Um dos brasileiros mais respeitados no futebol espanhol, Donato está preocupado com o futuro do futebol brasileiro. Morando há 23 anos na Espanha, o ex-jogador de La Coruña e Atletico de Madrid diz temer um fiasco na Copa do Mundo de 2014. Crítico da má organização e da falta de estrutura dos clubes e técnicos do Brasil, ele afirma que só um trabalho a longo prazo poderá levar o país de volta ao topo do futebol mundial.
- Me preocupa demais a situação do Brasil. Estamos em 2012 e não temos uma Seleção, nem sequer uma base. Depois do Mundial de 2010, acabaram com o trabalho do Dunga, que seria feito a longo prazo. Não se monta um grande time da noite para o dia. Veja o exemplo da seleção da Espanha e do Barcelona - destaca o ex-zagueiro, que está no Rio para a disputa do II Mundial de Futevôlei 4 por 4, onde defende a seleção da Espanha.
Revelado pelo Vasco no início dos anos 80, Donato chegou ao país ibérico em 1988, contratado pelo Atletico de Madrid. Cinco anos depois, o ex-zagueiro/volante aportaria no La Coruña, onde viraria ídolo ao ponto de naturalizar-se para defender a seleção espanhola, pendurando as chuteiras em 2003.
Conhecedor da cultura dos dois países, ele afirma que o ótimo momento do futebol espanhol deve-se à organização e à qualidade dos treinadores europeus.
- O Barcelona não é a melhor equipe do mundo por acaso, assim como a Espanha não ganhou a Copa da África do Sul por sorte. Lá, trabalha-se o jogador desde a base. Os técnicos também estão em sintonia. Veja o exemplo da Seleção do Brasil. O Daniel Alves, que é o melhor lateral-direito do mundo, joga de uma maneira no Barcelona, daí chega na seleção e o colocam para atuar de outro modo. Assim fica complicado para o jogador manter uma regularidade - analisa.
Segundo Donato, as diferenças entre Brasil e Espanha começaram a se manifestar em meados dos anos 90. Por conta do enfraquecimento do poder aquisitivo dos clubes brasileiros, os times locais se enfraqueceram, fortalecendo as equipes da Europa.
- No meu tempo de Vasco, íamos disputar torneios fora do país e ganhávamos sempre. Fui campeão duas vezes do Ramón de Carranza (1987/88) e uma vez da Copa Ouro (1987), sempre enfrentando times do primeiro escalão. Hoje, os clubes do Brasil dificilmente ganham torneios internacionais. Isso quando vão - ressalta.
Aos 49 anos e pai de duas filhas, Donato mora na Espanha onde administra uma empresa de importação e exportação. Mesmo apaixonado pelo seu país natal, ele elogia a qualidade de vida espanhola, ressaltando uma grande diferença para o Brasil.
- A diferença maior é na segurança. Moro em La Coruña, onde a calma e a ordem imperam. Amo o Brasil e o Rio de Janeiro, mas aqui é muito inseguro de se viver - diz ele.
De passagem pelo Rio para a disputa do II Mundial de Futevôlei 4 por 4, ele diz que a Espanha brigará pelo título da competição, mesmo não tendo tanta tradição na modalidade. Nesta quinta-feira, os espanhóis venceram a poderosa Argentina, de Caniggia, por 25 a 19. Nesta sexta, a seleção comandada por Donato enfrentará o Brasil II e fechará a sua participação na primeira fase jogando contra a Itália.
- Paraguai, último campeão, e Brasil, time da casa são os favoritos. A Espanha corre por fora, mas vai brigar pelo título - concluiu.
Fonte: Sportv.com