A torcedora símbolo do Vasco, Dulce Rosalina, completaria 77 anos, nesta quarta-feira (07), caso fosse viva, um dia antes do dia internacional da mulher. A primeira dama das arquibancadas nasceu já com a Cruz de Malta no peito e com dois anos já era sócia do Gigante da Colina. Aprendeu os valores do clube e a amá-lo com o pai português, naturalizado brasileiro, que pregava a igualdade e combatia o preconceito racial, assim como o Cruz-Maltino. Um vascaíno convicto.
Dulce, por sua vez, após o presidente Raul Campos comunicar o orgulho cruzmaltino em manter jogadores negros em seu elenco, ficou, definitivamente, encantada pelos ideais da equipe de São Januário. Frequentadora assídua dos jogos vascaínos, Dulce Rosalina, a exemplo do seu time de coração, foi pioneira ao tornar-se a primeira mulher a assumir a presidência de uma torcida de futebol, aos 22 anos, em 1956. Casou-se com o então jogador de futebol, Ponce León com quem teve os seus dois filhos.
A dama do Vasco decidiu deixar de trabalhar para não se privar da maior alegria de sua vida: o Vasco. Dedicando boa parte de sua energia à sua paixão, voltou a ser a marcar o seu nome ao introduzir nas arquibancadas cariocas a bateria, o concurso de torcida e o papel picado, que acarretou uma de suas histórias mais famosas.
Dulce e o seu filho Poncinho foram barrados na entrada do Maracanã e presos após chamarem um policial de flamenguista. Como era muito próxima aos jogadores e dirigentes, quando os vascaínos ficaram sabendo do ocorrido, informaram que o time só entraria em capo caso sua torcedora fosse solta. Pouco tempo depois, a dama do Vasco estava entre os seus semelhantes para ver e incentivar o Gigante da Colina em campo.
Por causa de sua entrega à equipe de São Januário, venceu o concurso de melhor torcedor do Brasil, realizada pela ‘Revista do Esporte’, no início da década de 60. No final do ano de 1968, a torcida organizada da qual era presidente fez uma caravana para São Paulo. Quando estava no final do percurso, um dos 30 ônibus sofreu um grave acidente com Dulce Rosalina a bordo. Ninguém morreu na ocasião, mas a dama do Vasco ficou afastada dos estádios por dois anos devido à fratura da clavícula e do braço, além do afundamento do crânio. Optou por não fazer a cirurgia, pois as cicatrizes, segundo ela, eram provas de sua dedicação à Cruz de Malta.
Em 1977, por causa de seu posicionamento político, abandonou a TOV para fundar a torcida RenoVascão. Após acompanhar o Vasco efusivamente onde estivesse por tantos anos, ficou afastada dos estádios devido a problemas de vista ao longo dos anos 90. Morreu no dia 19 de janeiro de 2004, comovendo a nação cruzmaltina e permanecendo em sua memória até hoje. Recebeu inúmeras homenagens. A principal delas foi virar o nome de uma rua próxima à sua casa, e de todos os vascaínos; São Januário.
Fonte: Site oficial do Vasco