O futebol feminino vem se tornando mais popular no Brasil a cada dia que passa. Apesar das inúmeras dificuldades que as jogadoras enfrentam, muitas meninas estão se dedicando desde cedo e lutando pelo sonho de se tornar uma profissional reconhecida, como são hoje as atacantes Cristiano e Marta.
Dentre as milhares de jovens que possuem esse objetivo está jovem Ana Clara, grande revelação da equipe do Vasco. Destaque da categoria sub-17, a carioca que reside na Tijuca fará parte do grupo da Seleção Brasileira que disputará nesse mês o Sul-Americano da categoria.
Em meio aos compromissos diários, como os estudos e os treinamentos, a meio-campista arrumou um tempo para conversar com a reportagem do SuperVasco.com. Fã de música eletrônica e viciada em praiaO resultado desse bate-papo você confere abaixo:
1- Quando você começou a jogar? Por qual motivo escolheu o futebol e não outro esporte mais popular, como o Volei?
"Eu sempre tive contato com o futebol na minha vida. Já fiz diversos esportes (natação hipismo e handebol) e sempre fiz escolhinha de futebol ao mesmo tempo. Foi aí que em 2010 falaram para a minha mãe me levar para fazer um teste no Vasco porque lá estavam com um projeto maneiro para o futebol feminino. Até então eu só tinha jogado com garotos. Eu gostei da idéia e minha mãe me levou para fazer o teste. Passei e desde então o futebol tem sido a minha vida. Tudo o que eu faço gira em torno disso, inclusive a faculdade que eu vou cursar agora, que é de educação física".
Então quer dizer que seus familiares sempre te apoiaram no futebol?
"Num primeiro momento não. A minha mãe teve uma conversa séria com um professor meu de escolhinha. Ele falou que era para ela investir em mim e que eu podia me tornar uma grande jogadora, mas isso dependeria do tipo de apoio que ela desse. Hoje em dia ela é muito agradecida a ele e eu tambám. Aliás, são 2 professores: Juan e Marcelo".
Quem sempre te apoiou além dos teus familiares? Quais as maiores dificuldades que você enfrentou?
"Meus técnicos e preparadores físicos principalmente. Mas a comissão sempre deu muito apoio, sempre conversa conosco. Ano passado nós fomos campeãs cariocas sem campo para treinar. Essa foi a nossa maior conquista com certeza. E mostramos pra todo mundo do que somos capazes. Hoje o Vasco tem uma parceria sólida com a Marinha e conseguimos local de treino".
Conta um pouco sobre tua trajetória no Vasco até agora.
"Sofri com várias lesões no começo de 2010. Entrei no Vasco em junho de 2010 e nesse ano fui vice-campeã carioca sub-17 e campeã da Copa Almirante sub-15, uma copinha organizada pelo Vasco. Em 2011 fui campeã na Taça Iguaçuana Adulta, na Taça Iguaçuana sub-17 e campeã carioca sub-17. Foi nesse momento que tive minha primeira convocação para a Seleção, em novembro. E agora comecei 2012 com mais uma convocação".
Fala um pouco sobre essa lesão. Já está superada?
"Já. Futebol é sinônimo de superação. Sem dor e sem lágrima não se chega em lugar algum; Foi um estiramento na coxa, mas eu treinava com dor mesmo até recuperar".
E essa trajetória na Seleção? Qual foi sua reação ao ser convocada pela primeira vez?
"Uma amiga me ligou para contar, mas não acreditei. Quando eu vi meu nome na lista pela internet, desabei em choro. Até cheguei atrasada no curso que eu fazia a noite porque comecei a ligar para minha familia toda (risos). Quando eu cheguei em casa foi só festa. Minha família comemorou muito comigo. Foi mais uma meta alcançada e eu devo muito a todos eles".
Ainda falando de Seleção, fala um pouco sobre tua trajetória nela. Como você se sente representando o país? Quais torneios você disputou?
"Me sinto honrada estando naquele grupo. É muita responsabilidade. Me sinto honrada estando naquele grupo, pois é um sonho realizado. Ainda não disputei nenhum campeonato, pois foram duas convocações para duas fases de treinamento".
O que você mais aprendeu durante esse período de treinamentos?
"Eu sinto que além de ter me superado na condição física e técnica, me relacionei com pessoas novas. Aprendi muito sobre a responsabilidade individual e de grupo todo. Também aprendi a ser muito mais paciente, a dar o meu melhor sempre porque uma hora, cedo ou tarde, a vida pode surpreender a gente e temos que estar preparados para o que vier"
Qual sua expectativa para o Sul-Americano?
"O nosso grupo é muito unido, em pouco tempo a gente conseguiu consolidar uma grande equipe, que com certeza tem um caminho vitorioso a trilhar. O carinho que nós sentimos uma pela outra e o apoio que a comissão sempre dá para nós é forte demais. A gente se empenha demais e fazemos tudo com alegria. Isso torna o trabalho muito gostoso e fez com que nós nos adaptássemos rapidamente. Então, a meu ver, esse grupo tem tudo para ser grandioso e vencedor. Seguramente vamos trazer a Taça de Bicampeão Sul-Americano para o Brasil".
Soube que você anima a concentratação tocando violão. Fala um pouco sobre essa paixão pela musica.
"Comecei a tocar sozinha. Fiz algumas aulas e parei, não queria mais me dedicar à musica. Faço isso por paixão e com vontade própria mesmo. Me divirto com meus amigos, porque sempre que eu toco abre uma rodinha para todo mundo cantar junto (risos)".
Fala um pouco sobre seu estilo de jogo. Que posição você joga? Quais são seus principais fundamenteos?
"No clube eu jogo de meia, mas na Seleçao me adaptei a jogar como volante. Jogo como uma volante que tem como a principal função de marcar. Mas saio bastante para jogar também para pegar rebote. Meus principais fundamentos são a rápida virada de jogo e lançamentos e o chute de longa e media distância".
O que representa o Vasco para você?
"Representa muito, pois foi o clube que me acolheu. É onde eu ganhei vários mestres que me ensinaram a ser responsável e me mostraram que nunca devo desistir do que eu quero. Tenho que persistir até quando tudo parece perdido. Minhas companheiras lá fazem meu dia ser mais divertido e alegre. Até mesmo por isso o treinamento flui com facilidade. O Vasco me dá o apoio que preciso e faz o meu maior, que é jogar futebol, se tornar realidade".
Quais são suas expectativas para 2012?
"Pretendo alcançar o Bicampeonato Carioca sub-17 e ser Bicampeã da Taça Iguaçuana sub-17 também. Pretendo lutar para que o futebol feminino no Vasco seja cada vez mais vencedor e grandioso em termos de reconhecimento, porque nós atletas e comissão nos esforçamos acima de todos os limites para sermos vencedores e conquistar cada vez mais objetivos".
Que mensagem você deixaria para o leitor do SuperVasco?
"Divulguem histórias sobre as jogadoras Brasil a fora. Tem muita menina que só precisa de um ponta pé para se revelar e chegar rapidamente ao ápice. Foi assim que aconteceu com muitas de nós, vale a pena dar apoio. Fico muito feliz com a oportunidade de contar sobre a minha curta carreira. Espero que familiares e amigos de meninas que joguem futebol a encoragem a seguir seus sonhos como fizeram comigo"
Fonte: Supervasco