãos que estão envolvidos, mas não obtivemos respostas. Queremos do Vasco ainda a relação dos atletas que estavam no dia para ouvi-los. O laudo da necropsia não chegou, embora já tenha sido pedido há muitos dias. Não tenho prazo para dar de quando vai chegar. Está parada a investigação - admitiu André Bueno, delegado assistente da 50ª DP (Itaguaí), onde está sendo investigado o caso.
A polícia já ouviu Cássio, técnico do time sub-15 do Vasco, e Luiz Carlos Júnior, coordenador das categorias de base do clube. Outros dirigentes podem ter que dar depoimentos à Justiça por conta de uma ação do Ministério Público que aponta irregularidades na forma como os garotos são tratados na base. O acidente, pelo menos, fez o Vasco mudar alguns hábitos, segundo o coordenador Humberto Rocha.
- Preocupação sempre existiu. Estou há 30 anos nisso, e nunca aconteceu nada parecido. As providências sempre foram tomadas. Agora, a gente está procurando ser ainda mais cuidadoso. Já tem médico em todos os treinos dos garotos, embora não seja obrigatório. Foi um baque muito grande para todo mundo. Recebemos muitas ligações de outros clubes se solidarizando e dizendo que poderia ter acontecido com eles. Eles também dizem que vão redobrar os cuidados. Mas acho que, nesse caso, mesmo que tivesse médico não ia resolver.
Humberto é o responsável por manter contato com os pais do garoto. Ele diz que neste momento o Vasco quer mostrar que está pronto para ajudar no que for preciso.
- Eu tenho ligado para o pai para saber como estão indo as coisas. Sabemos que é uma perda irrecuperável. A única coisa que podemos fazer é dar aquele apoio. Nós nos colocamos à disposição da família para o que for necessário. Não falamos de coisas materiais. No futuro, podemos fazer alguma coisa que ajude mesmo. Não queremos que pareça que é compensação pela morte do filho. Isso não se paga. Preferimos ajudar depois, com o que eles realmente precisarem nessa recuperação.
Entenda o caso
O adolescente Wendel Junior Venâncio da Silva, de 14 anos, sentiu-se mal durante o treino do dia 9 de fevereiro e não resistiu. Romulo Capello Teixeira, assessor especial da vice-presidência médica do Vasco, informou em depoimento que o menino foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaguaí, mas já chegou morto ao local.
Uma senhora identificada como Dionícia, caseira do terreno onde fica o CT, conversou com companheiros de treino do rapaz e disse que, por volta das 9h30m, meia hora depois do início da atividade, o jogador começou a passar mal, desmaiou em campo e teve uma convulsão. Ainda segundo ela, o menino foi imediatamente levado à UPA pelo técnico da equipe, em seu carro particular.
Wendel. fazia o seu segundo teste na categoria infantil, comandado pelo ex-lateral-esquerdo Cássio, na manhã de quinta-feira. Ele chegou ao clube por indicação de outro ex-jogador do clube, Marco Aurélio Ayupe, técnico da escolinha cruz-maltina em São João Nepomuceno, interior de Minas Gerais, cidade do rapaz.